terça-feira, 31 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1273 Dante conclui A divina comédia

Em um dos melhores épicos já escritos, um homem empreende uma jornada rumo ao inferno, ao purgatório e ao céu — uma peregrinação que vai do pecado à salvação. 


A história dessa jornada exerceu influência imensurável sobre seu idioma (o italiano) e sobre os leitores dos séculos que se seguiram.

A obra A divina comédia, de Dante Alighieri, é um longo poema alegórico dividido em três partes: o “Inferno” acompanha Dante em sua jornada através de nove círculos concéntricos no abismo do inferno, na qual ele é guiado pelo poeta romano Virgílio; o “Purgatório” descreve a jornada deles por uma montanha de nove camadas na qual as almas salvas trabalham com o objetivo de limpar seus pecados antes de poderem entrar no paraíso. 

A parte final, o “Paraíso”, trata sacra, todas as coisas são tratadas da perspectiva de Deus”.

Tomás entendia as limitações da razão. Ela é baseada somente no conhecimento sensorial e, conforme dizia, embora possa nos levar a acreditar em Deus, somente a revelação pode apresentar o Deus trino da Bíblia. 

Somente a revelação pode mostrar plenamente as origens e o destino do homem. 

Ao usar a revelação e as deduções lógicas baseadas nela, o homem pode construir uma teologia que explica a si mesmo e ao universo.

Os complexos argumentos da Suma teológica mostram a habilidade de Tomás de Aquino com relação ao desenvolvimento de um raciocínio bastante intrincado. 

Em um primeiro momento, houve bastante oposição às suas idéias. Muitas pessoas não aprovavam a ênfase que os escolásticos davam à razão. Não demorou muito, porém, para que essa e outras obras, como a Suma contra os gentíos — que já causara discussão anteriormente —, se tornassem parte de grande destaque da doutrina da igreja. 

No Concilio de Trento, o catolicismo usou as obras de Aquino quando dispôs suas forças contra o surgimento do protestantismo.

Embora ele tenha se tornado um dos teólogos, um dos mestres e um dos pregadores da igreja mais proeminente, Aquino continuava sendo um homem humilde. 

Três meses antes de sua morte, em 1274, anunciou que uma visão celestial lhe mostrara claramente que sua visão teológica “era simplesmente um monte de palha”. 

Ele desistiu de produzir obras teológicas, e a Suma teológica nunca foi concluída.

domingo, 29 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1273 Tomás de Aquino completa sua Suma teológica

O homem, cujo sistema teológico se tornaria o guia de sua igreja, era chamado de “boi mudo” por seus colegas em Colônia. 

Embora o apelido pudesse se adequar tanto ao seu porte corpulento e lerdo quanto à sua conduta bastante séria, de modo algum refletia a agilidade mental por trás da aparência.


Tomás de Aquino foi o maior teólogo da Idade Média. 

Nasceu em 1225, numa família de nobres abastados. 

Aos cinco anos, já era conhecido por sua piedade, e seus pais o enviaram para a escola de uma abadia. 

Aos catorze anos, foi para a Universidade de Nápoles, onde Tomás ficou tão impressionado com seu professor dominicano que decidiu tornar-se também monge dessa ordem.

A família de Tomás se esforçou bastante na tentativa de mudar sua decisão, chegando até mesmo ao extremo de seqüestrá-lo, e, além de tentá-lo, chegaram a confiná-lo por um ano; por fim, desistiram. Tomás foi para Paris a fim de estudar com Aberto Magno.

Naquela época, os filósofos não-cristãos atiçavam a mente dos pensadores cristãos. 

As obras de Aristóteles, do muçulmano Averróis e do judeu Maimônides foram traduzidas para o latim. 

Os estudiosos ficaram fascinados por esses filósofos que explicavam todo o universo sem qualquer referência às Escrituras do Novo Testamento.

Dando continuidade à tradição do escolasticismo, Tomás tentou reconciliar as correntes da teologia e da filosofia, aparentemente diferentes. 

Fazia distinção entre as duas, às quais se referia como razão e revelação, apesar de enfatizar que elas não se contradiziam, necessariamente. Ambas eram fontes de conhecimento, dizia ele, vindas de Deus, mas “na teologia sacra, todas as coisas são tratadas da perspectiva de Deus”.

Tomás entendia as limitações da razão. 

Ela é baseada somente no conhecimento sensorial e, conforme dizia, embora possa nos levar a acreditar em Deus, somente a revelação pode apresentar o Deus trino da Bíblia. 

Somente a revelação pode mostrar plenamente as origens e o destino do homem. 

Ao usar a revelação e as deduções lógicas baseadas nela, o homem pode construir uma teologia que explica a si mesmo e ao universo.

Os complexos argumentos da Suma teológica mostram a habilidade de Tomás de Aquino com relação ao desenvolvimento de um raciocínio bastante intrincado. 

Em um primeiro momento, houve bastante oposição às suas idéias. Muitas pessoas não aprovavam a ênfase que os escolásticos davam à razão. 

