domingo, 18 de setembro de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1966-1976 A igreja chinesa cresce apesar da Revolução Cultural 

Cerca de mil pessoas lotavam a igreja, uma pequena multidão composta, em sua maioria, por idosos, embora houvesse alguns casais e, naturalmente, adolescentes na galeria. 

Alguns vitrais góticos, maravilhosos, tinham sido destruídos por pedras, mas ninguém parecia se importar. 

Eles cantavam hinos, acompanhados por um velho piano. 

Um ministro metodista deu as boas-vindas aos adoradores, um presbiteriano leu as Escrituras e um batista pregou.

O dia era 2 de setembro de 1979. O lugar era a Igreja Mo En, em Xangai (a antiga Igreja Metodista Moo-re). 


Em treze anos, esse foi o primeiro culto público em chinês aberto ao povo chinês.

A Revolução Cultural, que começara em 1966, foi responsável pelo fechamento das igrejas e pela perseguição dos cristãos. 

Qualquer elemento estrangeiro era rechaçado, e o cristianismo, na condição de produto das missoes estrangeiras, era odiado de modo especial. 

A igreja teve de se reunir às escondidas por mais de uma década. Quando ressurgiu, surpreendentemente, estava mais forte do que antes.

O cristianismo fez sua primeira incursão na China em 635 d.C. 

com os cristãos nestorianos, mas eles não conseguiram estabelecer raízes entre o povo. 

A obra dos missionários fran-ciscanos nos séculos xm e xiv e a dos jesuítas nos séculos xvi e xvn também não produziu resultados duradouros ou abrangentes. 

A China era uma civilização fechada, resistente às idéias estrangeiras.

O comércio forçou a China a se abrir, e os missionários protestantes do século xix vieram com os mercadores. 
Hudson Taylor fez o máximo para romper os padrões coloniais, que haviam se amai gamado às atividades missionárias, quando adotou roupas e costumes chineses, assim como quando se aventurou em áreas de maior necessidade. Porém, o século xix foi um período difícil para a China. 

A dinastia Manchu resistiu a várias rebeliões, e o restante do mundo, em especial a Grã-Bretanha, tentava introduzir aquele país sossegado nos tempos modernos, embora a China não quisesse fazer isso. 

Como resultado, os estrangeiros infligiram grandes humilhações aos chineses.

As coisas mudaram rapidamente no século XX. Sun Yat-Sen liderou uma rebelião bem-sucedida e formou a República, embora ela fosse dominada pelos senhores da guerra regionais. 

Chiang Kai-Shek uniu o país nas décadas de 1920 e 1930, mas, em 1949, foi destituído por Mao Tse-tung. Mao estabeleceu um governo comunista que era oficialmente ateu. 

As igrejas foram toleradas e controladas. 

Mao determinou que os estrangeiros não humilhariam a China novamente, de modo que os comunistas forçaram as igrejas a tomar uma posição altamente xenófoba (o Manifesto Cristão de 1950), e, em conseqüência disso, os missionários estrangeiros foram expulsos.

O Movimento Reformista das Três Autonomias (posteriormente chamado Movimento Patriótico das Três Autonomias) buscava alinhar as igrejas aos objetivos comunistas — autonomia quanto ao governo, quanto ao sustento e quanto à propagação. Mesmo assim, a igreja sofreu bastante pressão. 

A remoção dos missionários, todavia, a enfraqueceu, contudo, também forçou a igreja chinesa a arranjar-se por conta própria, tarefa que desempenhou com maestria.

As coisas pioraram em 1966. Mao, o revolucionário, já idoso, pode ter sentido que sua revolução lhe escapava por entre os dedos. 

Seu grande programa, o do Grande Salto Adiante (1958-1960) falhara, e os modernistas de seu partido se inquietavam. 

Ele lançou uma revolução cultural brutal, em que promoveu histeria coletiva, especialmente entre jovens, contra qualquer vestígio de influência estrangeira. 

