quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1910 – 1915 Publicação da obra Os fundamentos lança o movimento fundamentalista 1910 – 1915

Publicação da obra Os fundamentos lança o movimento fundamentalista


Lyman Stewart tinha um sonho. Ele também possuía muito dinheiro. 

O presidente da Union Oil Company estava preocupado com o crescimento do modernismo nas igrejas americanas. Alguma coisa deveria ser feita com relação a isso. 


As pessoas precisavam ser alertadas. 

O cristão comum tinha de ficar consciente da ameaça à fé tradicional. 

Talvez um livro, uma série de livros, um esforço maciço de informação. 

Stewart, entretanto, sabia que ele não era um erudito.

Certo dia, quando estava sentado na igreja, ouviu a mensagem de A. C. 

Dixon, pastor da Igreja Moody de Chicago. Esse era o homem que ele precisava. 

Depois do culto, Stewart conversou com Dixon sobre as idéias que nutria. “Isto é do Senhor”, disse Dixon. “Vamos orar a respeito.”

Esse foi o início de um empreendimento de publicações que deu o nome ao movimento fundamentalista, como também, talvez, tenha dado o seu foco. 

Dixon reuniu em torno de si um conjunto impressionante de líderes cristãos, formando a editora Tes-timony Publishing Company. 

Lyman Stewart obteve ajuda financeira de seu irmão, Milton. 

Juntos, eles investiram 300 mil dólares no projeto. 

Expositores bíblicos de destaque foram procurados para escrever artigos para uma série de livros de 125 páginas. 

Os artigos cobriam doutrinas básicas assim como questões do dia-a-dia, como o socialismo, a evolução e as finanças. 

Dixon editou os cinco primeiros livros e, depois, mudou-se para Londres. 

Louis Meyer editou os cinco seguintes antes de morrer. R. A. Torrey editou os dois últimos. 

Os irmãos Stewart não tiveram seus nomes mencionados nos doze livretos, pois se autodenominavam “dois cristãos leigos”.

Ao todo, foram publicados cerca de três milhões de exemplares em um espaço de seis anos, que foram distribuídos “a todos os pastores, evangelistas, missionários, alunos de teologia, superintendentes de escola dominical ou secretários das associações cristãs de moças e de moços” que eles pudessem encontrar. 

Um terço desses livretos foi enviado para fora do país, a maioria deles para a Inglaterra.

Não fica claro qual foi o impacto dos livros. 

Os fundamentos, como as apologias mais primitivas da igreja, provavelmente, contribuíram mais para unir e educar os que já concordavam com ele do que para convencer e converter seu público-alvo. 

O termo “fundamentalista” foi cunhado em 1920 por Curtis Lee Laws, editor batista, quando se referiu aos batistas conservadores que se apegavam aos “fundamentos” da fé.

Em retrospectiva, parece que o movimento fundamentalista sintetizava algumas tendências anteriores da igreja americana e se opunha fortemente a várias tendências da sociedade e da erudição liberal. 

É difícil ter uma idéia precisa sobre isso. 


O movimento foi social e teológico, alarmista e evangelístico, triunfalista e desesperador.

Comece com a tradição do avivamento, mais claramente exemplificada por Dwight L. Moody. 

Ela ensinava que os pontos principais da teologia não eram importantes, comparados à conversão das almas para o Reino de Deus.

Adicione a tradição Holiness, preocupada com a santidade e com fortes raízes no campo metodista, que se propagou, no final do século XIX, pelas Conferências Keswick. 

A retidão pessoal era considerada um resultado essencial de uma vida íntima com Jesus Cristo.

Junte a tudo isso um crescente sentimento milenarista. 

Com a aproximação do século XX, o sentimento de que o mundo poderia acabar rapidamente era cada vez maior. 

O passo rápido da revolução industrial fez com que muitas pessoas pensassem quais seriam as conseqüências de tudo aquilo que acontecia. 

As conferências proféticas foram abundantes no final do século XIX. 

Alguns cristãos, olhando de forma otimista para os feitos humanos, prediziam que o século XX seria o “século cristão”. 

Os pós-milenaristas sustentavam que os cristãos promoveriam uma era de justiça e de paz. 

