quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1857 David Livingstone publica Viagens missionárias 

Durante toda a sua vida, David Livingstone tentou conciliar a pesquisa científica com o cristianismo. 


Desde adolescente, ele se recusava a ler os livros cristãos que seu pai lhe dava, preferia obras sobre ciência e viagens. 
O livro que finalmente promoveu sua conversão era um que tentava colocar a fé e a ciência juntas.

No ano seguinte, Livingstone leu um panfleto que chamava médicos-missionários para ir para a China. 

Ele sabia o que precisava fazer. Matriculou-se em uma escola de medicina em Glasgow e também se inscreveu na Sociedade Missionária de Londres (SML). 

Por não ter credenciais teológicas, a SML não o aceitou plenamente logo de início. 

Quando finalmente o receberam, a Guerra do Ópio estourara na China, e era desaconselhável enviar missionários para lá.

Embora, naquele tempo, tudo isso pudesse ter sido terrivelmente perturbador, essa mudança nos acontecimentos foi decisiva para Livingstone, para suas explorações futuras e para o continente da África. 

Pouco depois, Livingstone se encontrou com Robert Moffat, pioneiro no trabalho missionário no sul da África.

Livingstone voltou seus olhos para aquele continente e se uniu à equipe de Moffat em 1841. 

A sede da missão ficava a mais de 950 quilômetros da costa, mas Livingstone estava ansioso para chegar lá. 

Havia muito mais coisas para se alcançar no continente. 

Não poderia ficar feliz sendo apenas um médico-missionário em um posto avançado. 

Ele precisava fazer explorações. 

Livingstone se uniu a outro missionário e estabeleceu uma nova missão, que, mais tarde, estendeu sua incursão ainda mais longe no continente.

Seu ministério foi excepcionalmente difícil. 

Livingstone trabalhou por dez anos entre o povo tswana e viu apenas um convertido. 

Naquela época, ele foi atacado por um leão e ficou seriamente ferido. 

Mary, a filha de Moffat, cuidou de Livingstone até que se restabelecesse. Eles se casaram em 1845. 

De maneira geral, aquele não foi um casamento feliz. 

Mary considerava o gosto de Livingstone pelas viagens era algo muito instável.

Livingstone tinha problemas com a política missionária “conservadora” da SML. 

O padrão era abordar uma área de cada vez, obter conversões, construir uma igreja ali em que o missionário ficava encarregado e sair de lá somente quando a igreja estivesse bem estabelecida. 

Era um processo bastante lento. Livingstone viu que as condições para o evange-lismo na África eram ruins. 

A falta de conhecimento sobre a cultura africana, combinada às tristes experiências dos africanos com os mercadores de escravos, criavam grande resistência para a entrada do cristianismo. 

Por que não se infiltrar no interior do continente de maneira positiva, ajudar os africanos a desenvolver seu comércio e aprender sobre seus modos? 

Isso talvez não fosse suficiente para construir igrejas em curto prazo, mas criaria condições mais favoráveis para o evangelismo na próxima geração.

No final de 1852, depois de embarcar sua família em segurança para a Inglaterra, Livingstone promoveu uma expedição para atravessar o continente. 

Ele já tinha descoberto o rio Zambeze. Aquele rio tinha de nascer em algum lugar. 

Talvez fosse possível encontrar uma rota fluvial que cruzasse o continente do oceano Índico até o Atlântico. 

Isso poderia abrir oportunidades de comércio para o povo local e, durante o processo, terminaria por ser um grande golpe para o tráfico de escravos.

A viagem rumo ao oeste foi difícil, repleta de doenças, e a expedição enfrentou a seca e os ataques tanto de animais quanto de tribos hostis. 

Ele finalmente alcançou o Atlântico em 1854 e, de lá, poderia ter viajado de volta à Inglaterra. 

Contudo, havia mais explorações a fazer. Seria possível navegar por todo o rio Zambeze até o oceano Indico? 

