segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Esboço Bíblico Expositivo: Três Dias e Três Noites: Como Entender a Cronologia?⏰✝️(02/03).Clique na letra G

⏰✝️Como contar três dias e três noites?

📖 Introdução

A profecia de Jesus sobre "três dias e três noites" no sepulcro (Mateus 12:40) tem gerado debates teológicos ao longo dos séculos. Como harmonizar esta declaração com a crucificação na sexta-feira e ressurreição no domingo? A resposta não está em questionar a precisão bíblica, mas em compreender o método judaico de contagem do tempo. Este estudo expositivo revelará como a cultura hebraica do primeiro século resolve esta aparente contradição, fortalecendo nossa confiança na inerrância das Escrituras e na precisão profética de Cristo.

🕍 Contextualização Histórica e Cultural

O Método Judaico de Contagem Inclusiva

No judaísmo antigo, qualquer fração de um período era contada como a unidade completa. Este princípio, documentado no Talmude e em diversos textos rabínicos, era fundamental para a contagem de tempo, festividades e observâncias religiosas. Os rabinos ensinavam: "Uma parte do dia é considerada como o todo" (Talmude Babilônico, Pesahim 4a).

A Estrutura do Dia Judaico

Diferente do calendário romano que começava à meia-noite, o dia judaico iniciava ao pôr do sol (aproximadamente 18h) e terminava no pôr do sol seguinte. Esta compreensão é essencial para calcular corretamente os eventos da Paixão de Cristo. Cada dia tinha duas partes principais: a noite (do pôr do sol ao nascer do sol) e o dia (do nascer ao pôr do sol).

O Contexto da Páscoa e do Shabat

A crucificação ocorreu durante a maior celebração judaica - a Páscoa. O "dia da preparação" mencionado nos evangelhos referia-se à véspera do sábado pascal, quando nenhum trabalho poderia ser realizado. Esta urgência explica o sepultamento apressado de Jesus antes do início do Shabat.

Expressões Idiomáticas do Primeiro Século

No hebraico e aramaico, línguas faladas por Jesus, expressões como "três dias e três noites" eram idiomáticas e flexíveis, não exigindo interpretação matemática literal de 72 horas. Esta era a linguagem comum do povo, compreendida por todos os ouvintes judeus.

📊Análise Textual Detalhada

Mateus 12:38-40 - O Sinal de Jonas

Texto: "Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra."

Contexto Jesus responde aos fariseus que pediam um sinal. Ele aponta para Jonas como tipo profético de Sua morte e ressurreição.

Análise Gramatical: A expressão grega "treis hēmeras kai treis nyktas" (três dias e três noites) reflete o hebraísmo presente no texto de Jonas 1:17. No idioma hebraico, esta construção não exige literalidade cronométrica, mas enfatiza um período definido e completo de tempo.

Paralelo com Jonas: A própria história de Jonas demonstra o uso idiomático. Jonas 1:17 menciona "três dias e três noites", mas não especifica 72 horas exatas. O foco está no livramento divino após um período de morte aparente.

Marcos 8:31 - "Depois de Três Dias"

Texto: "E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem padecesse muitas coisas... e que fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse."

Análise: A expressão "meta treis hēmeras" (depois de três dias) é intercambiável com "ao terceiro dia" no uso judaico. Marcos, escrevendo para audiência romana, usa a formulação que seria compreendida tanto por judeus quanto gentios.

Harmonização: Esta mesma profecia aparece em Mateus 16:21 como "ao terceiro dia" (tē tritē hēmera), confirmando que as expressões eram sinônimas.

Lucas 24:21 - "É Já Hoje o Terceiro Dia"

Texto: "Mas nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir Israel; e, agora, sobre tudo isto, é já hoje o terceiro dia desde que estas coisas aconteceram."

Contexto: Domingo de ressurreição, dois discípulos conversam com Jesus no caminho de Emaús.

Significância: Esta declaração confirma a contagem inclusiva: sexta (dia 1), sábado (dia 2), domingo (dia 3). Os próprios discípulos judeus reconheciam o domingo como "o terceiro dia" desde a crucificação.

João 2:19-21 - "Em Três Dias o Levantarei"

Texto: "Destruí este santuário, e em três dias o levantarei... Mas ele falava do santuário do seu corpo."

Análise: A preposição "en" (em) indica "dentro do período de" três dias, não "após" 72 horas. Jesus profetiza que a ressurreição ocorreria dentro da janela temporal de três dias.

1 Coríntios 15:4 - "Ressuscitou ao Terceiro Dia"

Texto: "E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras."

Importância: Paulo, fariseu treinado e conhecedor profundo da Lei, usa "ao terceiro dia" (tē hēmera tē tritē) para descrever a ressurreição, confirmando que esta expressão cumpre a profecia dos "três dias e três noites".

🗓️ A Cronologia Completa da Paixão

Sexta-feira - Dia da Preparação (Nisã 14/15) - 1️⃣

Manhã:
9h (hora terceira): Jesus crucificado (Marcos 15:25)
Meio-dia: Trevas sobre a terra (Mateus 27:45)

Tarde:
15h (hora nona): Jesus entrega o espírito (Marcos 15:34-37)
Antes das 18h: José de Arimateia pede o corpo (Marcos 15:42-43)
Sepultamento apressado antes do Shabat (João 19:38-42)

Noite:
18h: Inicia o sábado pascal
Jesus permanece no sepulcro

Contagem: Parte do dia (tarde) + início da noite = Primeiro dia e primeira noite

Sábado - Shabat (Nisã 15) - 2️⃣

Dia Completo:
Jesus permanece no túmulo selado
Guardas romanos vigiam (Mateus 27:62-66)
Discípulos observam o descanso sabático (Lucas 23:56)

24 horas completas no sepulcro:
Da noite de sexta à noite de sábado

Contagem: Segundo dia e segunda noite completos

Domingo - Primeiro Dia da Semana (Nisã 16) - 3️⃣

Madrugada:
Antes do amanhecer: Ressurreição de Jesus
Terremoto e anjo remove a pedra (Mateus 28:2)
Guardas fogem aterrorizados (Mateus 28:4)

Aurora:
Mulheres chegam ao túmulo vazio (Marcos 16:2)
Anjos anunciam: "Ele ressuscitou" (Lucas 24:6)

Dia:
Aparições de Jesus aos discípulos
Caminho de Emaús (Lucas 24:13-35)

Contagem: Parte do dia (madrugada/manhã) = Terceiro dia e terceira noite

💡 Ilustrações Bíblicas e Práticas

Ilustração 1: O Exemplo de Ester


Ester convoca jejum de "três dias e três noites", mas Ester 5:1 mostra que ela foi ao rei "ao terceiro dia" - não após 72 horas completas. Se o jejum começou à noite de domingo, temos:
Domingo (noite) = Dia 1
Segunda-feira (completo) = Dia 2  
Terça-feira (manhã) = Dia 3

Ela foi ao rei na manhã do terceiro dia, cumprindo "três dias e três noites" pelo método inclusivo.