No entanto, os levantes sociais da época também fomentavam o pré-milenarismo, especialmente visto da perspectiva do dispensacionalismo de J. N. Darby. 

Muitos adotaram a idéia de que o mundo ficaria cada vez pior até que Cristo viesse para pôr fim a tudo.

A revolução industrial pode ter misturado todos esses ingredientes, mas o verdadeiro catalisador foi o “modernismo”. 

Seu principal componente foi a teoria da evolução de Charles Darwin. 

Por toda a história da ciência, pelo menos desde a Inquisição, sempre houve uma espécie de acordo de cavalheiros entre a igreja e os laboratórios. 

Todos assumiam que a verdade científica seria compatível à verdade religiosa. 

Agora, de repente, Darwin publicara descrições sobre a evolução das espécies e, portanto, da origem da humanidade, de uma maneira que não estava de acordo com os ensinamentos da igreja. 

Além do mais, essas idéias obtinham aceitação no mundo acadêmico.

Enquanto isso, entre os filósofos e os teólogos, principalmente na Alemanha, novas idéias sobre Deus e a Bíblia fervilhavam. 

Essas teorias minavam a posição absolutista que a igreja assumira por vários séculos.

Elas questionavam a autoridade da Bíblia e a identidade de Cristo, aceitas até aquele momento. 

Além disso, essas idéias estavam sendo aceitas por alguns seminários, o que era bem alarmante.

Esses acadêmicos e clérigos ensinavam às pessoas comuns que era tolice acreditar na Bíblia e que era aceitável crer na evolução. 

Os cristãos conservadores lançaram um contragolpe. Em 1895, a Conferência Bíblica do Niágara reafirmou cinco pontos “essenciais” da fé cristã: 

1) a inerrância das Escrituras; 2) o nascimento virginal e a deidade de Cristo; 3) a morte viçaria de Cristo; 
4) a ressurreição física de Cristo; e 5) o retorno corpóreo de Cristo. 

Essas verdades foram amplamente aceitas nas igrejas conservadoras.

Entretanto, ainda havia pouca coesão em torno do fundamentalismo. 

Você poderia reunir alguma oposição à teoria de Darwin, mas quando começava a bombardear as idéias de Immanuel Kant e de Friedrich Schleiermacher, certamente perderia alguns partidários. 

Alguns imaginavam que essas teorias simplesmente desapareceriam. 

Outros pensavam que era melhor concentrar-se no evangelismo e em missões (a igreja ainda estava em meio ao apogeu da consciência missionária).

Os fundamentalistas entraram em ação só depois da Primeira Guerra Mundial. 

Antes de os EUA entrarem na guerra, a maioria dos cristãos, assim como a maioria dos americanos, era contrária a ela. 

Na verdade, em seus primeiros estágios, os cristãos conservadores foram acusados verbalmente pelos cristãos liberais de não serem patriotas, pois não apoiavam os esforços de guerra. (A oposição de alguns desses conservadores veio do pacifismo bíblico, e a de outros, do desejo de se “separar” do mundo.)

Contudo, à medida que as atrocidades dos alemães eram noticiadas — e, provavelmente, exageradas —, os pregadores fundamentalistas se aproveitaram da conexão óbvia: 

a Alemanha era o berço da filosofia modernista! Portanto, essa filosofia só levaria a isso: brutalidade, barbarismo e destruição.

De repente, o futuro do mundo estava em jogo. 

O movimento fundamentalista começou, realmente, a caminhar depois da guerra. 

A Associação Fundamentalista Cristã Mundial, liderada por William B. Riley, foi formada em 1919 com o objetivo de advertir sobre como o modernismo era perigoso para a sociedade americana. 

Pregadores como Billy Sunday e John Roach Straton começaram a denunciar publicamente as calamidades sociais que estavam em alta na sociedade pós-guerra. 

Trabalhando como reavivalistas, propagaram a tradição da santidade. Afirmavam que aquela grande nação descambaria para o barbarismo, a não ser que o povo se voltasse para as verdades de Deus.

Os fundamentalistas ganharam terreno nos cinco anos seguintes. 