Ele se aventurou mais uma vez, desta vez indo para o leste, e alcançou a costa em 1856.

Dali, ele viajou para a Inglaterra, recebendo as honrarias de herói. 

A exploração de territórios não mapeados era uma coisa altamente valorizada naqueles dias. 

Um explorador como Livingstone seria tão aclamado pelas pessoas naquela época do mesmo modo que acontecerá com o primeiro astronauta a pisar em Marte. 

Livingstone não apenas estabelecia uma nova geografia, mas fazia isso por diversas e nobres razões: o trabalho missionário, o comércio e a erradicação da escravidão. 

O relato de suas jornadas foi transcrito no livro Viagens missionárias, escrito em 1857 e que, na época, se tornou um best-seller.

Livingstone voltou à África no ano seguinte, sem estar vinculado à SML. 

Embora ele afirmasse que ainda era missionário, foi para lá como agente do governo britânico. 

Porém, essa expedição foi desastrosa. 

Descobriu-se que as corredeiras do rio Zambeze não poderiam ser atravessadas de navio. 

Não foi possível encontrar rotas alternativas. 

As esperanças de encontrar uma passagem pelo interior da África malograram. 

Enquanto isso, Mary Livingstone tornou-se um empecilho. 

A fama de David e a insegurança de Mary levaram-na a beber. 
Depois de David ter partido para a África, ela não foi bem tratada. 

Ela se lançou em uma viagem desesperada para ir ter com ele, mas, pouco depois de se encontrar com seu marido, morreu.

Após cancelar a expedição, Livingstone retornou para a Inglaterra em 1864. 

Dessa vez, foi um fiasco, a notícia de ontem recebera apenas a honra educada que se presta a uma relíquia. 

Ele resolveu partir mais uma vez, por conta própria, para seu amado continente. Procurava a nascente do rio Nilo. 

No processo de busca, descobriu vários lagos interiores.

Os anos se passaram sem que se tivesse qualquer notícia dele. Algumas, mas poucas, expedições foram até lá para tentar encontrá-lo. 

A mais famosa dessas expedições levou o repórter Henry M. Stanley, do jornal New York Herald, até lá em 1871. 
Conseguiram finalmente encontrar Livingstone em Ujiji, no lago Tanganica, quando o repórter fez uma declaração breve, que ficou famosa: “Dr. 

Livingstone, eu presumo”. 

O repórter não foi capaz de convencê-lo a voltar para casa. (Stanley se tornou missionário na África mais tarde.)

Livingstone morreu em 1873. 


Foi encontrado de joelhos em uma caba-na primitiva. Seu coração foi enterrado em sua terra de adoção, e seu corpo voltou para a Inglaterra. 

Ali, o grande missionário foi honrado ao ser sepultado na abadia de Westminster.

David Livingstone foi uma pessoa de pensamento independente, assim como os personagens mais importantes da história cristã. 

Desafiou as idéias predominantes das missões de sua época, sempre lançando desafios ainda maiores. 

Ele tinha uma visão que combinava o bem-estar espiritual e econômico do povo da África, o que significava caminhar na contramão da mentalidade colonialista de seus contemporâneos. 
O fato é que a obra de Livingstone realmente criou condições para o crescimento do cristianismo. Um século depois de sua morte, a igreja africana expandia-se com muita rapidez.

domingo, 21 de agosto de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1855 Conversão de Dwight L Moody 

O jovem de dezessete anos tentava fazer a vida na grande cidade de Boston. Depois de caminhar pelas calçadas por várias semanas, conseguiu trabalho como vendedor de sapatos na loja de seu tio. 


Morava no andar de cima da loja. “Tenho um quarto no terceiro andar”, escreveu, “… posso trabalhar com minha máquina de costura, e existem três edifícios antigos cheios de meninas, as mais bonitas da cidade —, que xingam como papagaios [sic]”.