Ilustração 2: José e Seus Irmãos

Texto: Gênesis 42:17-18

"E os pôs juntos em custódia por três dias. Ao terceiro dia, disse-lhes José..."

José mantém os irmãos presos "três dias" mas fala com eles "ao terceiro dia" - demonstrando que as expressões são equivalentes no uso bíblico.

Ilustração 3: O Egípcio de Davi

Texto: 1 Samuel 30:12-13

Um egípcio afirma não ter comido por "**três dias e três noites", mas quando questionado especifica: "há três dias" - usando as expressões intercambiavelmente para o mesmo período.

Ilustração 4: Oseias 6:2

Texto: "Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará..."

Profecia messiânica que Paulo confirma ter sido cumprida na ressurreição (1 Coríntios 15:4). "Ao terceiro dia" equivale ao período profetizado.

Ilustração 5: A Tradição Rabínica

O Midrash Rabá sobre Gênesis 56:1 ensina que a alma permanece próxima ao corpo por três dias após a morte, esperando retornar. Este conceito cultural reforça por que Jesus ressuscitou especificamente "ao terceiro dia" - para demonstrar morte real e vitória completa.

Ilustração Contemporânea: A Viagem de Três Dias

Imagine anunciar numa quinta-feira: "Voltarei em três dias." No pensamento ocidental, esperamos retorno no domingo. Mas na contagem inclusiva judaica: quinta (dia 1), sexta (dia 2), sábado (dia 3) - o retorno seria no sábado. Jesus falava segundo a cultura de Seus ouvintes.

🔍 Evidências Textuais Adicionais

A Unanimidade dos Evangelhos

Todos os quatro evangelhos concordam que Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana (domingo):
Mateus 28:1
Marcos 16:2,9
Lucas 24:1
João 20:1

Esta unanimidade confirma que "três dias e três noites" é cumprido na ressurreição dominical.

O Testemunho Apostólico

Pedro, em Atos 10:40, declara: "A este ressuscitou Deus ao terceiro dia" - o apóstolo que estava presente entendeu que a profecia foi cumprida.

A Tradição da Igreja Primitiva

Desde o primeiro século, a Igreja celebra a ressurreição no domingo (primeiro dia da semana), nunca questionando o cumprimento da profecia dos três dias.

🎯 Aplicações Teológicas e Pastorais

A Importância do Contexto Cultural

Este estudo nos ensina que interpretar a Bíblia exige compreender o contexto histórico-cultural original. 
Impor nossos padrões modernos sobre textos antigos gera falsas contradições.

A Precisão Profética de Cristo

Jesus cumpriu exatamente o que profetizou, usando a linguagem que Seus ouvintes compreendiam. 
A precisão está na fidelidade ao contexto, não na imposição de padrões estrangeiros ao texto.

Defendendo a Fé com Sabedoria

Este conhecimento equipa os cristãos para responder objeções céticas sobre supostas contradições bíblicas, demonstrando a harmonia das Escrituras quando corretamente interpretadas.

A Centralidade da Ressurreição

Independente de métodos de contagem, o fato glorioso permanece: Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou corporalmente ao terceiro dia, garantindo nossa justificação e vida eterna.

Lições sobre Interpretação Bíblica

Respeitar o contexto cultural original
Entender idiomatismos e expressões da época
Harmonizar todas as passagens relacionadas
Não impor literalismo moderno sobre linguagem antiga
Buscar o significado que os ouvintes originais compreendiam

✅ Conclusão:

A cronologia dos três dias e três noites não apresenta contradição, mas revela a riqueza da linguagem bíblica e a importância do contexto cultural. Através do método judaico de contagem inclusiva, universalmente aceito no primeiro século, Jesus cumpriu perfeitamente Sua profecia:

Sexta-feira (tarde/noite): Crucificação às 15h, sepultamento antes das 18h = Dia 1  
Sábado (completo): 24 horas no sepulcro = Dia 2  
Domingo (madrugada): Ressurreição antes do amanhecer = Dia 3

Esta interpretação:
✅ Harmoniza todos os textos evangélicos
✅ Respeita o contexto cultural judaico
✅ Confirma a precisão profética de Cristo
✅ Explica o testemunho unânime da Igreja primitiva
✅ Resolve a aparente contradição de forma bíblica

A ressurreição "ao terceiro dia" não contradiz "três dias e três noites" - são expressões equivalentes no judaísmo do primeiro século. Jesus venceu a morte exatamente como profetizou, cumprindo o sinal de Jonas e fundamentando nossa esperança eterna. Aleluia, Ele vive!🙌

👤 Sobre o Autor
Pr. João Nunes Machado  
Casado, brasileiro, residente em Florianópolis/SC  
Formado em Teologia Cristã pela FATEC (Faculdade Teológica Cristocêntrico)  
Ministro do Evangelho há mais de 20 anos

📋 Termos de Uso do Material
Este esboço bíblico expositivo pode ser utilizado gratuitamente por:
✅ Alunos de Escola Teológica
✅ Professores de Teologia e Seminários
✅ Escola Bíblica Dominical (EBD)
✅ Cultos e Pregações nas Igrejas
✅ Palestras e Conferências Teológicas
✅ Células e Grupos de Estudo Bíblico
✅ Ministérios de Ensino e Evangelismo
Única exigência: Citar a fonte e o autor do material ao utilizá-lo.
📧Contato: perolasdesabedorianunes@gmail.com
🤝Nos laços do Calvário que nos unem,  
✝️Pr. João Nunes Machado

