domingo, 6 de novembro de 2022

QUANDO DEUS JULGA AS NAÇÕES*

TEXTO BASE JOEL 3.1-21

INTRODUÇÃO

Os homens sempre escarneceram da idéia do juízo.  

Neste capítulo final, Joel vai tratar do grande tema do livro: O Dia do Senhor. Como um fotógrafo, Joel utiliza uma lente de grande abertura para o quadro geral de 2.30-32. 

Então, no capítulo 3, ele usa uma lente de aproximação para observar mais de perto o Dia do Senhor, com sua mistura de juízo e graça.  

Esse dia será de glória para o povo de Deus e juízo inevitável para os ímpios. Será dia de luz para uns e trevas para outros. 

Aqueles que perseguiram e pisaram o povo de Deus enfrentarão a ira do Deus Todo-poderoso. Enquanto Deus mudará a sorte do seu povo (3.1), despejará o mal feito dos ímpios sobre sua própria cabeça (3.4,7).

O texto em tela pode ser sintetizado, segundo Warren Wiersbe, em quatro grandes tópicos: 

1) A corte – Nos últimos dias, Deus convocará as nações para a corte suprema e as julgará pelos pecados cometidos contra seu povo (3.1-8); 

2) A colheita – Deus chamará as nações para uma guerra santa e nessa peleja meterá a foice para ceifar os ímpios que estarão maduros para o juízo, ao mesmo tempo em que poupará seu povo gloriosamente (3.9-13); 

3) A tempestade – As nações sentirão a ira de Deus, mas ele cuidará do seu povo e o protegerá. (3.14-17); 

4) O jardim – O livro de Joel inicia com seca e fome, mas termina com a descrição de uma terra que jorra vinho e leite. 

Deus perdoará graciosamente seu povo e habitará com ele. Deus dará a seu povo um novo começo (3.18-21).  
Vejamos esses quatro pontos.

I.A CORTE - DEUS ENTRA EM JUÍZO COM OS ÍMPIOS (3.1-8)

Toda a ação está nas mãos de Deus. É ele quem muda a sorte do seu povo (3.1) e também quem convoca os ímpios para o juízo (3.2). 

Quem está assentado no trono é aquele que controla o universo. 

Os ímpios sempre pensaram que estavam no controle, mas no dia do juízo saberão que Deus é quem governa o mundo e o levará a juízo. 

David Hubbard diz que é impossível fazer o resgate derradeiro do povo de Deus sem que haja um dia de acerto de contas para seus inimigos que, tanto contribuíram para seu sofrimento.  

Antes do povo de Deus ser exaltado, seus inimigos serão fragorosamente derrotados. 

No tribunal de Cristo haverá livramento para uns e condenação para outros.

Algumas verdades devem ser destacadas:

1.A acusação é formalizada (3.2,3)

Deus não apenas convoca as nações para o juízo, mas também constitui o tribunal. 

Ele não apenas é o promotor de acusação, mas também o juiz que lavra a sentença. Quais são os pecados denunciados nesse tribunal?
Em primeiro lugar, os ímpios repartiram a terra do povo de Deus entre si (3.2). “... repartiram a minha terra entre si”. 

Aquela terra tinha sido dada por Deus ao seu povo, mas os invasores se apossaram dela e a repartiram entre si. Eles violaram o direito de posse. 

Eles transgrediram o oitavo mandamento: “Não furtarás” (Ex 20.15). 

Eles agiram com crueldade, saqueando bens e terras que não lhes pertencia. 

Em segundo lugar, os ímpios dispersaram o povo de Deus (3.2). “... Israel, a quem eles espalharam por entre os povos...”. O povo judeu não foi apenas privado da posse de sua terra, mas também expulso dela. 

Eles foram banidos e dispersos por entre os povos. 

Os judeus enfrentaram a crueldade da diáspora. Viveram o drama do cativeiro em terra estranha. 

Foram tratados como brutal desumanidade. Warren Wiersbe descreve esses fatos, assim:

Não há povo que tenha sofrido tanto nas mãos de outros homens como os judeus. 

O Faraó tentou afogar o povo de Israel, mas, em vez disso, seu próprio exército foi afogado por Deus. 