Nem mesmo os líderes comunistas estavam isentos de denúncia e de prisão. Houve grandes rebeliões. 

Atividades artísticas e pesquisas acadêmicas foram severamente reduzidas. 

Naturalmente, as atividades eclesiásticas também foram restringidas. 

Todos os lugares de adoração foram fechados, e as reuniões cristãs eram proibidas. 

O próprio Mao foi, praticamente, dei-ficado. 

O pequeno livro vermelho com os dizeres de Mao era lido e memorizado, enquanto Bíblias eram queimadas.

Embora as rebeliões tenham esmorecido logo, as políticas permaneceram em ação até 1976. 

Tanto Mao quanto seu braço direito, Zhou Enlai, morreram naquele ano. 

Deng Xiao-ping, um moderado que fora deixado de lado, retornou ao poder e começou a introduzir modernizações. 

O mais surpreendente é que o “grupo dos quatro”, os líderes da Revolução Cultural, foi preso e condenado.

A China ainda se opunha ao cristianismo, mas a histeria diminuíra. 

Em 1979, foi permitido que as igrejas fossem abertas novamente. (Na verdade, duas igrejas em Pequim foram abertas em 1972, a pedido de diplomatas cristãos da África e da Indonésia, mas elas eram freqüentadas basicamente por estrangeiros.) 

Em 1979, o Movimento Patriótico das Três Autonomias também foi reaberto, e o orador foi o notável bispo K. H. Ting, que pedia a unificação de todas as igrejas protestantes. 

O governo expressou tolerância oficial às igrejas que se uniram a esse movimento, mas muitas igrejas menores temiam o controle governamental.

Contudo, à medida que as tensões diminuíam, muitos cristãos começaram a falar sobre suas provações. 

Quando as igrejas fecharam, eles tiveram de se encontrar em grupos pequenos, em casas. 

Em vez de desencorajar o crescimento, isso ajudou a fomentá-lo. 

As famílias cristãs encontraram força nesse tipo de comunhão e influenciaram quem estava ao redor delas. 

Não havia uma organização nacional, mas uma igreja que se reunia em uma casa poderia se encontrar ocasionalmente com outra igreja vizinha. 

Professores, incluindo muitas mulheres, viajavam discretamente de uma reunião para outra. Havia perseguição e prisão, mas houve também momentos em que os oficiais locais faziam vista grossa às reuniões de cristãos, pois sabiam que os cristãos trabalhavam duro e eram cidadãos honrados.

Um movimento eclesiástico nos lares igual a esse só existiu no século iv. 

As circunstâncias — opressão governamental — eram similares, assim como os resultados também foram semelhantes. Os números são surpreendentes: um condado tinha 4 mil cristãos antes de o comunismo entrar em  vigor; hoje tem 90 mil. 

Em uma cidade considerada bem importante, apenas 1% das pessoas eram cristãs em 1949, mas hoje esse número chega a 10%. 

Uma vila tinha 10 crentes em 1945 e atualmente tem 250.

O que provocou esse crescimento? Os especialistas estão estudando esse assunto. 

A simplicidade, dizem eles. 

A dificuldade fez surgir a pureza da fé, um espírito de cuidado, uma liderança leiga forte, devoção na oração e confiança no senhorio de Cristo. 


Por mais odiosas que possam ter sido as medidas da Revolução Cultural, elas resultaram em uma fé cristã destituída dos vestígios da cultura ocidental. 

Os chineses desenvolveram uma igreja verdadeiramente autóctone.

Ninguém sabe ao certo o número de cristãos na China. 

As estimativas variam grandemente. 

Todos concordam, porém, em que a multiplicação dos cristãos sob o governo comunista foi surpreendente. 

Isso pode verdadeiramente representar uma das expansões mais dramáticas da fé na história da igreja.

