OS ATRIBUTOS DE DEUS*
TEXTO BASÍCO I JO 4:8
INTRODUÇÃO
Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.1 João 4:8
Deus não pode ser definido por uma palavra ou por uma frase. Portanto, é necessário que tentemos, mesmo que de forma limitada, descrever as “qualidades de Deus”, ou seus “atributos”.
Essa descrição é limitada, pois Deus é incompreensível a nós. Por isso, o descrevemos com base apenas no que ele nos revelou a seu respeito. Tais descrições apontam igualmente para o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
CATEGORIAS DOS ATRIBUTOS DIVINOS
A) Atributos naturais e morais
De modo apenas didático, os atributos naturais de Deus envolvem sua essência (ex.: eternidade, imutabilidade) e os atributos morais, sua vontade (ex.: santidade, justiça).
B) Atributos incomunicáveis e comunicáveis
Os atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus, como a eternidade e a onipotência.
Apenas ele tem essas qualidades e elas não foram transmitidas (comunicadas) a nenhum ser criado.
Deus não compartilhou tais atributos com o homem.
Os atributos comunicáveis, por sua vez, foram impressos na humanidade na criação: são a inteligência, a vontade e a moralidade, entre outros.
LISTA DOS ATRIBUTOS DE DEUS
A) AMOR
O amor envolve afeição, mas também envolve atitude de entrega, cuidado e correção.
O amor busca o bem do ser amado e paga o preço pela promoção desse bem.
A Bíblia declara que “Deus é amor” (1Jo 4.8).
Em relação ao homem, esse amor se revela no fato de Deus se permitir amar os pecadores. Isso é graça (Ef 2.4-8).
O amor foi derramado no coração do cristão (Rm 5.5) e quando Deus corrige, demonstra amor pelos seus filhos (Hb 12.6,7).
Algumas características ligadas intimamente ao amor, até mesmo fazendo parte dele, são: bondade, misericórdia, longanimidade e graça.
A bondade divina pode ser definida como a preocupação benevolente com suas criaturas (At 14.17).
A misericórdia é o aspecto da bondade que faz Deus demonstrar piedade e compaixão (Ef 2.4,5).
A longanimidade fala sobre o controle diante das provocações (1Pe 3.20).
Graça é o favor imerecido de Deus demonstrado primariamente pela pessoa e obra de Jesus Cristo (2Tm 1.9).
O fato de Deus ser amor não é base para o “universalismo”, ou seja, que, no final, ele acabará salvando todas as pessoas.
O amor não anula outros atributos de Deus como santidade e justiça. Tal heresia é totalmente contraditória ao ensino bíblico (Mc 9.45-48).
B) ETERNIDADE
O atributo da eternidade significa que Deus não tem começo nem fim. Sua existência é eterna, tanto no passado como no futuro, sem interrupções ou limitações causadas por uma sucessão de eventos.
A autoexistência de Deus está intimamente ligada com sua eternidade, pois, por não ter começo, ele não foi criado por outro, existindo por si só.
A Bíblia fala da eternidade de Deus (Sl 90.2; Gn 21.33).
Uma das implicações da eternidade de Deus é que ela nos dá muito conforto, visto que ele nunca deixará de existir e que seu controle sustentador e providencial de todas as coisas e eventos está assegurado.
C) IMUTABILIDADE
Significa que Deus não muda. Não quer dizer que ele esteja imóvel ou inativo, mas que não se altera, cresce ou se desenvolve.
A Bíblia ensina sobre a imutabilidade de Deus (Ml 3.6; Tg 1.17).
Um problema levantado dentro desse assunto é: “Deus se arrepende?” (Gn 6.6).
Na verdade, tal linguagem não corresponde ao que, como homens, vivenciamos no arrependimento. Tanto a imutabilidade como a sabedoria e onisciência de Deus tornam vazias as ideias de que ele muda seus planos eternos ou que se arrepende de algo que fez.