Balaão tentou amaldiçoar os hebreus, mas Deus transformou sua maldição numa bênção. 

Os assírios e babilônios capturaram os judeus e levaram-nos para o exílio, mas esses dois reinos poderosos não existem mais, enquanto os judeus ainda estão em nosso meio. 

Hamã tentou exterminar os judeus, mas ele e seus filhos acabaram enforcados. 

Nabucudonosor colocou três judeus numa fornalha de fogo, mas descobriu que Deus estava com eles e os livrou. 

O povo de Deus ao longo dos séculos tem sido perseguido pelo mundo. 

Os discípulos de Cristo foram perseguidos e tiveram que fugir de cidade em cidade. 

Os cristãos primitivos foram banidos e dispersos pelos antros da terra. 

Os cristãos foram espoliados de seus bens, presos, torturados e mortos com brutal crueldade. Porém, esses crimes jamais ficarão impunes.

Em terceiro lugar, os ímpios mercadejaram o povo de Deus (3.3,6). “Lançaram sortes sobre o meu povo, e deram meninos por meretrizes, e venderam meninas por vinho, que beberam”. 

Oscar Reed está certo quando diz que os inimigos de Israel não mostraram consideração pelos seus cativos.  

O povo de Deus foi tratado como mercadoria barata e vendido como escravo. 

Não apenas cometeram o grave pecado do tráfico humano, mas também praticaram um comércio aviltante, trocando meninos por meretrizes para sua diversão carnal e vendendo meninas por vinho, para se embebedarem. 

Os profetas Amós e Naum, de igual forma, condenaram severamente o tráfico de vidas humanas (Am 8.6; Na 3.10). Na verdade, pouca coisa irrita mais a Deus do que a desumanidade. Por preços irrisórios, pessoas foram permutadas como se fossem mercadorias (Am 2.6; 8.6) a troco de um momento de prazer, uma noite com meretrizes ou um odre de vinho. 

O profeta Joel denuncia o fato dos judeus terem sido vendidos aos gregos para os apartarem para longe da sua terra (3.6). 

Não apenas os venderam, mas os venderam com a intenção de que jamais pudessem retornar à sua terra. Venderam-nos com intenção maliciosa. 

O profeta Jeremias descreve essa mesma cena, falando sobre os babilônios: “vos alegrais e exultais, ó saqueadores da minha herança, saltais como bezerros na relva e rinchais como cavalos fogosos” (Jr 50.11). A. R. 
Crabtree está com a razão quando afirma que as injustiças praticadas contra o homem são pecados contra Deus. 
Aquele que despreza os direitos do homem mostra, ao mesmo tempo, o seu desprezo pela justiça divina e escárnio para com o Deus de amor. 

Em quarto lugar, os ímpios saquearam a Casa de Deus (3.5). “Visto que levastes a minha prata e o meu ouro...”. 
Os inimigos de Judá não apenas lotearam sua terra, dispersaram e venderam o povo como escravo, mas também roubaram e saquearam o seu templo, apropriando-se indebitamente de seu ouro e de sua prata (Dn 5.1-4).

Em quinto lugar, os ímpios profanaram a Casa de Deus (3.5). “... e as minhas jóias preciosas metestes nos vossos templos”. 

Os invasores não se contentaram em apenas roubar a Casa de Deus, mas também levaram esses tesouros do templo para seus templos pagãos, profanando, assim, esses objetos, o culto e o próprio Deus (Dn 1.2).

2.O juiz é apresentado (3.1-6)

Deus é o agente da ação o tempo todo. 

O Senhor dirigirá um tribunal de justiça para julgar as nações pelas injustiças que tinham praticado contra o seu povo, a sua herança.  

É Deus quem convoca as nações para o juízo. É Deus quem as denuncia, julga e condena. É Deus quem marca o tempo e o lugar do julgamento. É Deus quem formaliza a acusação, fundamenta o libelo acusatório e pronuncia a sentença. 

David Hubbard diz que o próprio Senhor fará uma acusação, na qualidade de promotor, e também dará o veredicto, na qualidade de juiz.  Vejamos alguns pontos importantes:

Em primeiro lugar, a tempo do julgamento é definido (3.1,2). “Eis que naqueles dias e naquele tempo, em que mudarei a sorte de Judá e de Jerusalém, congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em juízo contra elas...”. 

Nós não sabemos os tempos e as épocas, mas esse Dia está imutavelmente estabelecido na agenda e no propósito de Deus. Esse será o tempo do fim, será o grande dia do juízo, quando o Senhor Jesus, vindo na sua glória, assentar-se-á em seu trono e passará a julgar as nações (Mt 25.31-46). 

Em segundo lugar, o lugar do julgamento é definido (3.2). “... e as farei descer ao vale de Josafá...”. 

Embora o vale de Josafá seja um ponto geográfico específico, na cidade de Jerusalém, penso que a melhor interpretação é considerar esse lugar figuradamente. 

Esse é o único lugar na Bíblia que se menciona, o Vale de Josafá. Esse vale fica entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras, conhecido no Novo Testamento como o Vale de Cedrom.  Warren Wiersbe está correto quando diz que o nome “vale de Josafá” pode muito bem ser simbólico, uma vez que “Josafá” significa “o Senhor julga”.  Concordo com David Hubbard quando diz que a ênfase recai sobre o caráter legal do juízo, não sobre a localização geográfica.  

O lugar do juízo é cósmico. Ele apenas indica que aquele que está assentado no trono é o juiz de vivos e de mortos e que ninguém escapará do seu juízo. 

João Calvino, por sua vez, entende que a menção do vale de Josafá enfatiza mais o livramento do povo de Deus do que a condenação dos ímpios. 

Em terceiro lugar, a razão do julgamento é definida (3.2). “... ali entrarei em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança...”. O povo de Judá havia pecado contra Deus, mas ainda era o povo da aliança. 

Deus disciplina seu povo, mas não o rejeita. 

Os invasores agiram com crueldade e deixaram de aperceber que eles eram apenas a vara da disciplina de Deus para corrigir Judá.  

O profeta Joel deixa claro que Judá era o povo de Deus, a sua herança particular (Dt 32.9). 

Quem fere o povo de Deus, toca na menina dos olhos de Deus. 

A coisa mais importante para Deus no universo é o seu povo. 

3.O réu é condenado (3.4-8)

Todas as nações e todos os homens terão que comparecer perante o tribunal de Cristo (2Co 5.10). 

Deus já marcou o dia do juízo e constituiu um juiz que julgará a todos os homens (At 17.31). 

Nesse dia, grandes e pequenos, reis e vassalos, servos e chefes, doutores e analfabetos, religiosos e ateus terão que comparecer diante do grande trono branco (Ap 20.11-15). 

O juiz virá, então, com grande glória e poder e assentar-se-á em seu trono e passará a julgar as nações (Mt 25.31-46). 

Os livros serão abertos e os homens serão julgados segundo o que tiver escrito nesses livros (Ap 20.12). Suas palavras, suas obras, suas omissões e até seus pensamentos secretos os condenarão naquele tribunal. 

Nesse dia, os homens desmaiarão de terror. 

Aqueles que viveram despercebidos e os que zombaram de Deus e do seu Cristo se encherão de pavor e buscarão a morte, mas não a encontrarão. 

Ninguém nem mesmo nenhum lugar do universo poderá escondê-los da face daquele que está assentado no trono. 

Os poderosos deste mundo terão que enfrentar a ira do Cordeiro (Ap 6.12-17).

Algumas verdades solenes devem ser aqui destacadas:

Em primeiro lugar, a sentença é justa (3.4-8). “... farei sem demora cair sobre a vossa cabeça a vossa vingança...” (3.4,7,8). 

O mal feito contra o povo de Deus cairá sobre a cabeça dos malfeitores. 

Eles colherão exatamente o que semearam. Eles beberão o refluxo maldito do seu próprio fluxo venenoso. 

Eles sorverão o mesmo cálice que deram ao povo de Deus. 

Assim como eles venderam os filhos de Judá como mercadoria barata, trocando meninos por meretrizes e meninas por vinho, assim seus filhos também serão vendidos. 

O profeta diz em nome do Senhor: “Venderei vossos filhos e vossas filhas aos filhos de Judá, e estes, aos sabeus, a uma nação remota, porque o Senhor o disse” (3.8).