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1963 Martin Luther King Jr. lidera a Marcha até Washington

“Eu tenho um sonho…”

O homem que tinha esse sonho passaria toda a vida à busca dele, daria sua vida a favor dele.

Seu nome era Martin Luther King Jr., e seu sonho era este: “… que um dia meus quatro filhos possam viver em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter”. 

Essas palavras abalariam os Estados Unidos.

O jovem ministro nasceu em uma família de pastores batistas e foi educado na Morehouse College e no Seminário Teológico Crozer. 

Ele obteve seu doutorado na Universidade de Boston. 

Em 1954, tornou-se pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, na cidade de Montgomery, no Estado americano do Alabama.

Um ano depois, uma mulher negra, Rosa Parks, deu um passo que mudaria a vida de Luther King. 

Embora os negros, de acordo com as exigências, só pudessem ocupar os assentos na parte de trás dos ônibus municipais, ela se sentou na frente, pois os de trás estavam ocupados. 

Ela ocupou o primeiro assento disponível na parte da frente. Rosa foi presa por quebrar a lei de segregação.

Em apoio a essa mulher, Martin Luther King Jr. 

liderou um boicote ao sistema de ônibus de Montgomery. 

Afinal de contas, a maioria dos passageiros daquele sistema de transporte era formada de negros, que estavam sendo tratados de maneira injusta. 

Desse modo, os negros se recusariam a entrar nos ônibus enquanto durasse a discriminação. 

Eles achavam que “era mais honroso andar pelas ruas com dignidade do que andar de ônibus e serem humilhados”.

Esse boicote durou um ano, mas, por fim, os negros venceram essa luta e, com essa vitória, Martin Luther King Jr. foi lançado na luta pelos direitos civis nos EUA.

Influenciado pelo método de não-violência de Gandhi, Luther King e outras pessoas começaram a protestar. 

“Vamos igualar sua capacidade de infligir sofrimento […] façam conosco o que vocês quiserem e continuaremos a amar vocês”, respondeu Luther King aos seus opositores. 

Seguindo os passos de Jesus, ele anunciou: “Jesus proclamou na cruz, de maneira eloqüente, uma lei superior. Ele sabia que a antiga filosofia do olho por olho deixaria todo o mundo cego. 

Ele não combatia o mal com o mal. Ele combatia o mal com o bem. 

Embora crucificado pelo ódio, ele reagiu com um amor enérgico e ativo”.

Com a organização da Conferência Sulista de Liderança Cristã, liderada por Luther King, ele começou a fazer uma campanha nas cidades do sul: Jackson, Selma, Meridian e Birmingham. 

Entretanto, sua influência, à medida que liderava os ataques às injustiças sociais nas cidades do norte, estendeu-se além disso.

Um círculo bem próximo composto de ministros protestantes negros, entre os quais estava Jesse Jackson, apoiava Luther King, mas, em pouco tempo, brancos, católicos e judeus se uniriam à sua causa. 

Seu método de não-violência foi recebido com cavalos, cassetetes, cães e espancamentos. 

Embora muitos cristãos o apoiassem, alguns dos principais oponentes de Luther King também professavam o nome de Cristo. 

Na primavera de 1963, Luther King foi preso por ter liderado uma marcha de protesto na cidade de Birmingham, no Alabama. 

Os pastores de Atlanta o criticaram por ter deixado sua igreja em Montgomery. “Que direito ele tinha de se envolver onde não fora chamado?”, perguntavam eles.

Em sua Carta de uma prisão em Birmingham, Luther King declarou que “a injustiça em qualquer lugar ameaça a justiça em todo lugar”. 

Para os que não foram alcançados pelos “penetrantes dardos da segregação” e o aconselhavam a esperar, ele respondeu: “… quando você é acossado durante o dia e assombrado à noite simplesmente pelo fato de ser negro, e tem de andar constantemente pisando em ovos, sem nunca saber o que esperar, além de ser incomodado por temores interiores e ressentimentos exteriores; quando você tem sempre de lutar contra uma sensação perversa de não ser considerado gente — então você entenderá por que achamos difícil esperar”.