Nesse caso, o arrependimento é mais uma linguagem antropomórfica (ver Gn 6.6 no que fala do “coração” de Deus).
Há também o problema de vermos Deus tratando fatos iguais de maneiras diferentes durante a história.
Isso também não quer dizer que Deus mude, mas que ele executa seu plano para com o homem durante a história conforme seus eternos propósitos.
A imutabilidade de Deus também nos conforta e encoraja, pois sabemos que suas promessas não falharão (Ml 3.16; 2Tm 2.13). Deus também mantém sempre a mesma atitude contra o pecado.
D) INFINITUDE
Significa que Deus não tem limites ou limitações. Não é limitado nem pelo tempo, nem pelo espaço.
As Escrituras descrevem essa qualidade divina (1Rs 8.27; At 17.24-28).
Infinitude não é o mesmo que onipresença.
A infinitude aponta mais para a transcendência de Deus (já que não está limitado pelo espaço) e a onisciência aponta para a imanência de Deus (já que está presente em todos os lugares).
E) JUSTIÇA
A justiça está ligada à lei, à moralidade e à retidão. Deus é reto em relação a si mesmo e em relação à criação.
A Bíblia muito enaltece a justiça de Deus (Sl 11.7; 19.9; Dn 9.7; At 17.31).
F) LIBERDADE
Deus independe das suas criaturas e da sua criação. Não há qualquer criatura que impeça Deus ou que o obrigue a algo.
Isaías expõe a liberdade e a independência de Deus com uma pergunta retórica (Is 40.13,14).
Jesus mostrou que Deus exerce sua liberdade ao executar livremente sua vontade (Mt 11.26).
Isso significa que Deus é livre para tudo? Na verdade, ele é limitado apenas pela sua própria natureza.
Assim, a santidade dele o impede de pecar e a eternidade dele o impede de morrer.
A perfeição de Deus não é afetada por esse tipo de limitação e sim mantida.
A liberdade de Deus nos mostra que ele não tem quaisquer obrigações para conosco a menos que ele mesmo queira se comprometer. Desse modo, não temos qualquer direito de fazer cobranças a Deus.
G) ONIPOTÊNCIA
Deus pode fazer qualquer coisa compatível com sua própria natureza. Mesmo podendo tudo, o que ele escolhe fazer ou não tem motivos que só ele conhece.
A Bíblia está repleta de textos que falam sobre a onipotência de Deus (Gn 17.1; Ex 6.3; 2Co 6.18; Ap 1.8).
A onipotência de Deus tem limites? Sim, em tem áreas:
Limitações naturais (Tt 1.2; Tg 1.13, 2Tm 2.13).
Limitações autoimpostas (Gn 9.11; At 12.2).
Limitações por definição (ex.: 2+2=6 ou um triângulo de 4 pontas).
Essas limitações não tornam Deus imperfeito. Sua perfeição tem a coerência como fator integrante.
A perfeição de Deus não permite que ele se torne imperfeito no uso da sua onipotência.
O mais importante é que Deus não pode fazer coisas erradas.
Em relação ao cristão, o poder de Deus é principalmente relevante quanto ao Evangelho (Rm 1.16), à segurança (1 Pe 1.5) e à ressurreição (1 Co 6.14).
H) ONIPRESENÇA
Significa que Deus está presente em todos os lugares.
O texto clássico sobre a onipresença de Deus é (Sl 139.7-10).
Onipresença não é o mesmo que “panteísmo”, que iguala o universo a Deus.
Há distinção entre Deus e a criação, apesar de a sua presença estar em toda parte. Ele não se torna difuso ou transposto pelo universo.
Aprendemos com a onipresença que ninguém pode fugir de Deus e que ele está presente em todas as circunstâncias da nossa vida.
I) ONISCIÊNCIA
Deus sabe todas as coisas de modo pleno sem esforço algum.
Não há coisas ou assuntos que ele não conheça melhor que outros. Ele conhece tudo igualmente bem.