Uma das nove crianças criadas por uma jovem viúva na área rural de Northfield, Massachusetts, Dwight Lyman Moody não recebeu muita instrução, mas tinha sonhos e determinação. 

Contudo, a cidade de Boston não foi gentil para com ele. “Se o homem quiser sentir que está sozinho no mundo”, escreveu Moody certa vez, “ele não precisa ir ao deserto, onde terá a companhia de si mesmo; deixe que vá para alguma dessas grandes cidades e que caminhe pelas ruas onde poderá encontrar milhares de pessoas, mas não achará ninguém que o conheça ou possa reconhecê-lo”.

“Lembro-me de quando saí por aquela cidade à busca de algum trabalho, mas não consegui encontrar nenhum. Parecia que havia um lugar para todas as outras pessoas no mundo […] exceto para mim. Por quase dois dias tive a horrível sensação de que ninguém me queria.”

Moody ouviu os abolicionistas discursarem em um lugar próximo do Faneuil Hall. 

Passou a freqüentar a Associação Cristã de Moços (ACM), organização que, havia pouco tempo, fora importada da Inglaterra, além de começar a freqüentar a Igreja Congregational de Mt. 

Vernon para ouvir os sermões do famoso Edward Norris Kirk. 

Moody achou a pregação bastante poderosa e tocante — tão tocante que, por diversas vezes, caiu no sono. 

“Um jovem aluno de Harvard […] deu-me um cutucão com o cotovelo, e, a seguir, esfreguei meus olhos com a ponta de meus dedos e acordei. 

Olhei para o ministro e — vejam só — achei que ele pregava diretamente para mim. 
Então, falei para mim mesmo: ‘Quem será que contou alguma coisa sobre mim ao dr. Kirk?’ […] No final do culto 
[…] peguei meu casaco e saí dali o mais rápido que pude.”

Seu professor da escola dominical, Edward Kimball, tomava conta do jovem Moody, insistindo em que voltasse a prestar atenção quando se desviava. 

Ele também desafiava Moody a ler a Bíblia com regularidade. 

Ele até tentou, mas não conseguia entendê-la. 

“Conheci poucas pessoas com mente tão obscura em termos espirituais como a daquele jovem que começara a freqüentar minha classe”, escreveu Kimball mais tarde.

Em 21 de abril de 1855, Kimball achou que era hora de pedir que Moody assumisse um compromisso com Cristo. 

Ele foi até a loja de sapatos e parou meditativo bem em frente a ela. 

Pôs-se a caminhar de lá para cá e, sem mais nem menos, como se tivesse mudado de idéia, entrou de repente na loja. 

Encontrou Moody empacotando sapatos e colocando-os nas prateleiras. 

O jovem já estava pronto para ouvir. Naquele dia, D. L. Moody tornou-se cristão.

Demorou um pouco para que Moody compreendesse as implicações de sua fé. 

Na realidade, foi-lhe negada a filiação à igreja porque não passou no exame de admissão: ele não conseguiu explicar o que Cristo fizera por ele. 

Entretanto, seu coração estava transformado. Ele não tinha vergonha de ser cristão e continuava aprendendo sobre sua fé.

Não demorou muito para ele se cansar de Boston, levando seus sonhos rumo a oeste, para a cidade de Chicago. 

Seu jeito impetuoso era bem mais aceito ali, e ele se deu bem na venda de sapatos. Também se envolveu em trabalhos evangelísticos. 

Certa vez, caminhou até uma missão na rua North Wells e perguntou se poderia ensinar em uma classe de escola dominical. 

Disseram-lhe que a missão tinha muitos professores, mas não havia alunos suficientes. 

Se ele pudesse trazer alunos, então poderia ensiná-los. Isso não era problema para alguém como Moody, que possuía as habilidades de bom vendedor. 

Em pouco tempo, ele lecionava para uma multidão de crianças pobres.

Em 1861, Moody já trabalhava em tempo integral no ministério, tanto com a escola dominical quanto na ACM. 