A Marcha até Washington, em 1963, se tornaria um dos acontecimentos mais importantes na história da luta pelos direitos civis, pois, por sua influência, acredita-se que foram aprovadas as leis do direito civil de 1964 e a lei de direito ao voto de 1965. 


Durante a marcha, Martin Luther King, Jr. expôs o seu sonho: “Eu tenho um sonho, que um dia meus quatro filhos possam viver em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter […] Com esta fé, seremos capazes de extrair da montanha do desespero a pedra da esperança. Com esta fé, seremos capazes de transformar as contendas desarmoniosas de nossa nação em uma maravilhosa sinfonia de irmandade. 

Com esta fé, seremos capazes de trabalhar juntos, de orar juntos […] sabendo que um dia seremos livres”.

Em 1964, Luther King recebeu o prêmio Nobel da Paz, um reconhecimento parcial da validade desse sonho.

Luther King, em 1968, foi para a cidade de Memphis, no Estado do Tennessee, em apoio a uma greve dos coletores de lixo. 

No dia 4 de abril, enquanto conversava com colegas no corredor externo do segundo andar do hotel, na Mulberry Street, em que estava hospedado, foi alvejado por um assassino. Embora a bala tenha lhe tirado a vida, não pôs fim àquele sonho.

Em resposta à coragem e ao testemunho determinado desse ministro, o dia de Martin Luther King foi instituído nos EUA, a terceira segunda-feira de janeiro. 

Ele é o único ministro religioso americano a ter um dia dedicado à sua honra.

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1962 Início do Concilio Vaticano II

No esforço de conter o pensamento liberal que atingira a muitos dentro de sua comunidade, a Igreja Católica definiu uma linha muito clara contra essas ideias no Concilio Vaticano n. Contudo, na metade do século XX, algumas questões importantes continuavam sem solução. 


Embora a igreja tivesse se apegado firmemente à tradição, não seria hora de fazer algumas mudanças?

O arcebispo de Veneza, Ângelo Roncalli, foi eleito papa em 1958 e assumiu o nome de João XXIII. 

Três meses depois de sua eleição, ele convocou o concilio católico ecumênico. 

O novo papa podia ver que o mundo mudara e que a resposta católica precisava atender a essas mudanças. 

O objetivo do concilio era o aggiornamento, a “atualização da igreja”.

A nova ênfase que o papa desejava criar se concentrava no cuidado pastoral. 

Em vez de se firmar na política ou no aprendizado, João xxm queria cuidar do rebanho.

Em outubro de 1962, mais de 2 mil cardeais, bispos e abades chegaram a Roma e realizaram o maior concilio da história da igreja. 

Entre os presentes estavam 230 americanos, cerca de 200 africanos e mais de 300 asiáticos.

O papa se dirigiu ao clero na Basílica de São Pedro. 

Destacou o crescimento do materialismo e do ateísmo e comentou que, em um mundo em crise espiritual, a igreja não deve responder por meio do afastamento ou da condenação dos outros. 

Ela deve “governar com o remédio da misericórdia, em vez de lançar mão da severidade”.

Ao contrário de alguns papas anteriores, João XXIII não tentou impor normas no Concilio Vaticano II. 

Ainda assim, aconteceram várias reformas no aspecto pastoral da igreja.

Havia vários séculos que todos os católicos prestavam seu culto em latim, mas poucas pessoas compreendiam a língua das missas. 

Embora a dignidade e o mistério possam apelar ao coração de alguns, a maioria não compreendia nada do que acontecia durante a missa. 

O Vaticano fez com que as línguas nativas se tornassem o idioma a ser usado nas missas.

Embora a hierarquia não tivesse mudado, algumas atitudes com relação a ela foram alteradas no Vaticano II. 