Deus nunca tem dúvidas, nem busca respostas (a não ser quando, de modo didático, inquire os homens para o próprio bem deles).
As Escrituras enaltecem o conhecimento ilimitado de Deus (Sl 139.16; 147.4).
O fato de sabermos sobre a onisciência de Deus deve nos trazer segurança, conforto e sobriedade (Hb 4.13).
J) SANTIDADE
Significa que Deus é separado de tudo que é indigno ou impuro e que, ao mesmo tempo, é completamente puro e distinto de todos os outros.
A santidade foi muito enfatizada por Deus no tempo do AT (Lv 11.44; Is 40.25; Hc 1.12).
No NT, a santidade é uma qualidade marcante de Deus (Jo 17.11; 1Pe 1.15,16; Ap 4.8).
A santidade de Deus torna necessário o afastamento entre ele e os pecadores — a menos que estes sejam feitos santos por intermédio dos méritos de Cristo.
A santidade divina deve fazer o cristão ser sensível ao seu pecado (Is 6.3,5; Lc 5.8). A santidade dele o torna padrão para nossa vida e conduta (1 Jo 1.7).
L) SIMPLICIDADE
Significa que Deus não é um ser composto nem tem partes distintas.
Está relacionada à essência de Deus e não é contrária à doutrina da Trindade.
Apesar de ser triúno, Deus não é composto de muitas partes ou substâncias.
Um aspecto da simplicidade de Deus é “Deus é espírito” (Jo 4.24).
Em contraste, os seres humanos são tanto espírito como matéria.
Na encarnação, Jesus se tornou carne, mas o Deus-homem sempre foi espírito.
Isso nos garante que Deus sempre será Espírito e nos capacita a adorá-lo em espírito, isto é, não de maneiras materiais.
M) SOBERANIA
Significa, em primeiro lugar, que Deus é o ser supremo do universo e, em segundo lugar, que ele é o poder supremo do universo.
Deus exerce o poder total sobre todas as coisas, mesmo que possa escolher deixar que tudo aconteça seguindo leis naturais que ele mesmo estabeleceu.
A Bíblia revela que Deus tem um plano abrangente (Ef 1.11), que tudo está sob o controle dele (Sl 135.6), mesmo o mal, ainda que o Senhor não se envolva com ele (Pv 16.4) e que seu principal objetivo é o louvor da sua glória (Ef 1.14).
Alguns problemas levantados são:
A soberania de Deus anula a responsabilidade do homem?
Por que a soberania de Deus permite a existência do mal?
Aos nossos olhos, essas questões são contradições, mas essa visão é apenas aparente.
De modo misterioso a nós, a soberania de Deus não anula a responsabilidade do homem e vice-versa (Fl 2.12,13).
Quanto ao pecado, um dia Deus irá puni-lo. Mas, por agora, de algum modo, faz parte do plano de Deus (caso contrário, não seria soberano), sendo que o Senhor não o criou (caso contrário, não seria santo) (Rm 9.21-23).
N) UNIDADE
Significa que só existe um Deus e que ele é indivisível.
Essa qualidade foi especialmente enfatizada no AT (Dt 6.4).
O NT, mesmo trazendo uma clara revelação da Trindade, afirma a unidade de Deus (Ef 4.6; 1Co 8.6; 1 Tm 2.5).
Isso quer dizer que as pessoas da Trindade não são essências separadas.
H) VERDADE
Quer dizer que Deus é coerente consigo mesmo, que ele é tudo que deveria ser, que ele se revelou como realmente é e que sua revelação é totalmente confiável.
Deus é o único Deus verdadeiro (Jo 17.3), portanto, não pode mentir (Tt 1.2) e é sempre confiável.
Deus não pode fazer nada que contradiga sua própria natureza e não é possível que quebre sua palavra ou que não cumpra suas promessas (2 Tm 2.13).
Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado!