quarta-feira, 27 de julho de 2022

OS GRANDES PERÍODOS DA HISTÓRIA DA IGREJA: A IGREJA IMPERIAL.(PARTE-III)

OS GRANDES PERÍODOS DA HISTÓRIA DA IGREJA:A IGREJA IMPERIAL.(PARTE-III)



TEXTO BASE ATOS 2:4

"E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem".


A IGREJA IMPERIAL

1ª DE CONSTANTINO, 313 AD ATÉ À QUEDA DE ROMA EM 476 AD.

No ano 305, quando Diocleciano abdicou o trono imperial, a religião cristã era terminantemente proibida, e aqueles que a professassem eram castigados com torturas e morte. Logo após a abdicação de Diocleciano, quatro aspirantes à coroa estavam em guerra.

Os dois rivais mais poderosos eram Majêncio e Constantino.

Constantino afirmou ter visto no céu uma cruz luminosa com os seguintes dizeres: "Por este sinal vencerás". 
Constantino ordenou que seus soldados empregassem para a batalha o símbolo que se conhece como " Labarum ", e que consistia na superposição de duas letras gregas, X e P.

Em batalha travada sobre a ponte Mílvio, Constantino venceu o exercito de Majêncio e este morreu afogado caindo nas águas do rio.

Após este vitoria Constantino fez aliança com Licínio e posteriormente com Maximino os outros dois pretendentes a coroa.

Em 323 AD, Constantino alcançou o posto supremo de Imperador, e o Cristianismo foi então favorecido.

Os templos das Igrejas foram restaurados e novamente abertos em toda parte.

Em muitos lugares os templos pagãos foram dedicados ao culto cristão.

Em todo o império os templos pagãos eram mantidos pelo Estado, mas, com, a conversão de Constantino, passaram a ser concedido às Igrejas e ao clero cristão.

O Domingo foi proclamado como dia de descanso e adoração.

Como se vê, do reconhecimento do Cristianismo como religião preferida surgiram alguns bons resultados, tanto para o povo como para a igreja:

1ª As perseguições acabaram

2° A crucificação foi abolida

3° Templos restaurados e muitos construídos

4° O infanticídio foi reprimido

5° As lutas de gladiadores foram proibidas

Apesar de os triunfos do Cristianismo haverem proporcionado boas coisas ao povo, contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia trazer, como de fato trouxe, maus resultados para a igreja.

6° As Igrejas eram mantidas pelo Estado e seus ministros privilegiados, não pagavam impostos, os julgamentos eram especiais.

7° Iniciou-se as perseguições aos pagãos, ocorrendo assim muitas conversões falsas.

8° Todos queriam ser membros da Igreja e quase todos eram aceitos.

Homens mundanos, ambiciosos e sem escrúpulos, todos desejavam postos na Igreja, para, assim obterem influência social e política.

9° Os cultos de adoração aumentaram em esplendor, é certo, porém eram menos espirituais e menos sinceros do que no passado.

10° Aos poucos as festas pagãs tiveram seus lugares na Igreja, porém com outros nomes. 

A adoração a Vênus e Diana foi substituída pela adoração a virgem Maria. As imagens dos mártires começaram a aparecer nos templos, como objeto de reverência.

No ano 363 AD todos os governadores professaram o Cristianismo e antes de findar o quarto século o Cristianismo, foi virtualmente estabelecido como religião do Império.

A Fundação de Constantinopla

O Imperador Constantino compreendeu que a cidade de Roma estava intimamente ligada à adoração pagã, cheia de templos e estátuas pagãs. Ele desejava uma capital sob os auspícios da nova religião.

Na nova capital, a igreja era honrada e considerada, não havia templos pagãos.

Logo depois da fundação da nova capital, deu-se a divisão do império.

As fronteiras eram tão grande que um imperador sozinho não podia defender seu vastíssimo território.

As Controvérsias

A Primeira Controvérsia Apareceu por causa da doutrina da Trindade.

O Presbítero Ario de Alexandria defendia a tese de que Jesus era superior aos homens porém inferior ao Pai, não admitia a existência eterna de Cristo. Seu principal opositor foi Atanásio também de Alexandria afirma a unidade de cristo com o Pai e sua divindade.

Constantino não teve êxito em resolver a questão por isso convocou o concílio de Nicéia em 325 AD onde a doutrina de Ário foi condenada.

A Controvérsia de Apolinário Apolinário era Bispo em Laodicéia quando declarou que a natureza divina tomou lugar da natureza humana de Cristo.

Este Heresia foi condenada no Concílio de Constantinopla em 381 AD.

A Controvérsia de Nestor Nestor era sacerdote em Antioquia quando se opôs a aplicação do termo " Mãe de Deus ", a Maria, afirmou que as duas natureza de Cristo agiam em harmonia.

No Concílio de Éfeso em 433 Nestor foi banido e suas obras foram queimadas e aprovado o termo " Mãe de Deus "
O Desenvolvimento do poder na Igreja Romana

Roma reclamava para si autoridade apostólica. 

A Igreja de Roma era a única que declara poder mencionar o nome de dois apóstolo como fundadores, isto é, Pedro e Paulo.

A organização da Igreja de Roma e bem assim seus dirigentes defendiam fortemente estas afirmações.

Neste ponto há um contraste notável entre Roma e Constantinopla. Roma havia feito os imperadores, ao passo que os imperadores fizeram Constantinopla.

Além disso Roma apresentava um Cristianismo prático. Nenhuma outra igreja a sobrepujava no cuidado para com os pobres, não somente com os seus membros , mas também entre os pagãos.

Foi assim que em todo o ocidente o bispo de Roma, começou a ser considerado como autoridade principal de toda a igreja.

Foi dessa forma que o Concílio Calcedônia, na Ásia Menor, no ano 451 AD, Roma ocupou o primeiro lugar e Constantinopla o segundo lugar.

O Cristianismo Vivo

O Cristianismo dessa época decadente ainda era vivo e ativo.

Devemos mencionar aqui alguns bispos e dirigentes da igreja nesse período que contribuíram para manter vivo o Cristianismo.

Atanásio ( 296 - 373 ) Foi ativo defensor da fé no início do período. Já vimos como ele se levantou e se destacou na controvérsia de Ário; foi escolhido bispo de Alexandria. Cinco vezes exilado por causa da fé, mas lutou fielmente até o fim.

Ambrósio ( 340 - 397 ) Foi eleito bispo enquanto ainda era leigo e nem mesmo batizado.

Converteu-se posteriormente, repreendeu o próprio imperador (Teodósio) por causa de um ato cruel e mais tarde o próprio imperador o tratou com alta distinção. Foi autor de vários livros.

João Crisóstomo ( 345 - 407 ) " Boca de ouro " em razão de sua eloqüência inigualável, foi o maior pregador desse período. Chegou a ser bispo em Constantinopla.

Entretanto, sua fidelidade, zelo reformador e coragem, não agradava à corte. Foi exilado e morreu no exílio.
Jerônimo ( 340 - 420 ) Foi o mais erudito de todos. Estudou literatura e oratória em Roma.

De seus numerosos escritos, o que teve maior influência foi a tradução da Bíblia para o latim, obra que ficou conhecida como Vulgata Latina, isto é, a Bíblia em linguagem comum, até hoje usada pela Igreja católica Romana.
Agostinho ( 354 - 430 ) O nome mais ilustre desse período, bispo em Hipona na África. 

Escritor de vários livros sobre o Cristianismo e sobre a própria vida. Porém a fama e a influência de Agostinho estão nos seus escritos sobre a teologia cristã, da qual ele foi o maior expositor, desde o tempo de Paulo.


III° CONTROVÉRSIAS TRINI-TÁRIAS E CRISTOLOGICAS

No fim do II Século e no III começam aparecer divergências de interpretação dentro da  própria Igreja.

As três grande linhas de interpretação posterior (Ásia Menor, Roma e Alexandria) já começaram aparecer nos pais apostólicos.

Movimentos gnósticos estão presentes em toda a Igreja no fim do II e início do III século.

Só foi possível contorná-los após a exclusão de seus grandes líderes. Com a ascensão de Constantino, conhecido como o "imperador cristão", o palco estava pronto para uma série de conflitos teológicos que duraria do IV até o VIII século.

Estas controvérsias começaram como discussão da relação de Jesus Cristo a Deus Pai e terminaram tentando explicar a relação entre as duas naturezas de Cristo.

As primeiras são chamadas de "trinitárias"; as últimas, "cristológicas".


O Concílio de Níceia

Este concílio reuniu 318 bispos por um período de 3 meses para resolver as diferenças entre Alexandre e  Ário. Segundo Ário, presbítero de Alexandria, somente Deus Pai seria eterno não gerado.

O Logos, o Cristo preexistente, seria mera criatura. Criado a partir do nada, nem sempre existiria.

O Cristo existiria num tempo anterior à nossa existência temporal, mas não era eterno.

Por outro lado estavam Alexandre e  o jovem Atanásio que afirmava que o Logos era eterno e era o próprio Deus que apareceu em Jesus.

Deus é Pai apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai estaria com o  Filho eternamente.

Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o Pai, o Pai eterno do Filho.

A cristologia de Ário foi rejeitada pelo concílio de Nicéia afirmando que a igreja acreditava em: "um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus; gerado do pai, unigênito da essência do Pai, Deus de Deus, Luz de  Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, consubstancial com o Pai, por quem todas as   coisas foram feitas no céu e na terra; o qual , por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e  encarnou e foi feito homem" "todos os que dizem que houve um tempo que ele não existiu, ou que não  existiu antes de ser feito, e que foi feito do nada ou de alguma outra substância ou coisa, ou que o Filho de  Deus é criado ou mutável, ou alterável, são condenados pela Igreja Católica".


Controvérsia Cristológica

A questão do relacionamento entre o Filho e o Pai foi resolvida em Nicéia.

Porém isto  gerou novos questionamentos, agora em torno do relacionamento entre as naturezas  humanas e divina de Cristo.

Em geral os teólogos ligados a Alexandria salientaram a  divindade de Cristo, enquanto que os relacionados a Antioquia, a sua humanidade, às  expensas de Sua deidade.

A controvérsia se iniciou no ensino de Paulo de Samosata, bispo de Antioquia.

Este ensinava o que se chama de adocionismo ou monarquismo  dinâmico. Jesus era um homem "energizado"pelo Espírito no batismo e assim exaltado à  dignidade divina.

Apolinário de Laodicéia foi o primeiro a negar formalmente que Jesus  teve uma alma racional. No seu lugar estava o divino Logos.

O Concílio de Calcedônia (451) definiu a cristologia afirmando que Jesus Cristo era: "perfeito em divindade e perfeito em humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, de alma racional e corpo, da mesma substância com o Pai segundo a divindade; e da mesma substância conosco segundo a humanidade, semelhante a nós em todos os    aspectos, sem pecado, gerado do Pai antes de todos os tempos segundo a divindade..."


IV° OS HISTORIADORES DA IGREJA

Eusébio de Cesaréia (260-340). Escreveu sua História Eclesiástica onde apresenta a história da Igreja desde seu início até 324.

A sua Crônica começa com Abraão e vai a 323.

Deu estrutura cronológica para toda a história medieval. Escreveu a Vida de Constantino onde louva o imperador.
 Foi acusado de ser  semi-ariano.

Socrates. Nasce em Constantinopla e escreveu a história da Igreja de 305 até 439.

É um autor não  crítico, ignorava a Igreja no oeste. Ele apresenta uma coleção inestimável de dados e documentos.

Sozomen. Foi criado em Gaza mas viveu em Constantinopla após 406. Apresenta a história de 323 a 439.

Foi educado para ser monge. Dá destaque ao monarquismo em detrimento de outros dados como a  verdadeira filosofia cristã. A biografia é a principal força de sua história.

Os "Teólogos" da Igreja

Atanásio(298-373) Assistiu o Concílio de Nicéia, mas aparentemente não foi um grande luminário lá.

Após a morte de Cirilo, Atanásio foi eleito bispo de Alexandria em 328. Durante seu bispado foi exilado 5  vezes por Constantino e seus sucessores.

Sua força se tornou tão grande, que os últimos dois mandatos do exílio não podiam ser cumpridos.

Nesse período a ortodoxia nicena já havia triunfado sobre o     arianismo. Sua vida pode ser dividida em 3 etapas:

Antes de Nicéia até 325; luta contra o arianismo 325-361 e período de vitória da ortodoxia, 361-373
João Crisóstomo (345-407). foi um grande expositor e orador.

Ao princípio advogou segundo seu treino   em direito.

Após seu batismo em 368 se tornou monge. Com a morte da sua mãe em 374 seguiu uma vida  extremamente ascética até 380. foi ordenado em 386 e se tornou patriarca de Constantinopla em 398.

Foi banido em 404 por ter denunciado as vestimenta extravagantes da imperatriz, bem como a colocação de uma estatueta dela em prata na Igreja ao lado de Santa Sofia.

Morreu no exílio em 407. Ainda existem 604 dos seus sermões.