Em segundo lugar, a sentença é certa (3.7). “Eis que eu os suscitarei do lugar para onde os vendestes e farei cair a vossa vingança sobre a vossa própria cabeça”. Deus toma em suas mãos a vingança e reverte a situação. 
Traz os judeus dispersos e comercializados de volta à sua terra e dispersa os opressores. 

Aqueles que estavam no topo da pirâmide caem vertiginosamente para o abismo e os que estavam prostrados e humilhados são restaurados e levados a uma posição de honra. 

Em terceiro lugar, a sentença é rápida (3.4). “... farei, sem demora, cair sobre a vossa cabeça, a vossa vingança”. Naquele dia os recursos dos homens sucumbirão. 

O poder dos poderosos não poderá livrar-lhes. 

O dinheiro dos ricos não lhes servirá de garantia. 

A ruína dos ímpios será certa e a condenação deles rápida. 

Ninguém poderá livrá-los da ira do Cordeiro nem reverter sua sentença inexorável de condenação. 

Aqueles que escaparam da justiça dos homens, jamais escaparão da justiça divina. 

Aqueles que subornaram juízes e testemunhas e compraram sentenças favoráveis por dinheiro jamais se livrarão do justo e rápido juízo de Deus.

II. A COLHEITA – OS ÍMPIOS SE REÚNEM PARA O JUÍZO FINAL (3.9-13)

O próprio juiz está convocando as nações para uma guerra santa (3.9). Todos os valentes devem ser suscitados. 
Todos os recursos da terra devem ser reunidos. Todas as armas devem ser usadas. Todas as forças devem ser exploradas. 

Essa guerra é urgente, universal e medonha. 

Deus está desafiando todas as nações da terra que se levantaram contra ele e seu povo para essa peleja. 

Esse dia é visto pelo profeta como uma grande colheita. 

A Bíblia diz que a ceifa é a consumação do século e os ceifeiros serão os anjos (Mt 13.39; 24.31). 

O povo de Deus será recolhido como trigo para o celeiro (Mt 24.31;Ap 14.14-16), mas os ímpios serão ceifados como uvas maduras para a lagaragem, onde serão esmagados e pisados sob a justa ira de Deus (Ap 14.17-20.).

Algumas verdades precisam ser aqui destacadas:

1.A guerra santa é declarada (3.9-11)

Destacamos algumas lições importantes:

Em primeiro lugar, essa guerra é universal (3.9). “Proclamai isto entre as nações: Apregoai guerra santa e suscitai os valentes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra”. 

O próprio Deus é quem chama as nações para essa batalha. É a batalha final. 

É o Armagedom. Essa guerra é universal porque as nações todas são convocadas. 

Essa guerra é retumbante, porque todos os valentes e todos os homens de guerra são intimados. Todo arsenal da terra estará disponível nessa peleja. 

Essa guerra é santa porque nela o próprio Deus julgará o mundo com justiça. Essa guerra é santa porque nela Deus vingará a causa do seu povo. 

Essa guerra é santa porque nela o mal será finalmente desbancado e os inimigos de Deus e do seu povo serão derrotados completamente. Nessa guerra a única arma usada para derrotar os inimigos é a espada afiada que sai da boca do Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.15,16).

Em segundo lugar, essa guerra é encarniçada (3.10). “Forjai espadas das vossas relhas de arado e lanças, das vossas podadeiras...”. Os homens transformarão instrumentos de trabalho em armas de guerra. 

Eles se armarão até os dentes para essa peleja. 

Eles reunirão todos os seus esforços, todas as suas armas, todo o seu arsenal. J. J. Given diz que cada indivíduo nessa grande multidão pensará que sua missão é destruir o povo de Deus, a igreja do Deus Altíssimo, e vê a si mesmo comissionado para esse propósito. 

Em terceiro lugar, essa guerra é eletrizante (3.10b). “... diga o fraco: Eu sou forte”. 

Os homens não apenas se reunirão em grandes multidões, fortemente armados, mas, também, buscarão encorajamento dentro de si mesmos. Charles Feinberg diz que tão grande será o desejo de destruir o povo de Deus que até os fracos se imaginarão fortes.  