Esboço Bíblico Expositivo: A Questão dos Três Dias e Três Noites⏰✝️(03/03).Clique na letra G

Três Dias e Três Noites: Compreendendo a Profecia⏰✝️

📖Introdução

Uma das questões mais intrigantes sobre a Paixão de Cristo é compreender como Jesus permaneceu "três dias e três noites" no sepulcro quando a Bíblia claramente indica Sua crucificação na sexta-feira e ressurreição no domingo. Esta aparente contradição tem sido objeto de discussão teológica ao longo da história da Igreja. 
A resposta não está em questionar a veracidade das Escrituras, mas em compreender o método judaico de contagem do tempo utilizado no primeiro século. Este estudo expositivo demonstrará como a cultura hebraica resolve esta questão de forma harmoniosa, confirmando a precisão profética de Cristo e fortalecendo nossa confiança na inerrância bíblica.

🕍 Contextualização Histórica e Cultural

O Princípio da Contagem Inclusiva Judaica

No judaísmo antigo, qualquer fração de um dia era contada como um dia completo. Este princípio, profundamente enraizado na tradição rabínica, determinava como os judeus mediam períodos de tempo, festividades religiosas e cumprimento de profecias. O Talmude registra claramente: "Uma parte do dia é considerada como o todo", fundamentando este método de contagem que Jesus e Seus contemporâneos naturalmente utilizavam.

A Estrutura do Dia no Calendário Judaico

Diferentemente do calendário romano que iniciava o dia à meia-noite, o dia judaico começava ao pôr do sol (aproximadamente 18h) e terminava no pôr do sol seguinte. Esta compreensão é fundamental para calcular corretamente os eventos da crucificação e ressurreição. A Bíblia confirma este padrão desde Gênesis: "E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro" (Gênesis 1:5), estabelecendo que a noite precede o dia na contagem hebraica.

O Contexto da Páscoa e a Urgência do Sepultamento

Jesus foi crucificado durante a maior celebração judaica - a Páscoa. O "dia da preparação" mencionado nos evangelhos referia-se à véspera do sábado pascal, quando todo trabalho deveria cessar. Esta urgência explica o sepultamento apressado de Cristo antes das 18h de sexta-feira, quando iniciaria o Shabat. Qualquer violação do sábado seria considerada grave transgressão, por isso José de Arimateia agiu rapidamente.

A Linguagem Idiomática do Primeiro Século

No hebraico e aramaico, línguas faladas por Jesus, a expressão "três dias e três noites" era idiomática e flexível, não exigindo interpretação literal de 72 horas. Esta era a linguagem comum do povo, perfeitamente compreendida por todos os ouvintes judeus da época. Impor nossa compreensão moderna de contagem de tempo sobre um texto antigo gera falsas contradições.

📊Análise Textual Detalhada

Mateus 12:38-40 - O Sinal de Jonas

Texto: "Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra."

Contexto: Jesus responde aos fariseus e mestres da lei que pediam um sinal miraculoso, mas que se recusavam a crer apesar dos muitos milagres já realizados. Cristo aponta para Jonas como tipo profético de Sua morte e ressurreição, o único sinal que seria dado àquela geração incrédula.

Análise Profética: Assim como Jonas esteve em uma situação de morte aparente dentro do grande peixe por três dias, mas foi libertado e trouxe mensagem de arrependimento a Nínive, Jesus morreria de verdade, seria sepultado, mas ressuscitaria para trazer salvação ao mundo. O paralelismo é claro: Jonas pregou e Nínive se arrependeu; Jesus pregou, e quem não se arrepender será condenado no Juízo Final pelo próprio povo de Nínive.

Significado da Expressão: "Três dias e três noites no coração da terra" não exige literalidade cronométrica de 72 horas, mas enfatiza um período definido e completo de morte real, seguido de ressurreição triunfante. Este seria o sinal definitivo de que Jesus era o Salvador do mundo, o Messias prometido.

Lucas 24:21 - "É Já Hoje o Terceiro Dia"

Texto: "Mas nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir Israel; e, agora, sobre tudo isto, é já hoje o terceiro dia desde que estas coisas aconteceram."

Contexto: No domingo da ressurreição, dois discípulos conversam com Jesus no caminho de Emaús, sem reconhecê-lo inicialmente.

Significância Cronológica: Esta declaração confirma inequivocamente a contagem inclusiva judaica: sexta-feira (dia 1), sábado (dia 2), domingo (dia 3). Os próprios discípulos judeus, imersos na cultura hebraica, reconheciam o domingo como "o terceiro dia" desde a crucificação. Se fossem necessárias 72 horas literais, eles teriam dito "o segundo dia", mas naturalmente contavam pelo método inclusivo.

Marcos 8:31 e Mateus 16:21 - Profecias Harmônicas

Marcos 8:31: "Depois de três dias, ressuscitasse"  
Mateus 16:21: "Ao terceiro dia ressuscitar"

Harmonização: Estas duas expressões, usadas intercambiavelmente nos evangelhos, demonstram que "depois de três dias" e "ao terceiro dia" são sinônimas no uso judaico. Marcos, escrevendo para audiência romana, e Mateus, para audiência judaica, usam formulações que comunicam o mesmo evento temporal.

João 2:19-21 - "Em Três Dias o Levantarei"

Texto: "Destruí este santuário, e em três dias o levantarei... Mas ele falava do santuário do seu corpo."

Análise: A preposição "em" (grego: en) indica "dentro do período de" três dias, não "após" 72 horas completas. Jesus profetiza que a ressurreição ocorreria dentro da janela temporal de três dias, conforme o método de contagem judaico.

1 Coríntios 15:3-4 - O Evangelho Apostólico

Texto: "Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras."

Importância: Paulo, fariseu treinado e profundo conhecedor da Lei, usa "ao terceiro dia" para descrever a ressurreição, confirmando que esta expressão cumpre perfeitamente a profecia dos "três dias e três noites". Esta é a proclamação central do evangelho cristão.