Nas principais denominações protestantes, especialmente entre os batistas e os presbiterianos do norte, as forças fundamentalistas tentaram voltar às bases cristãs elementares. 

Credos, afirmações doutrinárias, requisitos para os missionários e investigações de seminários faziam parte de sua agenda. 

Eles tiveram pouco sucesso. Na maioria dos casos, o resultado foi a divisão denominacional.

A batalha épica ocorreu não em uma convenção eclesiástica, mas no tribunal da cidade de Dayton, no Tennessee, no famoso julgamento de Scopes. 

Os olhos da nação americana se voltaram para dois advogados célebres: William Jennings Bryan a favor dos fundamentalistas e Clarence Darrow a favor do professor evolucionista. 

Bryan ganhou a batalha, mas perdeu a guerra. 

Scopes foi considerado culpado — apesar de posteriormente o veredicto ser revertido —, mas Darrow deixou Bryan com má fama. 

E possível que a opinião pública já tivesse se voltado contra os fundamentalistas, mas isso terminou por selar sua posição. 

Eles ficaram conhecidos como os zelotes, matutos fanáticos e ignorantes, e todos zombavam deles.

Depois de 1925, o fundamentalismo recuou, e fechou-se, separou-se do mundo aguardando a volta de Cristo, como também passou a estudar a Palavra de Deus inerente. 

Sobreviveu como subcultura isolada, dando crescimento ao movimento evangélico de 1940 e produzindo o ressurgimento do neofundamentalismo por volta de 1980.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Esboço Bíblico Expositivo: 7 Maneiras Como a Teologia Bíblica Transforma o Estudo Bíblico.

Texto-base principal: 2 Timóteo 3:14-17; textos de apoio sugeridos para cada maneira indicados abaixo.

Introdução

Ideia central: Teologia bíblica é ler a Bíblia como uma história unificada que culmina em Cristo; ela conecta partes ao todo, autor humano ao Autor divino, doutrina à vida, levando da interpretação à transformação.📖🧠  

Propósito: Apresentar sete maneiras práticas pelas quais a teologia bíblica aprofunda o estudo bíblico, unindo cabeça, coração e mãos em uma caminhada fiel e frutífera.🎯



🎓 Formado em Teologia Cristã – FATEC (Faculdade Teológica Cristocêntrica)

⛪ Ministro do Evangelho há mais de 20 anos

📧 Contato: [perolasdesabedorianunes@gmail.com](mailto:perolasdesabedorianunes@gmail.com)

🤝 Nos laços do Calvário que nos unem,
✝️ Pr. João Nunes Machado

Contextualização histórica

2 Timóteo 3: Paulo, no fim da vida e sob oposição, exorta Timóteo a permanecer na Escritura que é inspirada e útil, base para uma fé robusta e um ministério fiel.⛓️✍️  

Igreja primitiva: comunidades cercadas por filosofias, cultos e pressões; a leitura cristocêntrica da Escritura orientava a proclamação, a catequese e a perseverança.🏛️⚔️

Contexto cultural

Pluralidade de vozes: ontem e hoje, muitas narrativas disputam sentido; a teologia bíblica dá o enredo de Deus e guarda o centro em Cristo, evitando leituras fragmentadas.🏺🗣️  

Tradição formativa: famílias e igrejas transmitiam as “Sagradas Letras” desde cedo, gerando convicções que resistem a modismos.👨‍👩‍👦📜

Dramática bíblica (criaçãoquedaredençãoconsumação)

Criação: Deus fala e cria; a Palavra dá forma à vida.🌍🗣️  

Queda: distorção da Palavra gera desordem; precisamos de revelação e leitura fiel.🐍⚠️  

Redenção: Cristo cumpre as promessas; toda Escritura encontra seu sentido nele.✝️📖  

Consumação: a igreja madura antecipa o Reino com fé, amor e boas obras.👑👣

Ilustração

Mapa e enredo: ler textos isolados é como olhar só para ruas no mapa; a teologia bíblica revela a cidade inteira e o destino (Cristo), para então orientar cada rota diária.🗺️🏙️

As 7 maneiras

1) Centraliza tudo em Cristo – do moralismo ao evangelho

Ideia: A teologia bíblica mostra que cada passagem se relaciona com a pessoa e a obra de Cristo, evitando moralismo e “textos-prova”. ✝️  

Texto apoio: Lucas 24:27; João 5:39.  