Os ímpios buscarão qualquer fio de esperança para triunfarem nessa batalha final. 

Eles se entusiasmarão com a possibilidade de uma vitória retumbante. 

Em quarto lugar, essa guerra é urgente (3.11). “Apressai-vos, e vinde, todos os povos em redor, e congregai-vos...”. 

Os povos virão de todos os recantos, de todos os lugares. Será uma guerra mundial. Será a batalha final. Será uma reunião urgente dos povos na mais fatídica e brutal batalha da história. 

2.O desafiante é apresentado (3.12)

Três verdades são aqui destacadas:

Em primeiro lugar, os desafiados são identificados (3.12). “Levantem-se as nações...”. 

A guerra santa é declara a todas as nações. Todos os povos da terra virão para esse combate. 

É uma batalha de cunho universal. Todos os ímpios fortalecerão seus braços para essa peleja. 

Em segundo lugar, o lugar da batalha é apontado (3.12). “... e sigam para o vale de Josafá...”. 

O vale de Josafá ou vale da Decisão (3.14) não é um lugar onde os ímpios se converterão a Deus, mas o lugar onde Deus despejará sua ira santa sobre os ímpios, impondo-lhes fragorosa derrota e eterna condenação. 

Naquele Deus tomará a decisão e não os ímpios. 

Em terceiro lugar, o desafiante é revelado (3.12). “... porque ali me assentarei para julgar todas as nações em redor”. 

O Deus a quem as nações afrontaram serão julgadas e condenadas. Aquele que julga com justiça é o mesmo que se assenta no trono. Ele é Rei. 

Ele é o soberano juiz do universo. Diante dele todos terão que comparecer para serem julgados segundo suas obras.

3.A condenação é aplicada (3.13)

Duas verdades são aqui apontadas:

Em primeiro lugar, o tempo da condenação é declarado (3.13). “Lançai a foice, porque está madura a seara...”. 

O cálice da ira de Deus está cheio. A medida da transgressão dos povos transbordou. A seara está madura para a ceifa. 

O juiz se assenta no trono e diz: “Basta, e nenhum dia a mais!”. 

Os homens pecam contra Deus e pensam que nada lhes acontecerá. 

Eles tentam a Deus e escapam. Mas, o cálice da ira de Deus está se enchendo. Nesse dia, Deus vindicará sua justiça. 

Nesse dia, a porta da graça se fechará e os homens terão que enfrentar a ira daquele que está no trono.

Em segundo lugar, a razão da condenação é exposta (3.13). “... vinde, pisai, porque o lagar está cheio, os seus compartimentos transbordam, porquanto a sua malícia é grande”. 

Os ímpios serão pisados como as uvas maduras num lagar. 

O dia do juízo é comparado como uma lagaragem, onde os ímpios serão esmagados por causa de sua grande malícia (Ap 14.17-20). 

Oscar Reed diz que aqui, a colheita madura e os tanques transbordantes indicam o grau de maldade pelo qual as nações serão julgadas. 

III. A TEMPESTADE – A CHEGADA DO DIA DO SENHOR (3.14-17)

O profeta Joel passa a descrever a solenidade do Dia do Senhor, o grande Dia do juízo. 

Nesse Dia, enquanto os ímpios serão condenados, o povo de Deus será liberto. 

Deus se apresentará como o terror dos ímpios e como o refúgio do seu povo. 

Vejamos essas duas verdades sublimes.

1.A condenação dos ímpios é inexorável (3.14-16a).

Algumas verdades solenes são aqui destacadas.

Em primeiro lugar, a condenação dos ímpios é abrangente (3.14). “Multidões, multidões no vale da Decisão! Porque o Dia do Senhor está perto, no vale da Decisão”. 

As nações todas serão congregadas ao vale da Decisão. 

Esse vale não é um ponto geográfico da terra, mas o lugar cósmico onde Deus pronunciará a sentença contra os ímpios. Esse será o grande Dia do Senhor.

Em segundo lugar, a condenação dos ímpios é inescapável (3.15). “O sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram seu esplendor”. 

Nesse dia, o universo inteiro estará de luto. 