Não demorou muito, porém, para que essa e outras obras, como a Suma contra os gentíos — que já causara discussão anteriormente —, se tornassem parte de grande destaque da doutrina da igreja. 

No Concilio de Trento, o catolicismo usou as obras de Aquino quando dispôs suas forças contra o surgimento do protestantismo.

Embora ele tenha se tornado um dos teólogos, um dos mestres e um dos pregadores da igreja mais proeminente, Aquino continuava sendo um homem humilde. 

Três meses antes de sua morte, em 1274, anunciou que uma visão celestial lhe mostrara claramente que sua visão teológica “era simplesmente um monte de palha”. 

Ele desistiu de produzir obras teológicas, e a Suma teológica nunca foi concluída

sábado, 28 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1215 O IV Concilio de Latrão

O papa Inocêncio IV, que governou de 1198 a 1216, criou o mais poderoso papado da historia medieval. 

Esse homem influente e talentoso buscou trazer ordem e disciplina à igreja. 

Reformou e centralizou a administração eclesiástica, além de ter se envolvido nos casos políticos de sua época.


Inocêncio queria que o papado controlasse tanto as questões da igreja quanto os assuntos do Estado. 


Ao passo que os papas anteriores haviam atribuído a si mesmos a designação “Vigário de Pedro”, Inocêncio reivindicou o direito de ser chamado “Vigário de Cristo”. 

Ao afirmar que era o representante de Cristo na terra, declarou que o papa era um “mediador entre Deus e os homens, abaixo de Deus, mas acima dos homens”. 

Com grande vigor, assumiu as tarefas de seu ofício, quer excomungando príncipes rebeldes, quer expulsando hereges.

Em 1215, no IV Concilio de Latrão, a igreja adotou muitas das ideias de Inocêncio. Em sessões que chegaram a durar até três dias, foram estabelecidos centenas de decretos.

Como Inocêncio estava preocupado com o fato de que todo cristão batizado deveria mostrar alguma aparência de cristianismo, o concilio estabeleceu que, anualmente, toda pessoa deveria fazer uma confissão a um sacerdote e tomar parte na comunhão.

Nesse Concilio, a doutrina da transubstanciação tornou-se oficialmente parte da igreja. 

De maneira não oficial, a idéia de que o pão e o vinho da comunhão eram realmente o corpo e o sangue de Cristo já circulava havia vários anos. 

A igreja via a participação na comunhão como parte importantíssima da salvação. 

O fato de a comunhão ser negada a alguém, como no caso da excomunhão, representava um grande perigo para a alma. 

Ao ter acesso ao sangue e corpo de Cristo, o sacerdote desempenhava um papel vital na autoridade da igreja. 

A excomunhão exercia grande poder, porque negava às pessoas o acesso ao próprio Cristo.

Cônscio da ignorância de muitos sacerdotes, Inocêncio encorajou o Concilio a decretar que toda catedral deveria ter um professor de Teologia. 

Desse modo, alguém daria aos sacerdotes a instrução necessária.

Em anuência à visão de Inocêncio, referente à autoridade do papa, ou seja, sua crença de que somente havia uma igreja verdadeira e, portanto, apenas um repositório de verdade espiritual, estabeleceu um papado mais poderoso. 

Discordar da igreja não era mais uma questão de opinião; o here-ge colocava em risco tanto sua alma quanto a de outros. 
O Concilio deu ao Estado o direito de punir os here-ges e confiscar suas propriedades. 

As autoridades que não removessem o herege enfrentariam a excomunhão, e os que cooperassem com a igreja receberiam perdão completo.

Uma vez mais, a igreja enfrentou a questão da indicação secular das autoridades da igreja. 

Ela negava o direito aos governadores seculares de apontarem bispos em seus reinos. Somente o papa poderia colocar ou remover bispos, de acordo com o Concilio. 

Inocêncio já se recusara a aceitar o arcebispo de Cantuária, indicado pelo rei inglês John. 

Para forçar John a obedecer, o papa o excomungou. 

Diante da possibilidade de perder seu trono, o rei teimoso terminou por se submeter.

O Concilio também declarou que os judeus deveriam usar uma identificação especial. 

Os cristãos ficaram proibidos de fazer qualquer tipo de negócio com eles. 

Com o tempo, isso levaria à criação dos guetos.

Por meio desse e de outros decretos, Inocêncio criou uma instituição que teria influência dominante em toda a Europa até a época da Reforma.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1206 Francisco de Assis renuncia à riqueza

Na virada do século XII, ο futuro parecia brilhante para o jovem Francisco Bernardone. 

Filho de um rico comerciante da cidade de Assis, na Itália, Francisco podia olhar para o futuro, que lhe reservava uma vida de nobreza e de abundância.


A cidade de Assis guerreava contra Perúgia, cidade vizinha, de modo que Francisco se encaminhou para a batalha, resplandecente em sua armadura de cavaleiro com um elmo emplumado e uma lança ao seu lado. 