Prática: ao estudar, perguntar “como esta passagem aponta para Cristo?” e “quais indicativos do evangelho fundamentam os imperativos?”

2) Conecta as partes ao todo – unidade da história

Ideia: Em vez de tópicos desconexos, enxerga-se o enredo do Reino, Promessa, Aliança, Templo, Sacrifício e Nova Criação. 🧩  

Texto apoio: Gálatas 3:8; Hebreus 1:1-2.  

Prática: traçar “linhas temáticas” de Gênesis a Apocalipse para ver desenvolvimento e cumprimento em Cristo.

3) Forma leitura canônica e contextual – sentido no lugar certo

Ideia: Cada texto é lido no seu contexto literário, histórico e no contexto canônico, reduzindo anacronismos e aplicações apressadas. 📚  

Texto apoio: 2 Timóteo 3:14-17.  

Prática: três círculos de contexto: perícope, livro, cânon; então formular doutrina e aplicação.

4) Reordena perguntas – do que quero ao que Deus revelou

Ideia: A Bíblia nem sempre responde às perguntas que levamos; ela nos ensina a fazer as perguntas certas sobre Deus, o povo e a missão.❓➡️❗ 
 
Texto apoio: Romanos 11:33-36.  

Prática: antes de aplicar, identificar “qual problema teológico este texto resolve?” e “qual visão de Deus ele amplia?”

5) Alinha indicativos e imperativos – graça que conduz à obediência

Ideia: Primeiro o que Deus fez (indicativos), depois o que fazemos (imperativos); obediência nasce da graça, não do legalismo.⚖️  

Texto apoio: Efésios 2:8-10; Tito 2:11-14.  

Prática: anotar indicativos do evangelho antes de listar deveres; transformar gratidão em santidade.

6) Protege a igreja e orienta a missão – doutrina que guarda e envia

Ideia: Uma leitura da grande história protege de falsos enredos e sustenta adoração, discipulado e missão integrais.⛪🌍  

Texto apoio: 1 Timóteo 1:3-5; 1 Pedro 2:9-12.  

Prática: ligar o texto à identidade e vocação do povo de Deus “de Abraão a Cristo e à igreja”.

7) Aprofunda afeição e esperança – cabeça, coração e mãos

Ideia: Ver a beleza do plano de Deus acende amor por Cristo e perseverança; não só informa, transforma afeições e práticas.❤️🔥  

Texto apoio: Salmo 19:7-11; 2 Coríntios 3:18.  

Prática: incluir no estudo momento de adoração-resposta, confessione e “boa obra” concreta da semana.

Análise de 2 Timóteo 3:14-17 

v.14 “Permanece no que aprendeste e foste inteirado”👣🧠  

Permanecer: perseverança ativa nas convicções bíblicas.  

Inteirado: conhecimento que vira certeza pastoral.  

v.15 “Desde a infância… sábias para a salvação pela fé em Cristo”👶📖✝️ 
 
Formação intergeracional: casa como primeiro seminário.  

Cristocentrismo: sabedoria bíblica leva a Cristo, não ao moralismo.  

v.16 “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil…”🌬️📚  

Inspiração: autoridade divina mediada por autores humanos.  

Utilidade quádrupla: doutrina, diagnóstico, restauração, treino.  

v.17 “Homem de Deus… apto e plenamente preparado”🛡️🧰  

Finalidade: maturidade prática para vocações e serviço.  

Boas obras: fruto da Palavra compreendida e obedecida.

