sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1934 Cameron Townsend dá início ao Instituto de Verão de Lingüística 



Cameron Townsend aprendeu desde cedo a relação entre a lingüística e o evangelismo. 

Ainda jovem, trabalhou como missionário na Guatemala, esforçando-se ao máximo para se aproximar das pessoas na rua e perguntar sobre seu relacionamento com Cristo. 

Ele até mesmo decorou sua pergunta introdutória em espanhol: “Você conhece o Senhor Jesus?”.

Ele ainda não havia percebido que Jesus era um nome comum em espanhol e que a palavra “Senhor”, como no português, era um pronome de tratamento de significado muito mais comum do que aquele relacionado ao senhorio de Cristo. 

Cameron esperava obter uma resposta que pudesse dar início a uma conversa que tratasse sobre questões espirituais. Porém, tudo o que conseguia era uma resposta trivial como “Desculpe-me, não conheço o sr. 

Jesus. Sou novo aqui nas redondezas”.

Isso aconteceu em 1917. A maioria dos jovens americanos de sua idade estava na Europa participando da guerra. 

É provável que a aparência frágil de Townsend tenha sido a responsável por fazer com que ele fosse dispensado pelas forças armadas e obtivesse permissão de vender bíblias na Guatemala.

No primeiro momento, parecia que Townsend não conseguia entender nada. 

Porém, ele aprendeu espanhol e começou a trabalhar entre grupos de índios crentes. 

Designado para trabalhar com os índios cakchiquel das terras altas, Townsend percebeu que poucos deles conheciam o espanhol. 

Para produzir algum impacto sobre eles, precisaria aprender a língua deles.

Isso não seria fácil. Sua esposa, Elvira, escreveu uma carta que era um pedido de oração: “Orem para que possamos aprender rapidamente esta língua estranha. 

Sem uma gramática ou livros de qualquer tipo a partir dos quais possamos estudar, isto é realmente difícil. 

Temos um pequeno livro nosso no qual anotamos palavras diferentes e frases que os índios nos dizem quando os visitamos. Contudo, algumas dessas palavras têm sons tão difíceis que é praticamente impossível escrevê-las. 

Mas, certamente, o idioma dos cakchiquel é do Senhor, assim como o inglês, o espanhol ou o sueco, e sabemos que ele nos ensinará essa linguagem indígena de modo que possamos em breve ser capazes de explicar o evangelho para eles em sua própria língua”.

A oração foi respondida. Em 1931, o casal Townsend produziu um Novo Testamento completo no idioma cakchiquel. 
Pouco depois, problemas de saúde forçaram os dois a voltar aos EUA. 

Cameron esperava ser transferido para um ministério na América do Sul depois que se recuperasse. L. L. Legters, colega e incentivador do trabalho de Townsend na Guatemala, pediu-lhe que trabalhasse no México, mais perto de casa juntos, Townsend e Legters desenvolveram uma nova idéia.

“Sugeri que criássemos um instituto de verão no qual os missionários pioneiros pudessem ser ensinados quanto ao modo de representar um idioma na forma escrita e de traduzir as Escrituras”, escreveu Townsend mais tarde. 

Uma vez que apenas duas universidades americanas ofereciam cursos na área de lingüística descritiva, e como esses cursos de quatro anos tomariam muito tempo dos missionários, alguma coisa especial precisava ser feita. 
Legters e Townsend seguiram por dois caminhos. 

Decidiram montar uma escola de lingüística para missionários nos EUA e planejavam pedir ao governo mexicano que permitisse que eles enviassem tradutores da Bíblia para aprender as línguas não escritas dos índios.

Em 1934, o Instituto de Verão de Lingüística teve início em uma fazenda em Sulphur Springs, no Estado americano do Arkansas, com um currículo impressionante. 

Quando os melhores professores não podiam ir ao instituto, o instituto ia até os professores —- havia apenas dois alunos no primeiro ano e um pouco mais no segundo.

Inicialmente, esses tradutores tiveram pouca cooperação do governo mexicano. 

Townsend, no entanto, tinha alguns estudiosos de primeira linha ao seu lado. 

Ele foi um dos pioneiros nessa nova ciência, a lingüística. 

Por fim, os líderes mexicanos viram o valor de aprender a linguagem dos índios e deram grande apoio ao trabalho de Townsend.

Townsend nunca foi pessoa de trabalhar dentro de organizações. 

Quem deveria fazer o trabalho de missões eram os missionários, e não os escritórios que os apoiavam. 

Contudo, no início da década de 1940, esse trabalho de tradução estava ficando grande demais para ser gerenciado apenas no tempo livre. 

O instituto de verão mudou-se para a universidade de Oklahoma, onde havia 130 alunos. 

Havia 44 tradutores trabalhando no México e Townsend pedia mais 50. 

Era preciso haver algum tipo de organização que os apoiasse financeiramente. 

Desse modo, em 1942, foi fundada a organização Wycliffe Bible Translators [Tradutores da Bíblia Wycliffe], uma homenagem ao grande tradutor inglês da época medieval. 

O Instituto de Verão de Lingüística continuaria a interagir com governos estrangeiros, mas a Wycliffe Bible Translators seria a responsável por organizar o apoio financeiro nos EUA.

O trabalho de tradução se expandiu grandemente a partir dali: Guatemala, Peru, Colômbia e Equador. 

Uma unidade militar da aeronáutica, a Serviços de Rádio e de Aviação na Floresta, foi criada para levar e trazer os missionários tradutores em segurança até as mais remotas regiões.

Atualmente, essas três organizações possuem mais de 6 mil trabalhadores em cerca de 50 países. 

Eles produziram porções das Escrituras em mais de 300 idiomas e estão trabalhando em outros 800.

O trabalho dos tradutores da Wycliffe fez com que centenas de grupos aceitassem o Evangelho. 

Esse foi um dos passos mais importantes no esforço das missões modernas de atingir os povos ainda não alcançados — aqueles com pouco ou nenhum acesso ao cristianismo.

Porém, a organização de Townsend também representa uma sutil mudança no protestantismo americano. 

Nas décadas de 1930 e 1940, o fundamentalismo saía de sua concha. 

O separatismo rigoroso dava lugar ao evangelismo agressivo. 

Enquanto mantinha sua integridade doutrinária, a organização Wycliffe se aliava abertamente a universidades, linguistas, governos e antropólogos com o objetivo de conseguir que seu trabalho fosse realizado. 

O movimento “evangélico” viu surgir diversas missões e organizações educacionais cristãs, todas dispostas a tentar novos métodos para levar o evangelho a todos os povos.

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