Ele conseguiu apoio de comerciantes locais como John Farwell e Cyrus McCormick. Em 1864, sua missão foi transformada em igreja.

Em 1871, o ministério de Moody em Chicago era bastante confortável, seguro e próspero. 

Ele começou a pensar na possibilidade de viajar como evangelista, mas por que deixaria uma situação tão boa? 

O grande incêndio de Chicago fez com que mudasse de idéia. 

Sua igreja, sua casa e o prédio da ACM se transformaram em um monte de cinzas, e o mesmo aconteceu com o comércio de seus patrocinadores. 

Seria muito difícil levantar dinheiro em outras cidades para reconstruir o ministério em Chicago, de modo que Moody decidiu botar o pé na estrada.

Ele viajou para a Inglaterra em 1873. 

Suas reuniões evangelísticas varreram as ilhas britânicas como uma verdadeira tempestade. 

Depois de dois anos de trabalho na Grã-Bre-tanha, voltou para os EUA como uma celebridade internacional. 

Foi convidado a pregar em muitas cidades americanas.

Seguindo os passos da tradição avivalista estabelecida por Charles Finney, Moody trouxe o evangelismo para a era industrial. 

Pregava um evangelho simples, livre de divisões denominacionais. 

Isso expandiu sua influência, assim como o apoio que recebia. Moody fez alianças de peso com os comerciantes respeitáveis, que foram os líderes da nova geração, e não os pregadores. 

Ele insistia em que os homens colocassem suas riquezas em boas causas, como cuidar dos pobres em áreas urbanas. Moody trouxe técnicas de negócio para o planejamento evangelístico. 

Música, aconselhamento e acompanhamento eram partes de uma abor dagem organizada para atingir o coração das pessoas.

Em 1879, Moody voltou sua atenção para a educação, criando o Seminário de Northfield, para moças, e depois a Escola Monte Hermom, para rapazes. 

Deu início às conferências bíblicas de verão e ao Instituto Bíblico, que hoje possui seu nome. 

Inicialmente, ele temia competir com os seminários já estabelecidos, porém, cada vez mais, percebia a necessidade de treinamento prático para o ministério. 

Seu problema não estava relacionado tanto com a linha liberal dos seminários norte-americanos, mas o que o perturbava era o isolamento dessas escolas com relação às pessoas comuns. 

Seu objetivo era treinar comunicadores que pudessem levar a verdade simples de Deus às massas que precisavam dela.

Essa abordagem prática persiste no foco do império que possui seu nome. 

O Instituto Bíblico Moody, por exemplo, continua a treinar pastores, missionários e outros obreiros. 

A influência de Moody, no entanto, chegou muito além disso. 

Ele foi o precursor de evangelistas como Billy Sunday e Billy Graham, e o aspecto social de seu evangelismo ajudou a inspirar profundo compromisso com o ministério social entre os evangélicos.

sábado, 20 de agosto de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1854 Charles Haddon Spurgeon torna-se pastor em Londres 

“Isso deve ser um engano.”

Foi isso o que Charles Haddon Spurgeon pensou quando lhe pediram para pregar na capela da rua New Park, em Londres. 


Era uma igreja de grande prestígio, em um maravilhoso edifício antigo, e Spurgeon tinha apenas dezenove anos de idade.

Entretanto, não era um engano. Depois de ter falado, Spurgeon foi convidado a se tornar o pastor principal daquela igreja, e manteve-se nesse posto por quase quatro décadas.

Spurgeon dificilmente seria o tipo apropriado para uma sociedade londrina claramente dividida em classes. 
Nascido em uma família de huguenotes, em uma área rural de Essex, viveu com seus avós quando criança porque seus pais eram muito pobres para cuidar dele. 

Seu avô e seu pai eram ministros congregacionais, mas Charles freqüentou uma escola agrícola — ainda que por apenas alguns meses.