Ferramentas simples para praticar as 7 maneiras

Três perguntas canônicas: onde isto está no enredo? como aponta para Cristo? como forma a igreja hoje?🧭  

Método 4 perguntas por texto: o que crer? que erro abandonar? que ajuste fazer? que prática treinar?🔄  

Passos devocionais: resumir em 1–2 frases, orar o texto, planejar uma boa obra concreta.✍️🙏👣

Plano de estudo 7×7 (uma semana temática)

Dia 1: Cristo ao centro (Lucas 24:27)  

Dia 2: Partes e todo (Gênesis 12:1-3 → Gálatas 3:8)  

Dia 3: Leitura canônica (Salmo 1 → Mateus 5)  

Dia 4: Perguntas certas (Romanos 11:33-36)  

Dia 5: Indicativos e imperativos (Efésios 2:1-10)  

Dia 6: Igreja e missão (1 Pedro 2:9-12)  

Dia 7: Afeição e esperança (Salmo 19:7-11; 2 Coríntios 3:18)

Conclusão:

A teologia bíblica transforma o estudo porque mostra Cristo no centro, une a Bíblia inteira, reordena perguntas, alinha graça e obediência, protege a igreja, sustenta missão e inflama o coração para perseverar e servir. 🌿

Apelo e oração

Decisões: escolher um tema bíblico e traçar seu fio vermelho até Cristo; estudar em comunidade; praticar uma boa obra nesta semana como resposta.📅🤝  

Oração: Senhor, abre nossos olhos para a tua grande história; dá-nos entendimento e amor por Cristo, para vivermos a tua Palavra com fidelidade e alegria. Amém.🙏

📜RECOMENDAÇÕES DE USO:

Este material pode ser usado gratuitamente por:

🎓 Alunos e professores de Escolas Teológicas e EBD
🙌 Pregadores e líderes em cultos, congressos, seminários e células
🏠 Estudos bíblicos e devocionais pessoais

📌 É permitido copiar, adaptar e compartilhar, desde que citada a fonte:
✝️ Esboço Bíblico Expositivo – Pr. João Nunes Machado




Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1906 O avivamento da rua Azusa dá início ao pentecostalismo 

“Com gritos estranhos e pronunciando coisas que aparentemente nenhum mortal em seu juízo normal pudesse entender, teve início, em Los Angeles, a mais recente seita religiosa.”


Foi isso o que disse a edição de 18 de abril de 1906 do Los Angeles Times. 

‘As reuniões acontecem em um prédio decadente da rua Azusa, e os devotos de doutrinas estranhas praticam os ritos mais fanáticos, pregam as mais extravagantes teorias e se colocam em um estado de louca euforia quando se entregam ao fervor pessoal.”

A publicidade negativa realmente ajudou a trazer mais pessoas. Alguma coisa sobrenatural acontecia naquele prédio antigo. 

William J. Seymour, pregador batista negro, recém-chegado de Houston, chamava os crentes a dar um passo a mais. 
Na verdade, dois passos: ele queria que eles se “santificassem” e que fossem “batizados no Espírito Santo”. 

O batismo, dizia ele, seria acompanhado pelo falar em línguas.

Houve outras irrupções do falar em línguas ao redor dos EUA e da Europa nos anos anteriores, mas o acontecimento da rua Azusa foi a grande explosão. 

As reuniões continuaram naquele “prédio decadente” por vários anos. Muitas pessoas viajaram para lá simplesmente para ver o que estava acontecendo.

O mundo estava pronto para o avivamento. 

O final do século XIX assistiu à grande revolução industrial. 

As pessoas se tornavam engrenagens da máquina social. 

A lacuna entre os ricos e os pobres aumentava. Infelizmente, a igreja, com freqüência, pendia mais para os ricos. 

Até mesmo  grupos “comuns” e tradicionais, como os batistas e os metodistas, enfatizavam mais os bens materiais do que a energia espiritual. 

Graças aos precursores avivalistas, como Finney e Moody, as igrejas estavam cheias. 

Porém, muitos que professavam o cristianismo ainda careciam de alguma coisa.

O movimento Holiness [Santidade] foi o primeiro passo na direção do avivamento. 

Essas agitações, especialmente na Igreja Metodista, buscavam uma “segunda bênção” de Deus, na qual os crentes seriam “santificados” para viver uma vida santa. 

Os ensinamentos de Keswick também tiveram seu impacto, tanto na Europa quanto nos EUA. 

Criados nas convenções anuais de Keswick, na Grã-Bretanha, os mestres de Keswick imploravam aos cristãos: “Caminhem no poder da ressurreição de Cristo”; “Deixe Cristo reinar em sua alma”. 