Oséias 6:2 - Profecia Messiânica

Texto: "Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele."

Cumprimento: Esta antiga profecia do Antigo Testamento encontra seu cumprimento literal na ressurreição de Cristo "ao terceiro dia". O padrão de libertação e restauração associado ao terceiro dia está profundamente enraizado nas expectativas escatológicas judaicas.

🗓️A Cronologia Completa da Paixão

Sexta-feira - Dia da Preparação (Nisã 14/15) - 1️⃣

Madrugada:
Jesus é traído e preso no Getsêmani
Interrogado, ferido e zombado durante a noite

Manhã:
Julgamento diante das autoridades judaicas e romanas
Hora terceira (9h): Jesus é crucificado

Tarde:
Hora sexta a nona (12h-15h): Trevas sobre toda a terra
15h: Jesus entrega o espírito
Antes das 18h: Sepultamento apressado antes do Shabat

Contagem Judaica: Qualquer tempo antes das 18h de sexta-feira é considerado "um dia e uma noite". Assim, da tarde da sexta até o início do sábado às 18h = Primeiro dia e primeira noite.

Sábado - Shabat (Nisã 15) - 2️⃣

Dia Completo:
Jesus permanece no túmulo selado durante todo o sábado
As mulheres descansaram conforme o mandamento (Lucas 23:56)
Guardas romanos vigiam o sepulcro

Contagem Judaica: Qualquer tempo depois das 18h de sexta até sábado às 18h é considerado "um dia e uma noite". O sábado completo conta como segundo dia e segunda noite.

Domingo - Primeiro Dia da Semana (Nisã 16) - 3️⃣

Madrugada:
Antes do amanhecer: Ressurreição de Jesus
Terremoto e anjo remove a pedra
Guardas fogem aterrorizados

Aurora:
Início da manhã: Mulheres chegam ao túmulo vazio
Anjos anunciam: "Ele ressuscitou!"

Dia:
Aparições de Jesus aos discípulos
Caminho de Emaús: "É já hoje o terceiro dia"

Contagem Judaica: Qualquer tempo após às 18h de sábado até o momento em que Cristo ressuscitou na manhã de domingo é considerado "um dia e uma noite". Do ponto de vista judaico, são "três dias e três noites" de sexta à tarde até domingo de manhã.

💡Ilustrações Bíblicas e Práticas

Ilustração 1: Jonas e o Grande Peixe

Texto: Jonas 1:17; 2:6-7

Jonas ficou "três dias e três noites" dentro do grande peixe. Seus três dias dentro do peixe eram como se ele estivesse morto, em uma "sepultura" no fundo do mar. Mas Jonas orou com esperança em Deus, crendo que seria libertado. Depois, Deus mandou o peixe vomitar Jonas em terra firme e ele sobreviveu. Este paralelo profético aponta diretamente para Cristo: morte aparente, período de três dias, e libertação/ressurreição.

Ilustração 2: Ester e o Jejum de Três Dias

Texto: Ester 4:16 e 5:1

Ester convoca jejum de "três dias e três noites", mas Ester 5:1 mostra que ela foi ao rei "ao terceiro dia" - não após 72 horas completas. Se o jejum começou à noite de domingo: domingo (noite) = Dia 1; segunda (completo) = Dia 2; terça (manhã) = Dia 3. Ela foi ao rei na manhã do terceiro dia, cumprindo "três dias e três noites" pelo método inclusivo.

Ilustração 3: José e Seus Irmãos

Texto: Gênesis 42:17-18

"E os pôs juntos em custódia por três dias. Ao terceiro dia, disse-lhes José..." José mantém os irmãos presos "três dias" mas fala com eles "ao terceiro dia" - demonstrando equivalência das expressões no uso bíblico.

Ilustração 4: O Egípcio de Davi

Texto: 1 Samuel 30:12-13

Um egípcio afirma não ter comido por "três dias e três noites", mas quando questionado especifica: "há três dias" - usando as expressões intercambiavelmente para o mesmo período.

Ilustração 5: Analogia Moderna do Imposto de Renda

Muitos casais esperam que seus filhos nasçam antes da meia-noite de 31 de dezembro. Se nascido às 23h59, a criança será tratada, para efeito de imposto de renda, como tendo nascido há 365 dias e 365 noites daquela data. Isto é verdade, mesmo que 99,9% do ano já se tenha passado. Este princípio moderno ilustra a lógica da contagem inclusiva usada pelos judeus.

Ilustração 6: O Cumprimento Perfeito

O povo de Nínive creu na pregação de Jonas, um profeta que sobreviveu dentro de um peixe por três dias - um grande milagre que confirmou que Deus estava com ele. Os fariseus e mestres da lei não acreditavam em Jesus, apesar de todos os milagres que Ele fazia. Com o sinal de Jonas, Jesus estava avisando contra a incredulidade: quando Sua profecia sobre Sua morte e ressurreição se cumprisse, já não haveria desculpa para não crer Nele.

🔍 Evidências da Ressurreição Dominical

A Unanimidade dos Quatro Evangelhos

Todos os evangelhos concordam inequivocamente que Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana (domingo):
Mateus 28:1 - "No fim do sábado, ao raiar do primeiro dia da semana"
Marcos 16:2,9 - "Muito cedo, no primeiro dia da semana... tendo Jesus ressuscitado"
Lucas 24:1 - "No primeiro dia da semana, muito de madrugada"
João 20:1 - "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada"

Esta unanimidade confirma que "três dias e três noites" é cumprido na ressurreição dominical.

O Testemunho dos Apóstolos

Pedro, em Atos 10:40, declara: "A este ressuscitou Deus ao terceiro dia" - o apóstolo que estava presente entendeu perfeitamente que a profecia foi cumprida. Paulo igualmente proclama em 1 Coríntios 15:4: "ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras".

A Tradição Ininterrupta da Igreja

Desde o primeiro século, a Igreja cristã universalmente celebra a ressurreição no domingo (primeiro dia da semana), nunca questionando o cumprimento da profecia dos três dias. Este testemunho histórico contínuo confirma a interpretação correta da cronologia.