A leitura destes sermões mostra a força da sua pregação sem o acréscimo da  personalidade de seu autor.
A grande maioria destes sermões versam sobre as epístolas de Paulo.

Procurava levar em consideração o contexto e aplicar aos dias dele o sentido literal do texto.

Teodoro de Mopsuéstia (350-428). Foi príncipe dos exegetas da antiguidade. em contraste com os   alexandrinos, ele com Crisóstomo procuravam proclamar o sentido natural do texto. 

Foi defensor, pelo   menos em parte, de Nestório. Defendeu insistentemente a integridade da humanidade de Cristo.

Basílio de Cesaréia (329-379) foi instalado na sé de Cesareia em 370. Logo em seguida começou uma série de negociações teológicas, primeiro com Atanásio e depois com o papa Dâmaso para promover a reunião das igrejas cismadas pela controvérsia sobre a Trindade. Graças a sua obra de organizador e legislador criou uma nova concepção da instituição monástica.

Colocou como ideal o quadro dos cristãos em Jerusalém (At: 2=4) e destacou daí a obediência ao superior.

Gregório de Nissa (331-395). Irmão mais novo de Basílio, foi um estudante da Bíblia e de Orígenes.

Foi   eleito bispo em 371. Tornou-se o defensor mais avançado do credo de Nicéia.

Foi o primeiro a procurar  estabelecer por considerações racionais a totalidade das doutrinas ortodoxas.

A filosofia se tornou uma auxiliadora da teologia. Embora divergiu de Orígenes, especialmente em cosmologia, na maior parte   aceitou o ensino deste no que podia acomodá-lo à fé explícita da Igreja.

Gregório de Nazianso (330-390). Foi eleito bispo em 372, junto com os dois anteriores, procurou  reconciliar as 2 proposições de Atanásio: a identidade de essência entre Pai e Filho com a distinção de  pessoalidade entre Pai e Filho. 

Os 2 Gregório também procuravam salvar a reputação de Orígenes para a ortodoxia.

Assim adotaram a doutrina de Orígenes que rezava que o Logos uniu-se com a natureza  sensível pela mediação de uma alma humana racional.

Acrescentaram que o Logos tomou todas as partes   da natureza humana em comunhão consigo e as permeava.

Jerônimo (347-419). Foi o autor da Vulgata que ele insistiu traduzir do grego (NT) e hebraico (AT), salvo os Salmos que já foram traduzidos da Setuaginta (LXX). 

Jerônimo introduziu dois outros elementos à   Igreja ocidental que tiveram grandes repercussões lá. Introduziu a vida ascética a Europa ocidental.

A importância disto só pode ser avaliada à luz da forma que a Igreja toma na Europa medieval. Introduzido
também Orígenes ao Oeste. Por causa de uma tradução tendenciosa por parte de Rufino, Jerônimo fez  uma tradução ao pé da letra de Orígenes.

Mais tarde ficou embaraçado de ter seu nome ligado a  Orígenes. Condenou a doutrina deste, mas sempre admirou seu estilo de escritor.

Além de suas traduções  da Bíblia e de Orígenes, Jerônimo é famoso por seus comentários nas Escrituras.

Seu primeiro (388) comentário foi sobre Eclesiástes, seguido no mesmo ano por Gálatas, Efésios e Tito.

Três anos depois publicou um sobre 5 dos profetas menores. De 397 até 419 completou os profetas menores, bem como Jonas, Daniel, Isaias, Ezequiel e Jeremias. E do NT apenas Mateus.

Ambrósio de Milão (340-397). Foi um grande administrador eclesiástico; pregador e teólogo.

Foi a   pregação de Ambrósio que trouxe Agostinho ao evangelho.

Era governador imperial da área ao redor de Milão quando o bispo da cidade morreu em 374.

O povo unanimemente queria que Ambrósio aceitasse ser bispo.

Crendo ser isto a vontade de Deus, renunciou ao seu cargo político, distribuiu seus bens aos  pobres e, após sua eleição, iniciou um estudo intensivo das Escrituras.

Foi um grande pregador apesar de  sua exposição ser desfigurada pela interpretação alegórica das Escrituras.

Resistiu ao imperador Teodósio, não permitindo-o participar da Ceia até que humilde e publicamente se arrependesse do  massacre dos tessalonicenses.

Aparentemente foi Ambrósio que introduziu o cantar de hinos na Igreja Ocidental.

Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado.

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