Capturado na batalha, foi mantido prisioneiro de guerra por um ano em Perúgia. 

Pouco depois de sua libertação, ficou bastante doente. 

Essas experiências fizeram com que ele questionasse o valor da riqueza que herdara.

Certa vez, enquanto cavalgava, ele viu um leproso na estrada. Francisco já sentira repugnância por esse tipo de mendigo e começou a galopar para deixá-lo para trás mais rapidamente, mas esse homem era diferente, pois tinha a face de Cristo. 
Tomado por um senso de devoção espiritual, Francisco desceu de seu cavalo e beijou o mendigo. Deu dinheiro ao homem e, colocando-o na garupa de seu cavalo, levou-o até seu destino.

Esse desejo de cuidar dos necessitados cresceu dentro de Francisco, embora seu pai zombasse dele. 

Em 1206, Francisco saiu de casa, renunciando à riqueza do pai, que terminou por deserdá-lo. 

O jovem se dedicou a uma vida de pobreza. 

Passou a dar comida e roupas a todos os que precisavam. 

Ele próprio se tornou um mendigo, pedindo aos ricos, sem qualquer vergonha, para partilhar com os que “não possuíam nada”.

Francisco começou a pregar em capelas desertas próximas de Assis. Seu evangelho simples de amor e de serviço produziu um séquito fiel. 

Para os que estavam dispostos a se juntar a ele na renúncia à riqueza, estabeleceu um conjunto de regras para a vida, as regras básicas da ordem franciscana. 

Ele e onze amigos caminharam até Roma para receber a aprovação papal para sua ordem.

Em 1218, havia pelo menos três mil seguidores de Francisco. Contudo, ele tocara em um ponto nevrálgico. 

A igreja já acumulara poder e riqueza. 

Na sociedade italiana, os ricos ficavam cada vez mais ricos, com as bênçãos da igreja, enquanto os pobres eram deixados à míngua. 

Francisco, no entanto, ofereceu um novo caminho de humildade, não contaminado pela ganância. Muitos devotos seguiram seu exemplo. 

Outras pessoas, que não estavam dispostas a fazer esses sacrifícios, admiravam os pregadores pobres e os apoiavam com ofertas.

Séculos mais tarde, Martinho Lu-tero criticaria severamente a tradição franciscana devido à sua ênfase nas boas obras — a salvação vem somente pela fé, diria ele. 

Contudo, de muitas maneiras, esses dois reformadores lutaram contra o mesmo inimigo: a igreja que se importava basicamente com a preservação de sua própria e que se esquecera do ensinamento simples das Escrituras.

Francisco morreu no auge da fama, em outubro de 1226. 

Foi canonizado dois anos depois. Suas últimas palavras foram: “Cumpri a minha missão; mas agora Cristo lhe ensinará qual é a sua”.

sábado, 21 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1173 Pedro Valdo funda o movimento valdense

Antes da Reforma, alguns grupos de cristãos se opuseram ao caminho que a Igreja Católica tomava. 

Um desses grupos foi o dos valdenses, fundado por um mercador francês que estava descontente com a igreja medieval.


Certo dia, Pedro Valdo ouviu um trovador viajante cantar sobre um jovem rico que deixara sua família, e, anos mais tarde, voltou para casa, mas estava tão malvestido e desnutrido que sua família não conseguiu reconhecê-lo. Somente no leito de morte revelou sua verdadeira identidade. 

Ele viveu entre os pobres e enfrentou a morte alegremente, feliz por se encontrar com o Deus que sorria para os menos favorecidos.

Profundamente tocado pela história, Valdo agiu rapidamente. Separou uma quantia de dinheiro suficiente para a esposa, colocou as duas filhas em um convento e doou o restante das posses aos pobres. 

Contratou dois sacerdotes para traduzir a Bíblia para o francês e começou a memorizar longas passagens bíblicas. 

A seguir, saiu para ensinar sobre Cristo ao povo.

Embora os monges e as freiras pregassem e ensinassem a pobreza e a autonegação — a despeito, muitas vezes, de sua incapacidade de manter esses votos — a igreja via isso como algo que apenas eles precisavam praticar. Poucos esperavam que a pessoa comum vivesse uma vida religiosa profunda.

Valdo e seus seguidores — que chamavam a si mesmos “pobres de Lião” — acreditavam que Jesus queria que seus ensinamentos fossem colocados em prática por todas as pessoas. 

Saindo de dois em dois, os valdenses visitavam os mercados, falavam com as pessoas e lhes ensinavam o Novo Testamento.

O contraste entre a igreja e esses pregadores ficou bem aparente para o arcebispo de Lião. 

Ele ordenou que parassem de fazer aquilo. 

Valdo citou o apóstolo Pedro: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!” (At 5.29). 

Embora o arcebispo tivesse excomungado Valdo, isso não o impediu nem tampouco o movimento que mantinha seu nome de prosseguir em suas atividades. 

Os valdenses apelaram ao papa Alexandre π. 