🎯 Aplicações Teológicas e Pastorais

A Importância do Contexto Cultural

Este estudo nos ensina que interpretar a Bíblia corretamente exige compreender o contexto histórico-cultural original. Impor nossos padrões modernos de contagem de tempo sobre textos antigos gera falsas contradições e enfraquece a fé. Precisamos ler as Escrituras com os olhos e a mentalidade dos seus autores e ouvintes originais.

A Precisão Profética de Cristo

Jesus cumpriu exatamente o que profetizou, usando a linguagem que Seus ouvintes judeus compreendiam perfeitamente. A precisão está na fidelidade ao contexto cultural, não na imposição de padrões literalistas modernos ao texto antigo. Cristo não cometeu erro - nós é que precisamos entender Sua linguagem.

Defesa da Fé Cristã

Este conhecimento equipa os cristãos para responder objeções céticas sobre supostas contradições bíblicas. Demonstrar a harmonia das Escrituras quando corretamente interpretadas fortalece a confiança na Palavra de Deus e desmancha argumentos infundados contra a fé.

A Centralidade da Ressurreição

"Está consumado" (Tetélestai) - a expressão de Jesus na cruz significa "completamente cumprido". Independente de métodos de contagem, o fato glorioso permanece: Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou corporalmente ao terceiro dia, garantindo nossa justificação e vida eterna. A ressurreição é a prova final de que Jesus é o Messias prometido

O Chamado ao Arrependimento

O sinal de Jonas é essencialmente uma chamada ao arrependimento e a crer em Jesus. Assim como o povo de Nínive obteve salvação quando creu na mensagem de Jonas e se arrependeu, apenas quem crê em Jesus e se arrepende será salvo da condenação. O sinal foi dado - nossa responsabilidade é responder com fé.

✅ Conclusão:

A questão dos três dias e três noites não representa contradição bíblica, mas revela a necessidade de compreender a linguagem e cultura judaica do primeiro século. Através do método judaico de contagem inclusiva, universalmente aceito na época, Jesus cumpriu perfeitamente Sua profecia:

Sexta-feira (tarde/noite): Crucificação às 15h, sepultamento antes das 18h = Dia 
Sábado (completo): 24 horas no sepulcro = Dia 
Domingo (madrugada): Ressurreição antes do amanhecer = Dia 

Esta interpretação:
✅ Harmoniza todos os textos evangélicos
✅ Respeita o contexto cultural judaico
✅ Confirma a precisão profética de Cristo
✅ Explica o testemunho unânime dos apóstolos
✅ Resolve a aparente contradição biblicamente

Do ponto de vista judaico, são perfeitamente "três dias e três noites" de sexta à tarde até domingo de manhã. Jesus venceu a morte exatamente como profetizou, cumprindo o sinal de Jonas e fundamentando nossa esperança eterna. O plano redentor de Deus foi completamente cumprido. Aleluia, Cristo vive!🙌✝️

👤 Sobre o Autor

Casado, brasileiro, residente em Florianópolis/SC  
Formado em Teologia Cristã pela FATEC (Faculdade Teológica Cristocêntrico)  
Ministro do Evangelho há mais de 20 anos

📋 Termos de Uso do Material

Este esboço bíblico expositivo pode ser utilizado gratuitamente por:

✅ Alunos de Escolas Teológicas e Seminários
✅ Professores de Teologia e Educação Cristã
✅ Escola Bíblica Dominical (EBD)
✅ Cultos e Pregações nas Igrejas
✅ Palestras e Conferências Teológicas
✅ Células e Grupos de Estudo Bíblico
✅ Ministérios de Ensino e Evangelismo

Única exigência: Citar a fonte e o autor do material ao utilizá-lo.

📧Contato: perolasdesabedorianunes@gmail.com
🤝Nos laços do Calvário que nos unem,  
✝️Pr. João Nunes Machado

ESBOÇO EXPOSITIVO: AS INJUSTIÇAS DOS SETE JULGAMENTOS DE JESUS⚖️✝️.Clique na letra G

⚖️✝️ A MAIOR INJUSTIÇA DA HISTÓRIA: Os Tribunais que Condenaram o Filho de Deus

Introdução📖

A narrativa da Paixão de Cristo revela não apenas o cumprimento profético da redenção, mas também expõe a maior injustiça jurídica da história da humanidade. Jesus Cristo, o único homem verdadeiramente inocente, foi submetido a sete julgamentos ilegais que violaram tanto a lei judaica quanto a romana. Estes processos fraudulentos demonstram a corrupção humana e, paradoxalmente, revelam o plano perfeito de Deus para a salvação. Ao examinarmos cada julgamento, descobrimos não apenas irregularidades legais, mas também o contraste entre a justiça humana corrompida e a justiça divina perfeita.

Contextualização Histórica e Cultural🏛️

O Sistema Judicial Judaico

No primeiro século, o Sinédrio era a suprema corte judaica, composta por 71 membros (70 anciãos mais o sumo sacerdote). Segundo a Mishná (compilação da lei oral judaica), existiam rigorosas normas processuais:

Julgamentos capitais não podiam ocorrer à noite
Era proibido realizar julgamentos em dias de festa ou vésperas de sábado
Duas testemunhas concordantes eram obrigatórias
O acusado tinha direito a um advogado de defesa
A sentença de morte requeria pelo menos 48 horas de deliberação
O voto deveria começar pelos membros mais jovens para evitar coerção

O Sistema Judicial Romano

Roma dominava a Judeia desde 63 a.C., e reservava para si o ius gladii (direito da espada) - apenas autoridades romanas podiam executar a pena capital. O processo romano distinguia entre:

Cognitio extra ordinem: julgamento sumário para provinciais
Direitos de cidadãos romanos, que incluíam apelação ao César
Costume de libertar um prisioneiro durante a Páscoa (privilegium paschale)

O Contexto Político-Religioso

A tensão entre fariseus, saduceus, zelotes e a ocupação romana criou um caldeirão político explosivo. 
A liderança judaica temia tanto a perda de poder quanto uma revolta que provocasse retaliação romana. 
Jesus representava uma ameaça percebida à ordem estabelecida.