Lutando com as necessidades de sua alma, Spurgeon decidiu ir à igreja no primeiro domingo de 1850. 

Uma nevasca impediu que fosse até a igreja que ele pretendia freqüentar, mas terminou indo a uma capela mais próxima, uma metodista primitiva. 

O orador era ignorante, como disse o próprio Spurgeon mais tarde, mas lançou um desafio direto ao jovem Charles. 

Como resultado, Spurgeon tornou-se cristão aos dezesseis anos de idade.

Spurgeon logo descobriu que tinha o dom da oratória. 

Em 1852, ele se tornou pastor de uma pequena Igreja Batista em Waterbeach. 

Era uma área bastante rude, e as pessoas daquela região eram conhecidas por seu apego à bebida. 

Spurgeon desenvolveu um estilo direto. 

Seus ouvintes não deveriam esperar por explicações teológicas floreadas — ele simplesmente diria a eles o que a Bíblia tinha a dizer. 

A fama do “jovem pregador” de Waterbeach começou a se espalhar. 

Logo, a diretoria da capela da rua New Park decidiu dar-lhe uma oportunidade.

A igreja possuía um histórico magnífico, mas enfrentava dificuldades. 

O prédio muito bem ornamentado tinha espaço para cerca de mil pessoas, mas, nos últimos tempos, a igreja tinha dificuldades para reunir uma centena. 

Cerca de oitenta pessoas compareceram ao primeiro culto de Spurgeon. 

Talvez o jovem pregador pudesse fazer com que as coisas acontecessem.

Ele fez. Seu estilo direto fez com que o povo londrino acordasse. 

A audiência da igreja cresceu muito rapidamente. 

Não demorou muito para que aquele grande templo ficasse lotado. 

A igreja precisou alugar o Exeter Hall, um teatro com capacidade para 4 500 pessoas.

Um crescimento tão rápido chamou a atenção da imprensa de Londres, cujos artigos sobre o novo pastor nem sempre eram favoráveis. 

“Todos os seus discursos são carregados de mau gosto, além de serem vulgares e teatrais”, escreveu um jornal. 

Outro dizia que seu estilo “era ordinário e coloquial, repleto de extravagâncias […] Até mesmo os solenes mistérios de nossa santa religião são tratados por ele de maneira rude, áspera e impiedosa […] Esse é o pregador que 5 mil pessoas escutam.”

O número era superior: 10 mil pessoas ou mais. O Exeter Hall logo ficou muito pequeno para as multidões que queriam ouvir Spurgeon. 

A igreja alugou o Surrey Music Hall, com capacidade para 12 mil pessoas sentadas, e o lugar ficou lotado, sem contar as quase 10 mil que esperavam do lado de fora. 

Infelizmente, o culto de abertura trouxe consigo um grande desastre. 

Alguns agitadores gritaram “Fogo!”. 

No pânico que se seguiu, sete pessoas morreram e 28 ficaram gravemente feridas. 

O incidente não contribuiu em nada para que Spurgeon passasse a ser mais tolerado pela imprensa de Londres.

Havia, no entanto, um novo entusiasmo evangélico na Inglaterra de

1860, e Spurgeon estava exatamente no meio dele. 

Os historiadores chamaram esse episódio o Segundo Avivamento Evangélico. 

Outros pregadores, como Alexander Maclaren, em Manchester, e John Clifford, em Londres, também atraíam multidões. Em

1861, a capela da rua New Park concluiu a construção de um novo edifício, o Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 6 mil pessoas. 

O ministério de Spurgeon apenas começava. 

Publicou seus sermões, assim como comentários e livros devocionais, totalizando 140 livros. 

Fundou um seminário para pastores e o orfanato de Stockwell, que cuidava de 500 crianças. 


Tornou-se presidente de uma sociedade para distribuição da Bíblia. 


Ele pregava em todos os lugares sempre que lhe era dada oportunidade.