Embora estivesse ocupado com o πι Concilio de Latrão (1179), aqueles homens — que caminhavam “de dois em dois, descalços, vestidos com, roupas simples, que não possuíam nada e mantinham todas as coisas em comum, como os apóstolos” — impressionaram o papa. 

Contudo, pelo fato de serem leigos, o papa não podia permitir que pregassem sem a aprovação de um bispo; algo que, dificilmente, conseguiriam.

Fundamentados nas palavras de Atos, dos apóstolos, Valdo e seus seguidores continuaram a pregar e acabaram por ser excomungados pelo papa Lúcio II, em 1184.

Os valdenses não ensinavam heresias, a despeito das afirmações que a igreja fez contra eles. 

Eram ortodoxos, mas, pelo fato de estarem fora da estrutura da igreja, os seguidores de Valdo não puderam obter a aprovação da hierarquia eclesiástica. 

Na Idade Média, para os clérigos, qualquer pessoa que estivesse fora da igreja era considerada herege.

Muitos cristãos franceses e italianos, desanimados com a igreja que havia se mundanizado, voltaram-se para os valdenses, que ensinavam o sacerdócio de todos os crentes. 

Eles rejeitavam as relíquias, as peregrinações e as parafernálias, como a água benta, a vestimenta dos clérigos, os dias santos e outros dias de festa, assim como o purgatório. 

Para eles, a comunhão não precisaria ser celebrada todos os domingos; os pregadores valdenses falavam diretamente às pessoas e liam a Bíblia para elas em sua língua.

Em 1207, o papa Inocencio πι se dispôs a receber os valdenses de volta se eles se submetessem às autoridades da Igreja Católica. 

Muitos retornaram, mas outros não, e, em 1214, o papa os condenou como hereges e pediu sua supressão. 

A Inquisição fez o melhor que pôde para eliminá-los.

Apesar de tudo isso, os valdenses prosseguiram. 

Eles se espalharam por toda a Europa. 

Quando houve a Reforma, foram calorosamente recebidos pela maioria dos protestantes. Hoje em dia, eles se consideram protestantes também. 

Os valdenses são uma lembrança viva de que, a despeito dos momentos obscuros da história da igreja, novos movimentos para corrigir a direção sempre surgiram dentro dela mesma.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1150 Fundação das universidades de Paris e de Oxford


Fundação das universidades de Paris e de Oxford

O que acontece quando um aluno debate com seu professor de Teologia e sai vencedor? 


Na Idade Média, havia muitas possibilidades de ser rotulado de herege e expulso da escola. 

Foi exatamente o que aconteceu ao brilhante Pedro Abelardo. Como resultado parcial desse acontecimento, inventou-se a universidade.

Inicialmente, os mosteiros e as escolas das catedrais eram responsáveis pela educação superior. 

Essas escolas, no entanto, começaram a atrair professores de fora do clero, e esses mestres questionavam, com freqüência, o dogma oficial da igreja.

Foi isso o que aconteceu com Abelardo. 

Ele e alguns estudiosos deram início à “prática particular”, ensinando e vivendo dos honorários recebidos de alunos. 
Abelardo teve uma carreira bastante variada: fundou a própria escola em St. 

Denis, voltou a lecionar na catedral de Notre-Dame e, depois, passou a dar aulas particulares. 

Sua fama atraiu alunos à cidade de Paris, mas a igreja nunca confiou nele plenamente. 

Por fim, um grupo de professores, expulsos do claustro de Notre-Dame, fundou uma escola à margem esquerda do rio Sena.

Há algum debate quanto ao fato de se a primeira “universidade” foi fundada em Bolonha ou em Paris. 

O professor Ireneu fundou uma escola de Direito em Bolonha em 1088, entidade que recebeu o alvará de funcionamento do imperador Frederico Bar-barroxa, em 1159. 

Porém, o nome universidade teve sua origem em Paris. 

Nos tempos medievais, todas as ocupações eram muito bem organizadas. 

Logo, os professores e os alunos de entidades estabelecidas ao longo do rio Sena organizaram uma associação de classe chamada Universitas Societas Magistrorum et Scholarium [Sociedade Universal de Mestres e Alunos], sob a autoridade de um chanceler. 

Esse chanceler — ligado ao bispo de Paris, mas não de modo estreito — tinha a tarefa de conceder licenças de ensino.

Em 1200, Filipe II da França concedeu à “universidade” o status de órgão oficial. 

Como em Bolonha, os professores e os alunos recebiam alguns dos privilégios sociais do clero, embora fossem separados dele. 

O papa Inocencio III, que estudara em Paris, confirmou a situação da escola em 1208. 

Devido ao conflito com os bispos, referente ao controle do processo educacional, os membros da universidade fizeram uma greve entre 1229 e 1231. 

O papa Gregorio ix encerrou essa polêmica com a promessa de garantir à escola o direito de se autogovernar.

A Universidade de Paris tornou-se o centro do interesse do conhecimento da maior parte da Europa, pelo menos da porção ao norte dos Alpes. 