Os Sete Julgamentos de Jesus ⚖️

Julgamentos Religiosos (Judaicos)🕍

1. Perante Anás (João 18:12-14, 19-23)

O Julgamento Preliminar Irregular

Anás, embora não fosse mais o sumo sacerdote oficial (deposto pelos romanos em 15 d.C.), mantinha imensa influência como patriarca da família sacerdotal. Este interrogatório preliminar violou múltiplas leis:

Injustiças cometidas:
Interrogatório sem acusação formal
Ausência do Sinédrio completo
Tentativa de fazer Jesus se auto-incriminar (João 18:19-21)
Permissão de violência física contra o acusado (João 18:22-23)

Análise textual: Quando Jesus respondeu com lógica irrefutável sobre o caráter público de seu ensino, um oficial o esbofeteou. Jesus desafiou: "Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se bem, por que me feres?" (João 18:23). Esta resposta evidencia a ilegalidade do procedimento.

Ilustração: Imagine ser preso sem conhecer as acusações, interrogado sem representação legal, e espancado por defender sua inocência. Foi exatamente isso que aconteceu com Jesus diante de Anás.

2. Perante Caifás e Alguns Líderes (João 18:24; Mateus 26:57-68)

O Julgamento Noturno Ilegal

Este foi o primeiro julgamento formal perante o sumo sacerdote vigente, Caifás, genro de Anás. Ocorreu durante a madrugada, na residência de Caifás.

Injustiças cometidas:
Realizado à noite (proibido pela lei judaica)
Busca deliberada de falso testemunho (Mateus 26:59)
Testemunhas contraditórias (Marcos 14:56-59)
Coerção para auto-incriminação através de juramento (Mateus 26:63)
Ausência de advogado de defesa
Violência física e zombaria (Mateus 26:67-68)

Análise textual: Mateus registra: "Ora, os principais sacerdotes, os anciãos e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, para o condenarem à morte" (Mateus 26:59). A própria busca ativa por falso testemunho invalida todo o processo.

A acusação final baseou-se em distorções das palavras de Jesus sobre o templo. Quando Caifás perguntou diretamente se Ele era o Messias, Jesus respondeu afirmativamente, levando Caifás a rasgar suas vestes e gritar "blasfêmia!" (Mateus 26:65).

Ilustração: Um juiz que publicamente declara estar procurando evidências falsas para condenar um réu seria imediatamente destituído em qualquer sistema judicial civilizado. Caifás fez exatamente isso.

3. Perante o Sinédrio Completo (Lucas 22:66-71; Mateus 27:1)

A Ratificação Matinal Apressada

Ao amanhecer, o Sinédrio se reuniu formalmente para legitimar a condenação noturna, pois decisões tomadas à noite eram consideradas inválidas.

Injustiças cometidas:
Mera formalidade para validar decisão já tomada
Violação do requisito de 48 horas entre julgamento e sentença
Realização em dia de festa (véspera da Páscoa)
Ausência de nova análise de evidências
Voto iniciado pelos líderes (deveria começar pelos jovens)
Nenhuma voz dissidente foi permitida (exceto José de Arimateia e Nicodemos, aparentemente ausentes)

Análise textual: Lucas registra a pergunta: *"Logo que amanheceu, reuniu-se a assembleia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o conduziram ao Sinédrio, dizendo: Se tu és o Cristo, dize-nos" (Lucas 22:66-67). A resposta de Jesus confirmou sua identidade messiânica, selando sua condenação perante o Sinédrio.

Ilustração: Como um tribunal que condena alguém pela manhã por um crime "julgado" ilegalmente durante a noite anterior, apenas carimbando a decisão ilegal.

Julgamentos Civis (Romanos)🏛️

4. Primeira Comparência Perante Pilatos (João 18:28-38; Lucas 23:1-7)

O Governador Relutante

Pôncio Pilatos, o prefeito romano da Judeia (26-36 d.C.), residia em Cesareia mas vinha a Jerusalém durante as festas para manter a ordem. Os líderes judeus trouxeram Jesus com acusações políticas, já que blasfêmia não era crime romano.

Injustiças cometidas:
Mudança estratégica de acusação religiosa para política
Acusações falsas de sedição (Lucas 23:2): "Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar tributo a César e dizendo ser ele mesmo Cristo, um rei"
Pressão política sobre o governador
Pilatos declarou Jesus inocente, mas não o libertou (João 18:38)

Análise textual: João registra o diálogo crucial sobre realeza e verdade. Quando Pilatos perguntou: "Logo, tu és rei?", Jesus respondeu: "Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade" (João 18:37). Pilatos concluiu: *"Não acho nele crime algum"* (João 18:38).

Ilustração: Um juiz que declara um réu inocente, mas por covardia política não o liberta, comete injustiça ao permitir que a pressão popular anule seu veredicto.

5. Perante Herodes Antipas (Lucas 23:8-12)

O Julgamento do Rei Zombador

Ao descobrir que Jesus era galileu, Pilatos viu uma oportunidade de transferir responsabilidade para Herodes Antipas, tetrarca da Galileia, que estava em Jerusalém para a Páscoa.

Injustiças cometidas:
Jesus tratado como entretenimento (Lucas 23:8)
Herodes queria ver milagres, não fazer justiça
Zombaria e humilhação com veste resplandecente
Jesus manteve silêncio profético (cumprindo Isaías 53:7)
Devolução arbitrária a Pilatos sem veredicto

Análise textual: "Herodes, com os seus soldados, tratou-o com desprezo, e, escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos"* (Lucas 23:11). Herodes, o mesmo que matou João Batista, agora zomba do Messias.

Ilustração: Como um espectador de circo que quer ver truques, não um juiz que busca verdade. Herodes reduziu o julgamento de Jesus a entretenimento cruel.

6. Segunda Comparência Perante Pilatos (Lucas 23:13-25; João 18:39-19:16)

A Tentativa Fracassada de Liberação

Pilatos, recebendo Jesus de volta, tentou várias estratégias para libertá-lo sem enfurecer a multidão.