Não aconteceu nada muito radical ali, a não ser a vontade de uma experiência cristã mais plena, para utilizar a linguagem que os pentecostais usariam mais tarde.

Outra corrente de pensamento que apressou o surgimento do incipiente movimento pentecostal foi o pré-milenarismo, popularizado por J. N. 

Darby e a Irmandade de Plymouth. 

A virada do século fez com que as posições pré-milenaristas e pós-milenaristas ficassem conhecidas. 

Muitos começaram a propagar a idéia de um “século cristão”, no qual a igreja e a tecnologia prenunciariam o Reino de Deus. 

Os pré-milenaristas, no entanto, afirmavam que o fim dos tempos estava próximo, pois seria caracterizado, como era profetizado, pelo irromper de uma atividade espiritual.

É possível encontrar base para o movimento pentecostal em 1896. William F. 

Bryant liderou o avivamento no condado de Cherokee, na Carolina do Norte, que incluía o falar em línguas. 

Como essas manifestações continuaram, as pessoas foram expulsas das igrejas, edifícios religiosos foram queimados e o próprio Bryant foi atingido por um tiro. Falar em línguas não era uma atividade popular no condado de Cherokee.

O avivamento no País de Gales, entre 1904 e 1906, teve, certamente, impacto no clima religioso de sua época. 
Evan Roberts, ex-mineiro, viajou por todo o país de Gales e, mais tarde, pelo mundo, proclamando o ministério do grande avivamento do Espírito. 

O falar em línguas não era enfatizado de maneira específica, mas sim o poder espiritual. Um pequeno grupo de pastores da área de Los Angeles visitou o País de Gales e tentou trazer o avivamento para suas igrejas, mas obtiveram sucesso limitado. 

Contudo, as sementes da restauração estavam sendo lançadas em Los Angeles.

Se preferir, você pode observar o movimento de restauração da virada do século XIX que apelava para um retorno aos dons e às práticas da igreja apostólica, especialmente o dom de cura. 

John Alexander Dowie afirmava que era Elias, o restaurador, e estabeleceu uma comunidade cristã (que mais tarde se tornou a cidade de Zion [Sião], no Estado de Illinois). 

No Estado do Maine, Franck Sandford também afirmava ser Elias, o restaurador, que viera estabelecer uma comunidade em Shiloh [Silo].

Em 1900, Charles Fox Parham passou cerca de seis semanas em Shiloh. 

Ele era um pregador metodista da linha Holiness, do Kansas, que procurava a “fé apostólica”. 

Ele e sua esposa fundaram uma “casa de cura” em Topeka, onde as pessoas poderiam permanecer gratuitamente enquanto oravam por sua cura. 

Em Shiloh, Parham ficou impressionado com a escola bíblica fundada por Sandford, O Espírito Santo e Nós, cuja abordagem era claramente antiacadêmica. 

A Bíblia era o único texto usado, e o único professor era o Espírito Santo. Parham fundou uma escola similar, quando voltou para sua casa. 


Cerca de quarenta estudantes se matricularam.

Em dezembro daquele ano, Parham pediu a seus alunos que procurassem nas Escrituras, para ver se havia algum sinal que supostamente indicaria a existência do batismo no Espírito Santo. 

Quando se reuniram no culto de vigília do Ano-Novo, eles já tinham a resposta: o batismo no Espírito Santo seria manifestado pelo dom de línguas. 

Agnes Ozman orou para receber o Espírito Santo e “a glória caiu sobre ela”, como disse Parham. “Um halo parecia cercar sua cabeça e seu rosto, e ela começou a falar o idioma chinês. 

Ela não foi capaz de falar inglês por três dias.” No mês seguinte, a maioria dos alunos teve experiência similar.

Os esforços de Parham para espalhar esse avivamento para as cidades de Kansas City e Lawrence fracassaram. 

As igrejas se opuseram, e os jornais zombaram desse fato. 

Em 1903, uma mulher do Texas foi curada depois de uma oração de Parham, o que levou a convidá-lo a promover um avivamento na cidade de Galena, no Texas. 

Esse empreendimento foi bem-sucedido. 