Ali foram desenvolvidas quatro “nações” de estudo, que eram fundamentadas na origem correspondente dos professores e dos alunos: francês, inglês/ alemão, normando e picardo (Países Baixos). 

Os alunos estrangeiros também precisavam de alojamento, que foram distribuídos conforme o procedimento adotado para a idéia das nações. 

Isso criou a base para as “faculdades” nas universidades. Paris também desenvolveu quatro campos de estudo: Artes, Medicina, Direito e Teologia.

Em 1167, mesmo antes de a Universidade de Paris alcançar sua condição de órgão oficial, Henrique II proibiu os ingleses de estudar em Paris. 

Um Studium Genérale foi estabelecido em Oxford. 

A liderança do chanceler foi oficialmente estabelecida em 1215.

O século XIII foi o apogeu da erudição. 

Paris, Oxford e Bolonha tornaram-se centros de teologia, filosofia e ciência. 

Esses eventos estabeleceram as tradições educacionais que duram até os dias atuais.

As universidades tornaram-se as incubadoras do Renascimento e da Reforma.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1115 Bernardo funda o mosteiro de Claraval

O monasticismo objetivava à piedade e à simplicidade. 

Durante certo período, cada movimento monástico buscou efetivamente essas boas intenções, mas, por fim, a frouxidão e o mundanismo tomaram conta, o que resultou no florescimento de uma nova ordem, em que encontrávamos maior devoção e simplicidade.

No final do século X, os beneditinos se tornaram presas dessas forças e careciam de uma reforma. 

De dentro de suas fileiras emergiu a ordem dos cistercienses, que buscavam voltar a uma vida mais simples de obras e de oração.

Bernardo, um dos maiores cistercienses, foi um homem que influenciou profundamente a igreja medieval. 

Convenceu trinta monges de sua ordem a segui-lo para um novo mosteiro que queria fundar na cidade de Claraval. 

Bernardo adotaria o nome daquela abadia e alcançaria o mundo cristão. 

Quando morreu, em 1153, ele já havia estabelecido cerca de 65 casas cistercienses, assim como encorajara as pessoas em sua fé, atormentara reis, elegera papas e pregara as Cruzadas.

Como seu objetivo era a busca por reforma moral e por piedade pessoal, Bernardo enfatizou a necessidade da experiência com Cristo e encorajou a autonegação e a sublimação de todos os cuidados mundanos a favor do amor a Deus. Sua ênfase levou a uma piedade maior e mais generalizada.

Na condição tanto de teólogo quanto de escritor inspirado, Bernardo disse que a teologia e o estudo da Bíblia deveriam “penetrar no coração em vez de explicar palavras”. 

De modo diferente dos escolásticos, que enfatizavam a racionalidade, Bernardo concentrava sua atenção na necessidade da vida transformada. 

Ele fez tudo o que estava ao seu alcance para silenciar os ensinamentos de homens como Pedro Abelardo, o mais perfeito exemplo de ceticismo da era medieval.

Embora Bernardo defendesse fortemente a ortodoxia, introduziu, na piedade medieval, uma grande ênfase em Maria. 

Ele negou a doutrina da imaculada conceição, acreditando que somente Cristo fora sem pecado. 

Porém, cristãos posteriores desenvolveriam suas idéias e terminaram por incorporá-las ao sistema de crenças da igreja.

Embora Bernardo tenha buscado uma vida simples, sua reputação de santo, escritor e pregador se espalhou muito além dos muros de seu mosteiro. 

Ele se envolveu na turbulenta política de seu tempo e chegou a decidir até mesmo entre dois postulantes rivais do papado. 

Foi também um vigoroso porta-voz da segunda Cruzada — a mais ineficiente de todas.

Em alguns momentos, esse homem, tão considerado, foi intolerante e teimoso. 

Teve sempre um perfil que era uma mistura de figura mística e pública, ele se manteve como batalhador pela verdade, um homem que poderia intervir em assuntos do mundo, mas que não se contaminava por ele. 

Bernardo de Claraval passou a outras pessoas seu objetivo apaixonado: a devoção total a Deus.

terça-feira, 17 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1095 O papa Urbano II lança a primeira Cruzada

Embora a maior parte da Europa do século XI fosse nominalmente cristã — todas as crianças eram batizadas; existia uma estrutura eclesiástica que que colocava cada cristão sob cuidado pastoral; os casamentos aconteciam na igreja; os que morriam recebiam os últimos ritos da igreja —, a Europa não se parecia muito com o Reino de Deus. 


Existiam conflitos constantes entre príncipes cristãos, e as guerras dos nobres desejos por mais terras causavam dificuldades às pessoas comuns.

A partir de 1088, um francês, que passou a ser conhecido por Urbano II, assumiu o cargo máximo da igreja. 

Seu papado foi marcado por disputas com o rei alemão Henrique IV — uma continuação, infrutífera, das políticas reformista de Gregorio VII novo papa não estava plenamente disposto a continuar essa batalha. 

Em vez disso, queria unir toda a cristandade. 

Quando o imperador Aleixo de Constantinopla apelou ao papa, pedindo ajuda para lutar contra os turcos muçulmanos, Urbano percebeu que um inimigo comum poderia ajudar a alcançar seu objetivo.

Pouco importava que o papa tivesse excomungado o patriarca de Constantinopla e que os católicos e os ortodoxos do Oriente não fizessem parte de uma única igreja. 

Urbano buscava obter o controle sobre o Oriente, enquanto encontrava distração para os príncipes briguentos do Ocidente.

Em 1095, Urbano convocou o Concilio de Clermont. 

Ali, ele pregou um sermão inspirador: “Uma horrível notícia está sendo propagada […] uma raça amaldiçoada e totalmente alienada de Deus […] invadiu as terras dos cristãos e os expulsou por meio da espada, da pilhagem e do fogo”. 

Ele fez o seguinte apelo: “Devemos retomar as terras dessa raça ímpia, subjugando-a a nós”.

“Deus vultl Deus vult!” [“Deus deseja isso!”], gritava a multidão. 

Ε esse se tornou o grito de guerra das Cruzadas.

A medida que os representantes do papa atravessavam a Europa, recrutando cavaleiros para ir à Palestina, recebiam entusiásticas reações dos guerreiros franceses e dos italianos. 

Muitos foram motivados por objetivos religiosos, mas, sem dúvida, outros se engajaram em função do ganho econômico e da aventura de recapturar os locais de peregrinação da Palestina, que haviam caído nas mãos dos muçulmanos.

Ε provável que os guerreiros se sentissem virtuosos ao assassinar um inimigo não-cristão. 

A matança dos infiéis que tomaram a Terra Santa cristã poderia parecer um ato de serviço a Deus.

Para encorajar as Cruzadas, Urbano e os outros papas, os que vieram depois dele, enfatizaram os “benefícios” espirituais da guerra contra os muçulmanos. 

Arrancando uma página do Alcorão, Urbano assegurou que os guerreiros que experimentassem essa penitência entrariam no céu diretamente — ou, pelo menos, teriam uma redução no tempo que passariam no purgatório.

Em seu caminho para a Terra Santa, os cruzados pararam em Constan-tinopla. 

O tempo que passaram ali mostrou uma coisa: a união entre o Oriente e o Ocidente continuava improvável. 

O imperador via os guerreiros vestidos de malhas de ferro como ameaça a seu trono. 

Quando os cruzados descobriram que Aleixo fizera tratados com os turcos, sentiram que esse “traidor” negara a primeira parte de sua missão: expulsar os turcos de Constantinopla.

Com provisões fornecidas pelo imperador, o exército se encaminhou para o sul e para o leste, capturando as cidades de Antioquia e Jerusalém. 

Depois da vitória na Terra Santa, houve um banho de sangue. “Não faça prisioneiro algum”, era a tática que os cruzados usavam. 

Um observador apaixonado escreveu que os soldados “cavalgavam com sangue chegando até a altura de suas rédeas”.

Depois de estabelecer o Reino Latino de Jerusalém e indicar Godofredo de Bouillon como seu governador, eles saíram da ofensiva para a defensiva. 

Começaram a construir novos castelos, alguns dos quais permanecem até hoje.

Nos anos que se seguiram, novas ordens religiosas com características militares e monásticas, foram formadas. 

A mais famosa foi a dos Cavaleiros Templarios e a dos Cavaleiros Hospitalarios. 

Embora essas ordens tivessem sido criadas originariamente para ajudar os cruzados, elas se tornaram organizações militares poderosas que agiam de maneira independente.

A primeira Cruzada seria a mais bem-sucedida. 

Embora esses esforços militares tivessem sido dramáticos e pitorescos, não conseguiram manter os muçulmanos à distância. 

Em 1291, as tropas muçulmanas capturaram a cidade de Acre, pondo um fim definitivo às Cruzadas.

Em muitos aspectos, as Cruzadas deixaram um legado negativo. 
Elas ameaçaram as relações entre as igrejas do Ocidente e do Oriente, e a brutalidade dos cruzados somente contribuiu para que seus inimigos se tornassem ainda mais fanáticos. 

Além disso, as lições que os cruzados aprenderam nos campos de batalha tornaram-se parte das estratégias para guerras futuras, promovidas contra outros cristãos.

A resposta ao chamado de Urbano incrementou grandemente o poder do papado. 

Ele conseguiu reunir um grande número de soldados que estavam dispostos a morrer por sua fé, um feito que nenhum príncipe poderia ignorar.

A luta pelo poder entre a igreja e o Estado ainda não havia acabado.

domingo, 15 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1093 Anselmo é escolhido arcebispo de Cantuária

Um dos maiores teólogos da Inglaterra nasceu na Itália e brigou com dois reis.

Anselmo nasceu nos Alpes italianos por volta de 1033. 


Ele não realizou o desejo de seu pai de entrar para a política, optando por viajar pela Europa durante vários anos. 

Como muitos jovens brilhantes e inquietos de seus dias, entrou para um mosteiro. 

Em Bec, na Normandia, sob a supervisão do notável professor Lanfranc, Anselmo daria início a uma carreira notável.

Em 1066, o duque da Normandia, Guilherme, o Conquistador, invadiu a Inglaterra. 

Nos anos que se seguiram, o novo rei trouxe muitos professores e clérigos normandos para a Inglaterra. 

Entre eles Lanfranc, que se tornou arcebispo de Cantuária, em 1070. Anselmo assumiu o lugar de seu mentor como abade de Bec.

Em 1093, Guilherme n, filho do conquistador, escolheu Anselmo para ser o arcebispo de Cantuária, mas esse movimento não melhorou as relações da igreja com o Estado. 

O rei, obstinado e agressivo, desejava o direito de indicar os clérigos de todo o reino. 

Anselmo, homem humilde que queria proteger a igreja, suas terras e seus bens das mãos de reis gananciosos, recusou-se a aceitar isso. 

Durante algum tempo, o arcebispo viveu exilado na Itália. 

Guilherme confiscou todos os recursos da igreja que iam para Cantuária.

Quando Guilherme morreu, seu irmão Henrique I ο sucedeu. 

Embora ele tenha pedido a Anselmo que retornasse, as batalhas entre a igreja e o Estado não terminaram. Henrique era tão mau quanto seu irmão, e Anselmo foi mais uma vez para o exílio.

Anselmo, durante o tempo que passou na Inglaterra, mostrou ser um pastor compassivo e administrador capaz. 

Quando foi exilado para o continente, ele se revelou um grande teólogo, pois foi ali que compôs sua maior obra.

Em Por que Deus se fez homem?, Anselmo lançou uma teoria sobre a maneira pela qual a morte de Cristo na cruz reconcilia o homem com Deus. 

Anselmo disse que Deus é o Senhor do cosmo, um ser cuja honra é ofendida pelo pecado humano. 

Embora deseje perdoar o homem com o objetivo de manter a ordem moral no universo, Deus não pode simplesmente “negligenciar” o pecado. 

Alguma satisfação deve ser dada, o que seja equivalente à ofensa. Uma vez que o pecado é coisa do homem, a justificação deve ser dada pelo homem. 

Contudo, o homem não pode atender à exigência de maneira adequada. Desse modo, Deus se torna homem, e aquele que cumpre as exigências é tanto Deus quanto homem: Cristo.

A idéia de Anselmo ficou conhecida como a teoria da satisfação da expiação e, provavelmente, ainda é a explicação teológica mais usada da obra expiatória de Cristo. 

Ela possui fontes bíblicas como “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens…” (2Co 5.19).

Anselmo foi um dos componentes do movimento chamado escolasticismo, formado por estudiosos cristãos que tentavam colocar a lógica a serviço da fé. 

Embora Anselmo conhecesse a Bíblia muito bem, estava disposto a testar o poder da lógica humana e, até mesmo, a colocar de lado a fé baseada na Bíblia para tentar provar suas doutrinas. 

Porém, a fé sempre foi fundamental. 

Na obra Proslogium, originariamente intitulada Fides quaerens intellectum [Fé que busca compreensão], 

Anselmo faz a famosa afirmação: “Creio para poder entender”. 

Ao declarar isso, ele queria dizer que todos os que buscam a verdade devem primeiramente ter fé, e não o oposto. 

Ele lançou o argumento ontológico para que acreditemos em Deus. 

De maneira resumida, disse que a razão humana exige a idéia de um Ser perfeito e que, portanto, esse Ser deve existir. 

Essa idéia fascina os filósofos e os teólogos de todas as eras.

sábado, 14 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1054 O cisma entre Oriente e Ocidente

As igrejas do Oriente e do Ocidente separaram-se no transcorrer de vários anos. O que um dia fora uma única igreja, paulatinamente se dividiu em duas identidades distintas.


Diferenças quanto a detalhes insignificantes ampliaram o conflito. O Oriente usava o grego, ao passo que o Ocidente utilizava o latim, graças à Vulgata e aos teólogos ocidentais que escreveram nessa língua. 

As formas de culto eram diferentes: o pão usado na comunhão, assim como a data para a Quaresma e a maneira pela qual a missa deveria ser celebrada eram também distintas. 

No Oriente, o clero podia se casar e usava barba. 

Os sacerdotes ocidentais não podiam se casar e apresentavam o rosto completamente barbeado.

As teologías eram diferentes. 

O Oriente se sentia desconfortável com a doutrina ocidental do purgatório. 

O Ocidente usava a palavra latina filíoque “e do Filho” no Credo niceno, depois de que a cláusula sobre o Espírito Santo estabeleceu que o Espírito “procede do Pai”. 

Para o Oriente, essa adição era heresia.

Diferenças que já existiam havia séculos explodiram devido a dois homens de temperamento obstinado. 

Em 1043, Miguel Cerulário tornou-se patriarca de Constantinopla. 