O estilo de Spurgeon pode ter sido direto e simples, mas não era relaxado com relação à teologia. 

Ele era um batista de convicção calvinista. 

De certa maneira, essa mistura de tradições ajudou as duas alas: trouxe a estrutura do Calvinismo à religião das classes mais simples e ofereceu a sinceridade da fé batista às igrejas das classes mais abastadas.

Seu dom era o da comunicação. 

Ao ler seus trabalhos, podemos encontrar um poder moderno neles. 

Lembre-se de que ele viveu em uma época na qual se prezava muito o estilo: o que você dizia, normalmente, não era nem de perto tão importante quanto a maneira como você falava. 

Spurgeon, no entanto, não tinha tempo para expressões refinadas. 

Ele empregava fortes imagens na linguagem e escolhia verbos que enfatizassem suas ideias. 

Ao fazer isso, estabeleceu um exemplo para os pregadores futuros. 

Os trabalhos escritos desse “príncipe dos pregadores” continuam nos catálogos de várias editoras nos dias atuais, pois ainda são muito admirados.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1854 Soren Kierkegaard publica ataques à cristandade 

A teologia do século XX poderia ter sido bastante diferente, não fosse por uma jovem chamada Regina Olsen. 


Ela era a futura noiva de um dinamarquês brilhante, Soren Kierkegaard. 

O noivado e a ruptura desse compromisso fizeram com que Soren iniciasse uma produção frenética de escritos filosóficos. 

As obras que ele produziu contribuíram, de modo significativo, para mudar a forma do pensamento moderno.

Kierkegaard nasceu em uma família influente, em 1813. Seu pai, um empresário bem-sucedido, aposentou-se precocemente. 

Nessa fase de sua vida, o pai gostava de convidar professores para jantar a fim de que pudessem compartilhar suas idéias. 

Soren, o filho mais novo, era o predileto da família. Seu pai o amava de modo muito especial, assim como admirava o raciocínio rápido do filho.

Aos dezessete anos, Kierkegaard foi enviado para a Universidade de Copenhague. Seu pai queria que ele estudasse para o sacerdócio, mas o jovem se recusou. 

Essa foi apenas uma das muitas discussões que teve com seu pai, que sempre financiou a educação de Soren, bem como seu estilo de vida esbanjador. 

O jovem Kierkegaard tornou-se um tipo de “estudante perpétuo”. 

Pouco antes da morte de seu pai, Soren conseguiu reconciliar-se com ele, e o jovem terminou por estudar Teologia, embora nunca tenha sido ordenado.

Nessa época, Regina Olsen chamou sua atenção. 

Ela era apenas uma adolescente, mas Soren estava decidido a se casar com ela. 

O único problema era que ela estava interessada em outra pessoa. Soren continuou sua ofensiva, encantando Regina e sua família e levando-a a romper com o outro pretendente, para, a seguir, pedir sua mão em casamento.

Agora, porém, ele não a queria mais. 

Ou talvez se considerasse indigno dela. 

Parece que ele tinha algum segredo profundo e obscuro que o impedia de se aproximar dela. 

O que deveria fazer? Se rompesse o noivado, isso seria uma desgraça para ela. 

Não seria justo. Porém, se ela rompesse, seria a melhor solução. 

Desse modo, Soren tentou fazer com que ela desmanchasse o noivado com ele. 

Ele se tornou uma pessoa amarga e desagradável. 

Ela conseguiu suportar isso por bastante tempo, mas, por fim, se cansou.

Todo esse episódio teve um grande peso no coração já pessimista de Kierkegaard. 

Ele era o vilão e a vítima de sua própria vilania. 

Começou a escrever uma série de textos filosóficos, questionando as pressuposições daqueles dias. 

Essas obras foram publicadas sob pseudônimos. 

Depois, assinando seu verdadeiro nome, ele lançava livros que respondiam àquelas questões.

Uma das primeiras dessas obras — Um ou outro — foi saudada por um jornal satírico chamado O Corsário, periódico que raramente aplaudia alguma coisa. 