Tanto o clero quanto os leigos passaram a ser aceitos como povo de Deus, e todos podiam compartilhar das funções ministeriais. 

Todos os cristãos — e não apenas os padres, os monges e as freiras — tinham o chamado cristão, disse o Concilio, e os leigos exerciam esse chamado por meio de suas vocações.

Embora o Vaticano I visse o papa como o sucessor dos apóstolos, o Vaticano II ampliou esse conceito para todo o corpo de bispos. 
Compartilhavam da autoridade apostólica com o papa.

O documento conciliar chamado Sobre a revelação divina enfatizou que as Escrituras — e não a Tradição — eram a base principal da verdade divina. 

Embora ele não tivesse se livrado plenamente do apego às tradições dos anos anteriores, o Concilio deu mais importância à Bíblia e encorajou todos os católicos — leigos ou estudiosos — a estudar as Escrituras.

No decreto Sobre o ecumenismo, mudanças dramáticas aconteceram no que se referia às atitudes em relação aos neocatólicos. 

Os que pertenciam a outras denominações também foram chamados de cristãos, eles eram os “irmãos separados”. 

Assim, essa atitude pôs fim à idéia de que cristão era sinônimo de católico. Os outros crentes não precisavam mais “retornar” para Roma.

Em sua última sessão, em 1965, o Concilio Vaticano II abordou as questões relacionadas à política. 

Embora tivesse uma longa tradição nesse campo, a igreja renunciava agora ao poder sobre o reino político.

As reações ao Concilio Vaticano II foram diversas. 

Alguns membros da hierarquia tiveram objeções quanto às mudanças, e houve debates acalorados sobre esses aspectos. 

Alguns católicos conservadores se opuseram ao novo rumo da igreja, mas muito mais católicos — e um grande número de neocatólicos — passou a ter grandes esperanças com relação à igreja. 

O Vaticano II abriu algumas portas entre as denominações e encorajou, de maneira sem precedentes, o estudo bíblico sério.

O sistema hierárquico católico não mudou. 

Entretanto, esse caminho não foi trilhado devido ao excessivo individualismo da Igreja Católica, mas o Concilio Vaticano II realmente provocou maior abertura e maior consideração pelos leigos, o que influenciou poderosamente o maior corpo eclesiástico do mundo.

sábado, 17 de setembro de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1960 Início da renovação carismática moderna

O vigário de uma igreja próxima pediu ajuda a Dennis Bennett, prior da Igreja Episcopal de São Marcos, em Van Nuys, Califórnia. 


O vigário tinha alguns amigos que haviam “recebido o batismo no Espírito Santo” e falavam em línguas.

Embora Bennett não conhecesse muito sobre o assunto, concordou em atender o casal. 

E foi assim que ele também experimentou o batismo.

O batismo se espalhou por toda a área, e a igreja daquele casal deu início a um grupo de oração. Suas reuniões eram entusiasmadas, mas ordeiras e, com bastante freqüência, passavam da uma da manhã. 

Em 3 de abril de 1960, cerca de setenta membros da igreja de Bennett já haviam sido “batizados com o Espírito Santo”.

Embora a atividade carismática não fosse permitida nos cultos formais promovidos por Bennett, notícias sobre aquele fato circulavam e muitas pessoas tinham perguntas. 

Por fim, isso levou a uma divisão. Bennett deixou a igreja e o número de membros que permaneceriam nela era incerto.

Ao contrário de muitos que se separam da igreja em função de discordâncias, Bennett decidiu permanecer no sacerdócio episcopal. 

Ele se mudou para Seattle, e a igreja problemática que pastoreou ali recebeu uma nova vida. O movimento carismático se espalhou, e Bennett se tornou uma figura nacional.

O centro do movimento permanecia em Van Nuys. Jean Stone, membro da Igreja de São Marcos, fundou a Blessed Trinity Society [Sociedade da Bendita Trindade] em 1961, visando prover comunhão e informação para o movimento carismático que nascia. 