Em 1049, Leão IX tornou-se papa. 

Leão queria que Miguel — e, por meio dele, a igreja oriental — se submetesse a Roma. 

O papa enviou representantes a Constantinopla, mas Miguel se recusou a encontrar-se com eles. 

Desse modo, os representantes excomungaram Miguel em nome do papa. 
O patriarca respondeu fazendo o mesmo com os representantes do papa, excomungando-os.

Por meio de declarações recíprocas de que o outro não era verdadeiro cristão, os dois bispos criaram um cisma. 

Entretanto, não foram só eles que provocaram essa separação. 

As partes conflitantes tinham uma história de diferenças, que jazia na base desse desentendimento. 

O cisma foi o ato final que reconheceu essas distinções.

Como dizia o Credo, os dois lados acreditavam “na igreja una, santa, católica e apostólica”. 

Em 1089, o papa Urbano tentou fechar a ferida revogando a excomunhão do patriarca. 

Ele também promoveu a primeira Cruzada como meio de reunificar o Oriente e Ocidente, mas isso não deu certo.

Os séculos posteriores assistiram a tentativas de reunir as igrejas, mas nenhuma delas foi bem-sucedida. 

A curta “reunião” de 1204 aumentou a hostilidade. 

Em 1453, quando os turcos muçulmanos tomaram Constantinopla, alguns cristãos orientais afirmaram que preferiam os muçulmanos aos católicos. 

O cristianismo unido parecia impossível.

Embora a diferença entre as duas igrejas possa parecer algo que não se relaciona totalmente com o que é essencial, no coração da disputa estava a questão do poder. 

Em uma época que via a autoridade dos bispos como chave para a estabilidade da igreja, não poderia haver duas pessoas reivindicando a mesma autoridade. 

Por não chegarem a um acordo, o Oriente e o Ocidente começaram a trilhar caminhos separados.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1054 O cisma entre Oriente e Ocidente

As igrejas do Oriente e do Ocidente separaram-se no transcorrer de vários anos. O que um dia fora uma única igreja, paulatinamente se dividiu em duas identidades distintas.

Diferenças quanto a detalhes insignificantes ampliaram o conflito. O Oriente usava o grego, ao passo que o Ocidente utilizava o latim, graças à Vulgata e aos teólogos ocidentais que escreveram nessa língua. 

As formas de culto eram diferentes: o pão usado na comunhão, assim como a data para a Quaresma e a maneira pela qual a missa deveria ser celebrada eram também distintas. 

No Oriente, o clero podia se casar e usava barba. 

Os sacerdotes ocidentais não podiam se casar e apresentavam o rosto completamente barbeado.

As teologias eram diferentes. 

O Oriente se sentia desconfortável com a doutrina ocidental do purgatório. 

O Ocidente usava a palavra latina filíoque “e do Filho” no Credo niceno, depois de que a cláusula sobre o Espírito Santo estabeleceu que o Espírito “procede do Pai”. 

Para o Oriente, essa adição era heresia.

Diferenças que já existiam havia séculos explodiram devido a dois homens de temperamento obstinado. 

Em 1043, Miguel Cerulário tornou-se patriarca de Constantinopla. 

Em 1049, Leão IX tornou-se papa. 

Leão queria que Miguel — e, por meio dele, a igreja oriental — se submetesse a Roma. 

O papa enviou representantes a Constantinopla, mas Miguel se recusou a encontrar-se com eles. 

Desse modo, os representantes excomungaram Miguel em nome do papa. 
O patriarca respondeu fazendo o mesmo com os representantes do papa, excomungando-os.

Por meio de declarações recíprocas de que o outro não era verdadeiro cristão, os dois bispos criaram um cisma. 

Entretanto, não foram só eles que provocaram essa separação. 

As partes conflitantes tinham uma história de diferenças, que jazia na base desse desentendimento. 

O cisma foi o ato final que reconheceu essas distinções.

Como dizia o Credo, os dois lados acreditavam “na igreja una, santa, católica e apostólica”. 

Em 1089, o papa Urbano tentou fechar a ferida revogando a excomunhão do patriarca. 

Ele também promoveu a primeira Cruzada como meio de reunificar o Oriente e Ocidente, mas isso não deu certo.

Os séculos posteriores assistiram a tentativas de reunir as igrejas, mas nenhuma delas foi bem-sucedida. 

A curta “reunião” de 1204 aumentou a hostilidade. 

Em 1453, quando os turcos muçulmanos tomaram Constantinopla, alguns cristãos orientais afirmaram que preferiam os muçulmanos aos católicos. 

O cristianismo unido parecia impossível.

Embora a diferença entre as duas igrejas possa parecer algo que não se relaciona totalmente com o que é essencial, no coração da disputa estava a questão do poder. 

Em uma época que via a autoridade dos bispos como chave para a estabilidade da igreja, não poderia haver duas pessoas reivindicando a mesma autoridade. 

Por não chegarem a um acordo, o Oriente e o Ocidente começaram a trilhar caminhos separados.