Em 1905, essas reuniões “pentecostais” ou do “evangelho pleno” aconteciam no Mis-souri, no Kansas e no Texas, e eram freqüentadas por cerca de 25 mil pessoas.

Depois da campanha de Houston, em 1905, Parham fundou outra escola bíblica ali. Um dos alunos mais promissores foi William J. Seymour. 

Uma mulher de Los Angeles visitou a escola de Houston e teve uma experiência de batismo no Espírito Santo. 
Quando retornou para sua casa, ela insistiu em que a congregação do Nazareno convidasse Seymour para ser pastor auxiliar daquela comunidade.

Ironicamente, a igreja que trouxera o avivamento pentecostal para Los Angeles não queria ter participação alguma nesse avivamento. 

A ênfase que Seymour dava ao ato de falar em línguas ofendeu alguns membros, e ele ficou proibido de participar da igreja. 

Por fim, ele começou a realizar cultos na casa de alguns amigos. 

Os cultos duraram três dias e três noites, atraindo muito mais pessoas do que a casa comportava. 

As pessoas se organizaram para mudar para um prédio na rua Azusa, ocupado anteriormente por uma Igreja Metodista. 

Ali, sentadas (e em pé!) nos bancos de tábua, entre materiais de construção, as pessoas continuaram seu culto de adoração cheias do Espírito. 

A igreja passou a se chamar Missão Evangélica da Fé Apostólica.

Todas as linhas da renovação espiritual pareciam convergir para esse prédio. 

Ele foi a Meca pentecostal. Por vários anos, serviu como centro de um movimento pentecostal crescente. 

As pessoas visitavam o local e tentavam levar de volta para suas casas o que encontravam ali.

A despeito desse foco geográfico, o movimento pentecostal foi extremamente diversificado. 

Havia um grande número de líderes carismáticos, incluindo Seymour e Parham, que reuniam seguidores, bem como disputavam uns com os outros. 

O movimento também foi intencionalmente desvinculado de organização e de denominações, pois se preocupava apenas em seguir a orientação do Espírito. 

Isso pode explicar a abundância de pequenas denominações pentecostais que existem hoje.

A Assembléia de Deus, a maior denominação pentecostal hoje em dia, começou como uma tentativa de alcançar alguma coesão — assim como alguma regulamentação — dentro do movimento. 

Havia muitas acusações de conduta inadequada nas áreas financeira e sexual por parte dos principais pregadores. Havia também várias disputas doutrinárias.

Um grupo de pentecostais do sul dos EUA, liderado por Eudorus N. 

Bell, passou a se autodenominar Fé Apostólica e começou a buscar união dentro do movimento. 

A medida que outras pessoas se juntaram a eles, o nome mudou para Igreja de Deus em Cristo. 

Em 1913, essa igreja era composta por 352 ministros em uma associação bastante livre, sem qualquer autoridade que os unisse. 

Em abril de 1914, o grupo convocou todos os pentecostais para uma reunião em Hot Springs, no Arkansas. 

O propósito era: união, estabilidade, credibilidade do movimento e criação de um programa de missões e de institutos bíblicos. 

Foi assim que nasceu a denominação chamada Assembléia de Deus.

Apesar de as questões pentecostais se tornaram a razão pela qual houve divisão de muitas igrejas não-pentecostais, o pentecostalismo provávelmente foi a arma mais poderosa do cristianismo no século XX. 

Sua ênfase em missões e no evangelismo resultou em um crescimento fenomenal do movimento, tanto nos EUA quanto por todo o mundo.

domingo, 28 de agosto de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1886 Início do Movimento Estudantil Voluntário

Isso aconteceu em uma das conferências de verão de Dwight L. Moody. 

O grande preletor convidou os estudantes universitários a comparecer à Conferência do Monte Hermom em Northfield, Massachusetts, para um período de um mês de estudo bíblico e de comunhão. 

Em julho de 1886, 151 estudantes compareceram.

Nas duas primeiras semanas, foi uma conferência bastante comum. Nada foi dito com relação às missões. 

O estudo bíblico fazia parte das atividades diárias. Porém, havia um estudante de Princeton que orava pelas necessidades do mundo. 

Ele sentiu que Deus usaria aquela reunião para iniciar um movimento de missionários. 