Injustiças cometidas:
Açoitamento de um inocente para apaziguar a multidão (João 19:1)
Permitiu zombaria e tortura pelos soldados (João 19:2-3)
Apresentou Jesus humilhado: "Eis o homem!" (João 19:5)
Ofereceu libertar um assassino (Barrabás) em lugar de Jesus
Cedeu à chantagem política: "Se soltas a este, não és amigo de César" (João 19:12)
Lavou as mãos simbolicamente, mas entregou Jesus para crucificação

Análise textual: O evangelho de João preserva a dramática escalada. Pilatos declarou três vezes a inocência de Jesus (João 18:38; 19:4, 6), mas a pressão aumentou: "Quando, pois, Pilatos ouviu estas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento de Pedra" (João 19:13). O momento culminante: "Crucifica-o tu, porque eu não acho nele crime algum" (João 19:6).

Ilustração: Um juiz que açoita um inocente esperando satisfazer uma multidão sedenta de sangue comete dupla injustiça: pune o inocente e premia a turba violenta.

7. Pilatos Sentencia Jesus (Mateus 27:24-26; João 19:16)

A Sentença Final da Covardia

Finalmente, Pilatos capitula completamente diante da pressão política e popular.

Injustiças cometidas:
Condenação consciente de um inocente
Teatralidade hipócrita de lavar as mãos (Mateus 27:24)
Tentativa vã de transferir culpa moral
Libertação de um assassino notório (Barrabás)
Entrega de Jesus para a forma mais cruel de execução

Análise textual: Mateus registra o ato simbólico de Pilatos: "Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo; seja isso lá convosco" (Mateus 27:24). João conclui simplesmente: "Então, lhes entregou Jesus para ser crucificado"* (João 19:16).

Ilustração: Como um médico que declara um paciente saudável, mas por pressão externa prescreve um veneno letal. Pilatos sabia da inocência de Jesus, mas escolheu sua carreira política acima da justiça.

Análise Teológica das Injustiças✝️

O Cumprimento Profético

Cada injustiça cumpriu profecias antigas:
Isaías 53:7: "Como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca"
Salmo 35:11: "Falsas testemunhas se levantam; depõem contra mim acerca de coisas que eu desconheço"
Isaías 53:8: "Por juízo opressor foi arrebatado"

O Contraste Entre Justiças

Justiça humana corrompida:
Procedimentos violados
Testemunhas falsas
Juízes parciais
Veredito predeterminado

Justiça divina perfeita:
Jesus, o justo, morre pelos injustos (1 Pedro 3:18)
A maior injustiça humana tornou-se o maior ato de justiça divina
A cruz satisfaz a justiça e expressa o amor de Deus

Lições Espirituais

Para o incrédulo: Os sete julgamentos revelam a depravação humana universal - religiosos e seculares, judeus e gentios, todos rejeitaram o Messias.

Para o crente: Jesus suportou injustiça para nos dar justiça. Fomos declarados justos não por nossos méritos, mas pelo sacrifício do Justo por nós.

Para a igreja: Quando enfrentarmos perseguição e injustiça, lembremo-nos de que nosso Senhor já trilhou este caminho. Ele é o exemplo supremo de submissão à vontade do Pai mesmo diante da maior injustiça.

Conclusão🙏

Os sete julgamentos de Jesus Cristo representam a maior perversão da justiça na história humana. Cada tribunal - seja religioso ou civil, judaico ou romano - contribuiu para esta tragédia judicial. Todavia, na soberana providência de Deus, estas injustiças humanas serviram ao propósito eterno da redenção.

Jesus permaneceu em silêncio quando poderia ter defendido sua inocência, suportou açoites quando tinha poder para destruir seus algozes, e morreu quando possuía autoridade para invocar legiões de anjos. Por quê? Porque "àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21).

A injustiça dos sete julgamentos de Jesus nos confronta com nossa própria necessidade de um Salvador. Cada acusação falsa, cada golpe injusto, cada sentença corrupta apontava para a cruz - onde a justiça e a misericórdia de Deus se encontraram.

Hoje, diante deste Jesus injustamente condenado mas gloriosamente ressurreto, cada pessoa enfrenta seu próprio julgamento: aceitará ou rejeitará aquele que suportou injustiça suprema para oferecer justiça perfeita?

Apresentação do Autor👤

Pr. João Nunes Machado

Pastor brasileiro, casado, residente em Florianópolis/SC. Formado em Teologia Cristã pela FATEC (Faculdade Teológica Cristocêntrico), atua no ministério pastoral há mais de 20 anos, dedicando-se ao ensino expositivo das Escrituras e ao desenvolvimento de materiais teológicos para edificação do corpo de Cristo.

Termos de Uso do Material📋
Este esboço bíblico expositivo está disponível para uso gratuito por:
Alunos de escolas teológicas
Professores e educadores cristãos
Escolas Bíblicas Dominicais (EBD)
Cultos e serviços de adoração em igrejas
Palestras e conferências
Células e grupos de estudo bíblico
Ministérios de ensino e discipulado

Condição: A fonte deve ser devidamente citada em qualquer uso do material.

Contato:📧 perolasdesabedorianunes@gmail.com

🤝 Nos laços do Calvário que nos unem,
✝️ Pr. João Nunes Machado

Esboço Expositivo: A Disciplina Divina da Retirada da Oração.Clique na letra G

📖Quando Jesus Se Afastava para orar.


✍️ Autor: Pr. João Nunes Machado (Teólogo, FATEC)
📍 Ministério: Florianópolis/SC, Brasil
📧 Contato: perolasdesabedorianunes@gmail.com

1.🎯 Introdução: A Força que Vem do Silêncio

Em um mundo barulhento e acelerado, onde valorizamos a produtividade constante e a presença digital ininterrupta, a ideia de se retirar soa como estranha ou até mesmo como perda de tempo.🤔

Mas, se observarmos a vida de nosso Mestre Jesus, veremos um padrão constante e intencional: nos momentos mais cruciais de seu ministério, Ele não avançava, mas se retirava. Ele, que era a própria fonte do poder, sentia a necessidade vital de se afastar da multidão, dos discípulos e até mesmo do ministério ativo para se conectar com o Pai.