Kierkegaard ficou perturbado pela api-ovação e pediu que o jornal se retratasse. 

O Corsário simplesmente zombou de seu pedido e começou a expor Kierkegaard ao ridículo.

Isso isolou ainda mais o filósofo solitário. O fiasco com Regina Olsen maculara seu nome em diversos círculos da sociedade, e, agora, O Corsário o insultava em público.

Ele, no entanto, continuou a escrever, voltando sua atenção para temas religiosos. 

De que maneira alguém pode ser um cristão verdadeiro em um mundo caído? Suas respostas eram desesperadoras. 

Ele não tinha esperança nos sistemas ou nas instituições de sua época. Somente, conforme se posicionara, os milagres de Deus poderiam nos salvar.

Ele ainda não planejava um ataque devastador sobre a igreja organizada, mas seus pensamentos caminhavam nessa direção. 

A igreja dinamarquesa daquela época era influente e próspera, assim como foi a defensora da boa teologia luterana e de seus rituais. 

Porém, Kierkegaard via pouca vida nisso tudo. 

Kierkegaard deixou de escrever em 1850, talvez por temer o ponto ao qual seus escritos o levariam.

A morte de seu amigo J. P. Mynster, bispo de Zealand, o pôs novamente em ação. 

A seu modo, Myns-ter, tentara soprar nova vida na igreja dinamarquesa, mas obtivera resultados limitados. 
Kierkegaard aproveitou a ocasião para ralhar rudemente com a igreja por sua negligência aos verdadeiros ensinamentos de Cristo, por sua devoção à forma e aos sistemas filosóficos e por sua adoração ao dinheiro e ao poder. 

Entre dezembro de 1854 e maio de 1855, ele publicou 21 artigos no jornal A Pátria, além de outros textos que foram publicados de maneira independente.

Em outubro de 1855, Kierkegaard sofreu um derrame, vindo a morrer um mês depois.

Seus textos influenciaram alguns pensadores-chave do século xix, mas sua maior influência só apareceu bastante tempo depois. 

Kierkegaard foi saudado como o pai do “existencialismo”, corrente filosófica que ganhou preeminência no século XX. 

Filósofos e teólogos desenvolveram as idéias de Kierkegaard de muitas maneiras, e algumas delas fariam com que ficasse bastante irado, mas outras, até aprovaria.

Kierkegaard é o responsável por muito da subjetividade da teologia moderna, mas sua subjetividade resultou de sua humildade. 

Ele defendia que Deus não é um objeto que podemos dissecar e analisar cientificamente, pois o Senhor é um Ser vivo e ativo que nos confronta com o objetivo de nos salvar.

Do mesmo modo, nós, os humanos, não somos simplesmente uma peça dentro de um quebra-cabeça. 

Somos seres, disse Kierkegaard, com vontades, esperanças e tristezas. 

Ele lutou contra os sistemas abstratos — quer fossem filosóficos, quer fossem religiosos — que buscassem algum tipo de verdade abstrata. 

Ele insistia em que a religião precisava nos dizer de que maneira deveríamos viver.

O pensador dinamarquês também se desesperou diante de nossa inabilidade, como seres humanos, de alcançar Deus pelo intelecto. 

Nossa razão somente nos leva até determinado ponto, disse ele, e, desse ponto em diante, precisamos dar um salto no escuro, na fé de que Deus se encontrará conosco ali. 

Esse salto exige de nós total compromisso, uma rejeição dos valores do mundo e, às vezes, até mesmo dos valores da igreja.

O desespero de Kierkegaard, caso consideremos o apogeu inebriante do Iluminismo, foi praticamente uma surpresa para as pessoas de sua época.

Contudo, ele antecipou a desumanidade da Revolução Industrial, assim como a ascensão e a queda do modernismo. Esse grande dinamarquês estava um século à frente de seu tempo.