Aquele estudante estava certo.

Ele chamou 21 estudantes, que tinham o mesmo sentimento, para que orassem com ele. 

Eles oraram para que o espírito de missões invadisse a conferência. Em 16 de julho, o orador A. T. 

Pierson fez um assombroso desafio missionário: “Todos devem ir, e devem ir a todos”. 

O espírito tornou-se ainda mais intenso em 24 de julho, com a Reunião das Dez Nações. 

Representantes de dez diferentes países e nacionalidades falaram brevemente, relatando as necessidades de suas nações. 

No restante da semana de conferências, muitos estudantes decidiram dedicar sua vida ao serviço missionário. 

No final, uma centena deles havia assumido esse compromisso.

No último dia da conferência, os alunos começaram a avaliar formas de manter esse espírito vivo e de espalhá-lo. 

Eles indicaram Robert P. Wilder para viajar a várias universidades durante todo o ano, falando sobre o que acontecera em Monte Hermom, bem como para dar início a grupos de estudantes comprometidos com missões. 

No ano seguinte, Wilder e um colega visitaram 167 instituições e 2 200 estudantes se comprometeram com o trabalho nos campos missionários.

Contudo, em 1888, esse espírito arrefecia. 

O movimento precisava de liderança e organização. 

Em uma reunião na Escola Monte Hermom, um grupo principal de cerca de cinqüenta pessoas decidiu indicar um triunvi-rato de líderes: Wilder representaria a Aliança Missionária Interseminá-rios; Nettie Dunn, da Associação Cristã de Moças, e John R. Mott, da Associação Cristã de Moços. 

Mott se tornaria grande influência, pois transformou um movimento estudantil em uma enorme força de atividade ecumênica e evangelística.

Mott acabara de se formar na Universidade Cornell, onde era bastante ativo na liderança da ACM. 

Tinha um grande anseio por ganhar almas, de modo que levou bem a sério seu papel no recém-formado Movimento Estudantil Voluntário [MEV]. 

Comunicação, publicidade e organização eram áreas em que Mott se destacava. 

Ele fazia questão de esclarecer às sociedades missionárias que o MEV não competia com elas, mas que, em vez disso, fornecia-lhes material humano. 

Estudantes, cujo coração estava voltado para missões nas várias faculdades, eram organizados em “grupos” e se encontravam regularmente para oração e encorajamento. 

Convenções de estudantes voluntários aconteciam a cada quatro anos. 

Mott e outros líderes viajavam bastante no esforço contínuo de encontrar, treinar e enviar novos missionários.

O lema dessa organização, proclamado alto e bom som, era “A evange-lização do mundo nesta geração”. Mott escreveu um livro com esse título. 

Em 1914, o MEV já era responsável por ter enviado um número estimado de 5 mil estudantes para os campos missionários.

Além desses números, porém, o movimento foi responsável pelo novo entusiasmo missionário no mundo. 

Outras organizações surgiram a partir dele. 

Em 1895, Mott lançou a Federação Cristã Estudantil Mundial e tornou-se seu primeiro-secretário geral. 

O Movimento Missionário Leigo nasceu em uma das conferências do MEV em 1906, levantando entre os leigos o apoio para as missões. 

Mott também foi uma figura de grande importância na Conferência Missionária Internacional de Edimburgo, em 1910. 

Isso levou à formação, mais tarde, do Concilio Mundial de Igrejas.

Mott tornou-se amplamente conhecido e exerceu grande influência. 

O presidente Wilson lhe ofereceu a oportunidade de ser embaixador na China, mas ele recusou. 

A Universidade de Princeton considerava a possibilidade de ele se tornar seu presidente, mas também recusou. 

Mott chegou até mesmo a ter a oportunidade de se tornar secretário de Estado, porém, mais uma vez, não aceitou. 
Ele era um homem com uma missão: fazer missões.

O entusiasmo missionário arrefeceu nos EUA depois da Primeira Guerra Mundial. 

Entretanto, os missionários inspirados pelo MEV, obviamente, serviram por muitos anos. 

O Movimento Estudantil Voluntário fez que William Carey fizera um século antes: despertou o interesse por missões em um momento muito importante.