Este não era um sinal de fraqueza, mas a demonstração da mais profunda fonte de sua força. Vamos mergulhar nesse hábito transformador de Cristo e aprender com Ele a arte sagrada de "se afastar para avançar com poder".🙏

2.🕰️ Contexto Histórico e Cultural

Para entender a radicalidade desse gesto, precisamos lembrar que Jesus vivia em uma cultura coletivista, onde o indivíduo era sempre parte da comunidade. A solidão não era um valor; era, muitas vezes, vista com desconfiança.

A Agenda de Jesus: Seu ministério público era intensamente demandante. Multidões o seguiam não apenas por ensino, mas por cura, libertação e esperança política (João 6:15). A pressão sobre Ele era física, emocional e espiritual.
Os Lugares de Retiro: Jesus não se retirava para lugares confortáveis. Ele buscava os desertos" e "os montes" – lugares inóspitos, associados no Antigo Testamento ao encontro com Deus (como Moisés no Sinai e Elias em Horebe) e à provação. Era uma fuga para Deus, longe das distrações.

A prática de Jesus era, portanto, contracultural. Ela subvertia a expectativa de um Messias sempre disponível e mostrava que a verdadeira autoridade espiritual nasce na privacidade da comunhão com o Pai.

3.🔍 Análise Expositiva dos Textos: Os "Porquês" da Retirada

Ao analisarmos as passagens, vemos que Jesus se retirava com propósitos específicos. Sua solidão era estratégica e cheia de significado.

| Referência | Cenário | Propósito da Retirada | Lição para Nós |

| Mc 1:35; Lc 4:42 | Início do ministério, grande sucesso. | Para Orar e Reabastecer (Lc 5:16). Antes de agir, Ele se conectava com a Fonte. | O sucesso não é desculpa para negligenciar a fonte do poder. A devoção precede a atividade. |

| Lc 6:12 | Antes de escolher os 12 apóstolos. | Para uma Decisão Estratégica. Passou a noite toda em oração.| As decisões mais importantes devem ser tomadas no lugar secreto, na orientação do Pai. |

| Mt 14:23; Mc 6:46 | Após a multiplicação dos pães e a euforia da multidão. | Para Processar Emoções e Resistir à Tentação (Jo 6:15). Fugiu do messianismo político. | Precisamos de espaço para processar vitórias e resistir à tentação do caminho mais fácil. |

| Lc 9:18 | No auge da popularidade. | Para Focar no Discipulado. Afastou-se para investir naqueles que levariam a mensagem adiante. | A multidão é volúvel; o discipulado é eterno. É preciso sair da plateia para edificar a equipe. |

| Mt 26:36 | No ápice da crise ( Getsêmani ). | Para Buscar Força e Submissão. Enfrentou o momento mais difícil em oração solitária. | Nosso "Getsêmani" não deve ser enfrentado sozinhos, mas na presença do Pai. 
A submissão nasce no lugar secreto. |

Fio Condutor: A retirada de Jesus nunca era fuga dos seus problemas, mas fuga para a solução: a presença do Pai Era um movimento ativo de obediência e dependência.

4.🖼️Ilustrações para a Mensagem

📱 O Celular e o Carregador: Assim como um celular, por mais moderno que seja, precisa ser retirado de uso para recarregar, nós também. O ministério, o trabalho e as demandas da vida esgotam nossa bateria espiritual. Jesus nos ensina a nos "conectarmos ao carregador" divino.
⛰️ O Ar Que Os Alpinistas Respira: Em altas altitudes, os alpinistas usam tanques de oxigênio. O ar no topo da montanha é rarefeito. Da mesma forma, no "topo" do ministério (sucesso, pressão, decisões), o "ar" espiritual pode ficar rarefeito. A retirada para orar é como colocar a máscara de oxigênio da presença de Deus.
🎻 O Afinador de Piano: Antes de um concerto, um expert retira o piano do palco para um ambiente silencioso e controlado para afinar cada corda. O barulho do público atrapalharia esse trabalho delicado. Deus, muitas vezes, nos "retira do palco" para nos afinar, ajustar nosso coração e nos preparar para a próxima "apresentação" da vida.

5. ✅Conclusão e Aplicação Prática

A vida de Jesus nos mostra que a retirada estratégica não é opcional; é essencial para uma vida espiritual sustentável e poderosa. Não é um luxo, é uma disciplina. Não é para os fracos, mas para os que desejam ser fortes no Senhor.

Chamado à Ação:
1.Agende sua Retirada: Assim como você agenda reuniões, agende momentos de "afastamento". Pode ser 15 minutos por dia, uma hora por semana, um retiro por ano.
2.Encontre seu "Monte": Identifique um lugar físico (um canto da casa, um parque, uma praia deserta) onde você possa se desconectar para se reconectar.
3.Tenha um Propósito: Não seja apenas um fugitivo. Seja um buscador. Vá para orar, para ouvir, para decidir, para chorar, para se reabastecer.

A promessa é que, quando nos retiramos para o lugar secreto, encontramos Aquele que é a nossa força. E, então, saímos revestidos de uma autoridade e uma paz que o mundo não pode dar nem tirar.

📜Termos de Uso e Direitos Autorais

✝️ Ministério: Pr. João Nunes Machado

Este esboço bíblico é uma oferta de amor para a edificação do Corpo de Cristo.

✅ PODE: Ser usado gratuitamente para fins de ensino, pregação e edificação em Escolas Teológicas, EBD, Células, Cultos, Palestras e reuniões eclesiásticas.
✅ DEVE: Ser citada a fonte e o autor (Pr. João Nunes Machado - perolasdesabedorianunes@gmail.com) sempre que utilizado, seja na íntegra ou em partes.
❌ NÃO PODE: Ser alterado em seu conteúdo central sem autorização prévia, vendido, revendido ou publicado em sites, livros ou redes sociais sem a devida permissão por escrito.

Que este material seja uma ferramenta nas mãos do Espírito Santo para gerar vidas mais profundas, saudáveis e poderosas em Deus.
🤝Nos laços do Calvário que nos unem,
✝️Pr. João Nunes Machado.