Os astros não darão sua claridade. Toda a terra estará em trevas e em convulsão e, as colunas do universo serão abaladas. 

Não haverá lugar seguro onde os homens encontrem refúgio ou possam se esconder da ira daquele que se assenta no trono (Ap 6.12-17). 

Não somente o sol e a lua não darão sua claridade, num total eclipse, mas também as estrelas retirarão o seu resplendor. 

As luzes do céu serão ofuscadas pelo indizível fulgor da glória daquele que se assentará no trono para julgar.  
Matthew Henry diz que a glória e o brilho dos astros do firmamento serão eclipsados pelo brilho maior da glória do grande Juiz que aparecerá.  

A condenação dos ímpios será inescapável. 

David Hubbard faz uma importante observação: Os céus escurecidos apontam para a intensidade tremenda e a dimensão cósmica da atividade divina. Toda a criação – inclusive as fontes fidedignas de luz e referenciais de tempo e orientação – vacila diante disso. 

No versículo 16, a ênfase passa da prova visível para a evidência audível da intervenção de Deus. 

A voz que trouxe o universo à existência na criação tem o poder de abalá-lo. 

Em terceiro lugar, a condenação dos ímpios será terrível (3.16a). “O Senhor brama de Sião e se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tremerão...”. 

Deus se apresenta nesse tribunal como um leão que ruge. Nenhum valente poderá enfrentá-lo. Ele triunfará sobre seus inimigos. 

A Grande Babilônia será destruída (Ap 17.1; 18.2). 

O falso profeta será derrotado e o anticristo destruído pela manifestação da vinda de Cristo, e ambos, lançados no lago de fogo (Ap 19.20). 

O diabo, o patrono do pecado, será, também, lançado no lago de fogo (Ap 20.10). 

A morte e o inferno igualmente serão lançados no lago de fogo (Ap 20.14). 

E finalmente, os ímpios, ou seja, todos aqueles cujos nomes não forem encontrados no livro da vida, serão de igual forma condenados ao fogo eterno (Ap 20.15). 

Dionísio Pape está correto quando afirma que a crise da humanidade não se resolverá nem pela política internacional nem pelo progresso científico. 

O homem precisa buscar a Deus, o Deus de Joel, o Deus da Bíblia.  E segundo o profeta Isaías, deve buscá-lo enquanto se pode achar, e invocá-lo enquanto está perto (Is 55.6)

2.A libertação do povo de Deus é gloriosa (3.16b,17)

Três verdades são aqui ressaltadas:

Em primeiro lugar, Deus é o libertador do seu povo (3.16b). “... mas o Senhor será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel”. 

 O universo abalado e os terrores do julgamento serão sucedidos pelo reino que não se abalará, uma vez que Deus será a fortaleza do seu povo e habitará com seu povo, diz James Wolfendale.  

O dia do juízo será dia de glória para a igreja. 

Ao mesmo tempo em que os ímpios vão ouvir do justo e reto juiz: “Apartai-vos de mim malditos...” (Mt 25.41), a igreja ouvirá: “Vinde benditos de meu Pai...” (Mt 25.34). 

Os ímpios não prevalecerão na congregação dos justos, mas serão como a palha que o vento dispersa. 

O povo de Deus que foi odiado, perseguido, disperso e mercadejado será poupado, liberto e glorificado naquele grande Dia.

Em segundo lugar, Deus habitará com o seu povo (3.17). “Sabereis, assim, que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião, meu santo monte...”. Enquanto os ímpios serão banidos para sempre da face do Senhor (2Ts 1.9), os salvos desfrutarão da eterna presença do Senhor. 

Deus habitará com eles e eles serão povos de Deus (Ap 21.1-3). Nossa comunhão com Deus, então, será ininterrupta. 

O próprio Senhor será o santuário (Ap 21.22). 

Hoje ele habita em nós (1Co 6.19), então, nós habitaremos nele (Ap 21.22)


Em terceiro lugar, Deus santificará o seu povo (3.17). “... e Jerusalém será santa...”. 

Naquele Dia, receberemos um corpo novo, glorificado, semelhante ao corpo da glória de Cristo (Fp 3.21). 

Nenhuma contaminação entrará na nova Jerusalém (Ap 21.27). 