Em 1962, a sociedade lançou os seminários intitulados “Avanço Cristão”. 

Essas palestras tinham por objetivo atingir as denominações tradicionais, fazendo com que elas tivessem contato com o ministério e os dons do Espírito Santo. 

Embora os carismáticos fossem às vezes ultrajados e mal compreendidos, geralmente encontravam espaço entre as minorias das igrejas não-carismáticas, nas quais eles às vezes assumiam um lugar de destaque.

Rapidamente, o movimento se espalhou por toda a área de Los Angeles e, à medida que a imprensa nacional se concentrava nele, o movimento se espalhava pelos EUA. 

Mais tarde, em 1966, o grupo de estudiosos católicos da Universidade de Duquesne, em Pittsburgh, começou a estudar a experiências carismáticas. 

No início do ano seguinte, vários deles tiveram a experiência carismática. 

Depois de um retiro de final de semana, havia cerca de trinta novos adeptos, tanto entre alunos quanto entre professores, e uma comunidade carismática veio a se formar naquele local.

Na maioria dos casos, o movimento carismático começou nas classes alta e média. 

Ele se iniciou em igrejas californianas bastante influentes e influenciou a alta classe de igrejas tradicionais como a episcopal e a presbiteriana. 

Na Igreja Católica, teve início não entre as paróquias, mas nas universidades. Contudo, a partir desse início, ele se espalhou para todos os níveis da sociedade.

Por mais estranho que possa parecer, os carismáticos tinham poucas relações aparentes com as igrejas pentecostais instituídas. 

Seu movimento não foi estabelecido como um ramo da igreja pentecostal e encontrava lugar dentro de denominações tradicionalmente não-pentecostais. 

Entretanto, havia uma conexão. 

O casal original a quem Bennett aconselhou recebera o batismo por causa da influência de amigos pentecostais. Esse padrão prosseguiu em todos os lugares.

Por que o movimento carismático alcançou popularidade tão rapidamente? Os estudiosos apontam várias razões.

Seguindo o mesmo caminho de uma campanha de Oral Roberts em 1951, o fabricante de laticínios Demos Shakarian fundou a Comunidade Internacional do Evangelho Pleno para Homens de Negócio, entidade que reuniu leigos da ala pentecostal para a comunhão. 

A organização, de imediato, ajudou o pentecostalismo a conseguir algum respeito no mundo neopentecostal.

O declínio do “movimento da cura” no final da década de 1950 permitiu que os pentecostais voltassem seu foco para o evangelismo, e, em 1968, o famoso pregador pentecostal Oral Roberts se tornou metodista. 

Contudo, o antigo pregador pentecostal David du Plessis, provavelmente, influenciou a introdução dos carismáticos nas denominações principais mais do que esses que acabamos de mencionar. 

Durante muitos anos, ele trabalhou como um tipo de embaixador não-oficial do movimento pentecostal, falava a estudiosos e líderes não-pentecostais — incluindo alguns membros do Conselho Mundial de Igrejas — sobre suas crenças. 

Dois aspectos — o espírito acolhedor de David du Plessis aliado à sua dignidade pessoal — contribuíram muito para que ele fosse ouvido.

O caminho estava preparado para o movimento carismático, e os membros das denominações principais que haviam perdido o medo dos carismáticos responderam prontamente aos seus ensinamentos.

Os carismáticos se tornaram uma das expressões mais dinâmicas do cristianismo no século xx, atingindo efetivamente os que não eram tocados pelas igrejas tradicionais. 

Eles possuem expressões entusiasmadas de adoração, combinadas ao otimismo de que estão no lugar que o Espírito de Deus os colocou. 

Tanto a abertura a novos métodos de evangelismo quanto a presença dessas outras características fizeram deles um fenômeno mundial e, nos países do Terceiro Mundo, alcançaram sucesso fenomenal.