A igreja será bela por fora (Ap 21.9-11) e bela por dentro (Ap 21.19,20.). 

Ela resplandecerá a glória do Cordeiro e será apresentada a ele como noiva pura, santa e sem mácula (Ap 21.9-11).

Em quarto lugar, Deus protegerá o seu povo (3.17). “... estranhos não passarão mais por ela”. 

Os inimigos da igreja jamais poderão roubar essa glória da igreja. 

O céu é o nosso destino final e de lá jamais seremos banidos. 

O inimigo não estará no céu. O pecado não entrará no céu. 

O sofrimento não chegará ao céu. Desfrutaremos das glórias inefáveis da bem-aventurança eterna.

IV. O JARDIM – O MUNDO RESTAURADO DE DEUS (3.18-21)

Joel começa o seu livro fazendo uma descrição dramática da assolação da terra de Judá pela invasão dos gafanhotos, onde o Jardim do Éden foi transformado em deserto. 

Agora, na restauração de todas as coisas, ele vê os montes e outeiros, os lugares mais áridos da terra, se transformando em pomares frutuosos, em jardins engrinaldados de vida e beleza. 

Algumas verdades preciosas podem ser aqui destacadas.

1.Deus restaura a criação (3.18)

“E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; sairá uma fonte da Casa do Senhor e regará o vale de Sitim”. 

Em fascinante linguagem simbólica, Joel descreve o futuro glorioso do povo de Deus. 

Não apenas o povo de Deus será remido e glorificado, mas também a criação, que agora, geme sob o cativeiro da corrupção, será glorificada (Rm 8.21-25). 

Deus transformará não apenas nosso corpo de humilhação em corpo de glória, mas, também, renovará toda a obra da criação. Então, haverá novos céus e nova terra (Ap 21.1). 

2.Deus faz justiça a seu povo (3.19,20)

“O Egito se tornará em desolação, e Edom se fará um deserto abandonado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente, Judá, porém, será habitada para sempre, e Jerusalém, de geração em geração”. 

O Egito e Edom são aqui um símbolo de todas as nações hostis e de todos os inimigos do povo de Deus. 

Enquanto o povo de Deus é poupado, liberto e glorificado, os seus inimigos são desamparados. 

Enquanto o povo de Deus habitará seguro numa terra que jorra vinho e leite, seus inimigos viverão em total desolação. 

3.Deus purifica graciosamente o seu povo (3.21)

“Eu expiarei o sangue dos que não foram expiados...”. O povo de Deus é aquele cujos pecados foram expiados. 

O povo de Deus é aquele que foi lavado no sangue do Cordeiro. 

Eles não entrarão na Sião Celestial por seus méritos, mas pelos portais da graça. 

A igreja glorificada não é formada por esta ou aquela denominação, mas por todos aqueles que foram comprados e lavados no sangue de Jesus. 

O profeta Zacarias diz que “naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza” (Zc 13.1). 

O profeta Ezequiel descreve essa purificação: Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra. 

Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. 

Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis (Ez 36.24-27). 

Essa expressão, “eu expiarei o sangue dos que não foram expiados” é entendida, também, por alguns eruditos, como a aplicação da vingança justa de Deus contra os inimigos que perseguiram e mataram o povo de Deus (Ap 6.10,11).   

Calvino já entende que este texto fala acerca da purificação da maldade do próprio povo de Deus, a fim de que ele possa brilhar em sua presença. 

4.Deus habita eternamente com o seu povo (3.21b). 

“... porque o Senhor habitará em Sião”. O céu é o trono do grande Rei. É a Casa do Pai. É o paraíso. 

É o Jardim do Éden restaurado. É a Nova Jerusalém, a Cidade Santa, onde o Senhor habitará para sempre com o seu povo. 

David Hubbard chega mesmo a afirmar que a característica maior do Dia do Senhor não é a guerra que ele trava contra seus inimigos no vale da Decisão, nem o refrigério que dá a seu povo, mas sua presença renovada, restaurada e permanente com eles. 

A profecia de Joel começa com uma tragédia – a invasão dos gafanhotos - mas termina em triunfo, com o reinado do Rei dos reis e Senhor dos senhores. “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11.15). Aleluia!

Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado

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